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Veja 10 estratégias a serem observadas para quem quer investir em renda fixa

Rumos da Selic e inflação estão entre as estratégias que devem ser adotadas para o mercado de renda fixa

Edilaine Felix

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SÃO PAULO – A alta taxa de juro praticada no Brasil é uma das vantagens para o mercado de renda fixa que tem títulos que pagam, em períodos definidos, uma remuneração ao investidor – que escolhe quanto vai investir e o prazo, podendo ser determinada no momento da aplicação ou do resgate. A base para a remuneração do investidor são os indicadores inflacionários, e todos podem direcionar pelo menos parte de suas economias às aplicações em renda fixa, adotando estratégias de acordo com seu perfil.

O InfoMoney ouviu especialistas para traçar algumas estratégias para se investir em renda fixa e entre as alternativas, é possível investir comprando debêntures, CDBs, LTNs (Letras do Tesouro Nacional), NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – série B) ou mesmo aplicar neste mercado indiretamente por meio dos vários tipos de fundos de investimento em renda fixa.

Segundo os profissionais, as aplicações em renda fixa podem ser organizadas de acordo com seus emissores: Governo (LTNs, NTNs, etc.), bancos (CDBs, RDBs, letras hipotecárias, letras cambiais) e empresas (debêntures, commercial papers). Os títulos emitidos pelo Governo, seja ele Federal ou Estadual, são também conhecidos como títulos de dívida pública