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A mineradora Vale (VALE3) busca atrair um parceiro que ficará com fatia de até 10% de seu negócio de metais básicos, enquanto trabalha para aprimorar a gestão desses ativos e gerar mais valor, afirmaram nesta quarta-feira executivos da companhia durante evento com investidores em Nova York.
O principal objetivo é que o parceiro agregue conhecimento e contribua para acelerar a transição da companhia, disse o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta.
A possível venda da fatia não visa principalmente levantar recursos, frisaram executivos, e sim agregar conhecimento e destravar valor.
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O movimento é feito pela companhia em momento em que projeta boas perspectivas para a demanda global por metais básicos, que contêm importantes matérias-primas para a fabricação de baterias de carros elétricos, em meio a um movimento de eletrificação que visa a descarbonização.
O objetivo com a venda da fatia “não é questão financeira, não precisamos”, frisou Pimenta.
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, adicionou que a companhia está em condições de escolher o sócio ideal. Mas, se isso não for possível, seguirá sozinha com seus projetos.
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A empresa deverá ainda modificar a gestão dos negócios de metais básicos, que deverá ser liderada por um conselho. Mais informações sobre esse tema deverão ser anunciadas no primeiro semestre de 2023.
“É fundamental consolidarmos um braço que pode se autofinanciar, sem comprometer os resultados da frente de minério de ferro. E todos nós sabemos que o múltiplo de metais básicos tem de ser muito maior do que o do braço de minério”, defendeu Pimenta.
Vale quer ser “empresa de soluções em minério e metais”
Os executivos da companhia reforçaram a ideia de que a Vale está na dianteira da competição pelo mercado de eletrificação de veículos.
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Mais cedo, a Vale atualizou suas estimativas de produção para ferro e níquel – e também para minério de ferro.
As produções de cobre e níquel em 2022 devem atingir, respectivamente, 260 mil toneladas e 180 mil toneladas. A produção de cobre deve ficar entre 390 mil e 420 mil toneladas entre 2024 e 2026, já a de níquel deve ficar entre 230 mil e 245 mil toneladas.
“Em cobre, podemos chegar até 900 mil toneladas em 2030. Em Níquel, esperamos chegar ao intervalo de 230 a 245 mil toneladas em 2026 e em 300 mil no longo prazo, a partir de 2031”, defendeu Naidoo. “A demanda cresce, até então, mais do que o suprimento. Há políticas governamentais nessa frente, pacotes de estímulos. Tudo isso se traduz em demanda por níquel e cobre. Em todas as áreas geográficas que operamos, ocupamos boas posições quando o assunto é resultado. Estamos em posição singular para assumir a liderança no suprimento da demanda”.
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A companhia, no entanto, afirmou que enfrenta algumas dificuldades – o que a procura por um parceiro visa diminuir.
Quando o assunto é minério de ferro, a Vale reduziu suas expectativas para o futuro quando o assunto é quantidade.
A produção da commodity deve ficar, agora, em aproximadamente 310 milhões de toneladas em 2022 e entre o intervalo de 310 milhões a 320 milhões em 2023. Para o período entre 2024 e 2026, a Vale espera uma produção de 340 milhões a 360 milhões de toneladas, menor do que a meta de 400 milhões imposta anteriormente.
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“Para que ir atrás de 400 milhões de toneladas se estamos ganhando mais dinheiro com menos?”, indagou o CEO da companhia. “É claro que queremos produzir mais minério de ferro, mas decidimos mudar a estratégia. Vamos deixar de prometer o que não podemos fazer. Brumadinho foi muito maior do que esperávamos e há também a questão do Norte do Brasil”, citou, em referência aos atrasos de alguns projetos.
Para além disso, os executivos pontuaram que a Vale busca, agora, ser referência quando o assunto é minério limpo e de qualidade.
“Estamos enfrentando uma transformação única no mercado siderúrgico. Temos a única solução na frente de minério de ferro no mercado, que pode atender essas necessidades”, debateu Marcello Spinelli, vice-presidente Executivo de Ferrosos. “Ninguém está atendendo a demanda por minério de mais alta qualidade, mais limpo. Nossos clientes precisam descarbonizar, mas há dificuldade em realizar essa meta. Com isso, estamos aumentando nossos prêmios ano a ano. Estamos nos tornando uma empresa de soluções em minério e somos bons nisso”.
Na frente de custos com o minério de ferro, a Vale defendeu que vê um provável recuo no próximo ano, de US$ 49 para US$ 73 a tonelada, com destaque para a crença de que os preços dos combustíveis, que interferem diretamente nos gastos com frete, recuarão. Na outra ponta, os prêmios por tonelada não devem, para a diretoria, diminuírem, com toda a indústria tendo chegada a um novo “platô” nos preços cobrados.
Analistas veem mudanças em projeções como negativas
“Nossas primeiras impressões sobre os números-chave são um tanto negativas, com produção de minério de ferro e níquel abaixo do esperado e custos acima”, comentam os analistas do Bradesco BBI.
“Dito isso, embora haja riscos negativos em nossas estimativas do ponto de vista de volume e custo, as expectativas de preço do minério de ferro provavelmente serão elevadas, já que a Vale é o principal contribuinte de volume para o mercado nos próximos 5 anos”, dizem os analistas da instituição.
O JP Morgan foi no mesmo caminho, definindo as mudanças como “marginalmente negativas”, destacando as dificuldades da companhia em conseguir licenças nos projetos no Norte do país. No minério, para o banco americano, a perspectiva contudo é que iniciativas da Vale em reduzir custos traga algum resultado.
(Com Reuters)