Varejistas saltam até 6% com expectativa de saque do PIS; bancos caem 5% e BRF sobe 3% à espera de Parente

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (14)

Fredy Alexandrakis

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SÃO PAULO – Em mais um dia negativo para o Ibovespa, as varejistas de e-commerce Magazine Luiza (MGLU3), B2W (BTOW3) e Via Varejo (VVAR11) foram destaque positivo do índice, chegando a registrar altas de até 7%. As empresas se beneficiaram da expectativa de um pulo na demanda, após o anúncio recente do governo, autorizando que trabalhadores de todas as idades retirem recursos das contas do PIS/PASEP, a partir de segunda-feira (18). Veja aqui quem tem direito ao fundo. 

Vale também destacar que, às vésperas da estreia do Brasil na Copa do Mundo, o comércio aposta todas as fichas no bom desempenho da seleção nos jogos da primeira fase do torneio para tentar reverter totalmente a queda que houve nas vendas de TVs por causa da greve dos caminhoneiros, destacou o jornal O Estado de S. Paulo em matéria desta quinta-feira.

Os papéis da Cielo (CIEL3) também subiram, em repique depois de três pregões consecutivos com baixas. As ações da empresa fecharam com uma das maiores altas da sessão, atrás somente da Magazine Luiza. 

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No outro extremo das movimentações do índice, os bancos tiveram mais um dia de perdas, com destaque para Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4), que caíram até 5%. Confira os destaques da bolsa:

BRF (BRFS3)

O presidente do conselho de administração da BRF, Pedro Parente, vai ser indicado para assumir o comando da companhia, segundo informaram o Valor e o Estadão. Uma assembleia geral extraordinária foi marcada para esta quinta-feira ao meio-dia, para discutir este assunto, apurou o Estado com pessoas a par do assunto.

A ida de Parente para o comando da maior exportadora global de frango já tinha sido cogitada quando o executivo pediu demissão da Petrobras, há menos de duas semanas. 

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A empresa, que há dois anos registra prejuízo, está discutindo a reestruturação de seus negócios para reverter o resultado negativo. Procurada, a BRF não comentou. Vale ressaltar que, no final do pregão da véspera, quando a notícia foi divulgada pelo Valor, as ações amenizaram fortemente as perdas que chegaram a 7%, fechando o pregão em baixa de 3,30%.  

Apontando que a confirmação do nome deve reduzir a pressão sobre a BRF, os analistas do BTG ressaltam que a empresa ainda enfrenta desafios importantes e que uma recuperação ainda levará algum tempo, levando à manutenção de uma visão de maior cautela.

Paranapanema (PMAM3

A ação da Paranapanema chegou a subir mais de 10% no início da sessão, seguindo os fortes ganhos de 27,66% da véspera, mas amenizou os ganhos ao longo do pregão. Ontem, o megainvestidor Luiz Barsi divulgou uma análise, na qual afirma que a companhia “se apresenta como extremamente atrativa” para se investir, na cotação atual. Confira aqui os pontos da análise.

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Quem é Luiz Barsi: confira a trajetória do megainvestidor clicando aqui. 

Já na noite da véspera, a companhia informou aos seus investidores e ao mercado em geral que celebrou, com o Banco Santander, termo de acordo vinculante com o objetivo de encerrar definitivamente as disputas judiciais e arbitrais existentes entre as partes, com um risco possível no valor de R$731 milhões.

“A conclusão do objeto previsto no acordo vinculante está sujeita à satisfação de determinadas Condições Suspensivas usuais para este tipo de acordo, e prevê uma confissão de dívida de R$150 milhões, a ser paga em parcelas anuais em 10 anos. Uma vez satisfeitas as condições suspensivas, as partes deverão concluir o objeto previsto no acordo vinculante, ou seja, o encerramento definitivo das disputas, independentemente de quaisquer decisões que venham a ser porventura proferidas durante esse período, sobre as quais os termos do acordo vinculante deverão prevalecer”, afirmou a empresa.

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Até ontem, os papéis PMAM3 tinham um valor muito baixo, e corriam risco de serem bloqueados pela B3, já que estavam há 11 pregões negociando abaixo de R$ 1,00 (pelas regras da bolsa, nenhuma ação pode ficar 30 pregões seguidos valendo centavos). Depois da sessão de ontem, as ações saíram da condição de “penny stocks”.

Petrobras (PETR3;PETR4)

Uma bateria de notícias agitou o radar de Petrobras, em uma sessão de leves ganhos para o petróleo. O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira, por 281 votos a 109, o regime de urgência para Projeto de Lei que permite à Petrobras vender até 70% dos campos do pré-sal concedidos a ela por meio do regime de cessão onerosa. Com o regime de cessão onerosa, a Petrobras pagou diretamente à União, sem licitação, o direito de extrair petróleo desses blocos. 

“A notícia é muito positiva para a Petrobras. Em primeiro lugar, seria resolvido o impasse para viabilizar a indenização do governo em barris (hoje apenas é possível pagar a empresa em dinheiro). Em segundo lugar, dada a elevada atratividade das áreas do pré-sal para grandes petroleiras internacionais (evidenciada nos últimos leilões), o projeto proporciona uma nova oportunidade para a empresa cumprir de forma muito mais rápida a sua meta de desinvestimentos de até US$21 bilhões até 2018 e reduzir seu endividamento, haja visto que na lei atual a empresa não pode vender sua participação na Cessão Onerosa”, destaca a equipe de análise da XP Investimentos. 

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Por outro lado, ganham destaques algumas falas que geraram temor sobre maior intervenção na companhia.  Décio Oddone, diretor-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), disse que a política da Petrobras visa os interesses da companhia, não necessariamente os interesses da sociedade brasileira. Ele afirmou que a solução para minimizar novos choques nos preços dos combustíveis no país passa por maior competição no refino, operação hoje concentrado na Petrobras, ou por mudanças no sistema tributário. Porém, que enquanto isso não ocorre, a ANP tem a atribuição de atuar para proteger o consumidor do que chama de “mercado imperfeito”, apontou. 

A Petrobras é estatal, tem o monopólio de refino de fato e atua com mandato de maximizar o valor do acionista, diz Oddone na entrevista, argumentando que a companhia com mandato de maximizar lucros aos acionistas não pode ser um monopólio. Oddone diz à Folha que gostaria de sair da consulta pública, aberta na semana passada pela ANP, com uma solução que fosse a menos intervencionista possível.

A decisão da ANP de abrir a consulta pública é amparada pela Lei do Petróleo, segundo a qual a agência tem responsabilidades de proteger o consumidor em relação ao abastecimento e preço. Em um momento em que há uma discussão dessa magnitude ocorrendo, entendemos que é necessária a ação regulatória, diz Oddone, que afirma ainda que não há intenção de interferir na liberdade para formação de preços e que a ANP está abrindo diálogo para a periodicidade do repasse dos combustíveis.

Além dessas notícias, segundo informa o jornal Valor Econômico, a estatal tem mantido conversas com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) antes de fazer uma nova tentativa de venda da Liquigás.  A companhia foi vendida no ano passado para a Ultragaz, mas a operação foi vetada pelo Cade em fevereiro. A ideia é que a nova modelagem de venda já contemple os remédios concorrenciais necessários para que uma nova transação não seja reprovada pelo órgão antitruste. 

Por fim, a Petrobras mantém preço da gasolina nas refinarias inalterado em R$1,9351 o litro. Os preços antes de impostos são válidos a partir de 15 de junho.

Vale (VALE3)

As ações da Vale chegaram a cair mais de 1% com o impacto dos números abaixo do esperado de dados econômicos da China, levando a uma queda nos preços dos contratos futuros de commodities em Londres, mas ainda fecharam o dia com leves ganhos.

A indústria da China produziu em maio 6,8% mais do que em igual mês do ano passado, mas analistas previam um avanço de 7%. Já no varejo, as vendas subiram 8,5% na mesma comparação, ante expectativa de acréscimo de 9,6%.  

Eletrobras (ELET3;ELET6)

Mudanças marginais na resolução do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência foram publicadas no Diário Oficial e ressaltadas pela Eletrobras em fato relevante.

O novo texto reduz montante de conversão de dívida da Ceron de R$ 1,87 bilhão para R$ 1,83 bilhão, e aumenta montante de aumento de capital mínimo a ser realizado pelo novo controlador na empresa de R$ 241,1 milhões para R$ 253,8 milhões. A nova resolução também altera artigo sobre desverticalização da Amazonas Distribuidora, suprimindo o prazo de 2 de março e acrescentando que processo será realizado conforme condições estabelecidas pela Aneel.

Já o jornal O Globo informa que o governo deve publicar na próxima sexta-feira o edital para a venda de seis distribuidoras de energia elétrica da Eletrobras que operam no norte e nordeste. A previsão é que leilão seja em 27 de julho.

“Se confirmado, além de positivo para a Eletrobras, a leitura também seria positiva para Equatorial (EQTL3) e Energisa (ENGI11)”, destaca o BTG Pactual. Além da data definida, é importante entender os números para que o leilão seja atrativo (o que poderia atrair outros players como Enel e Iberdrola / Neoenergia), apontam os analistas. 

Kroton (KROT3)

A Kroton entrou com pedido na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para abertura de capital da Saber na categoria ‘B’. “O processo de abertura de capital da Saber se insere em um contexto de estruturação e sofisticação de governança corporativa para futura captação de dívida no mercado de capitais, os quais serão utilizados para financiar e concluir a mencionada aquisição do controle acionário da Somos, dentre outras”, disse a empresa de educação em comunicado. 

(Com Bloomberg e Agência Estado)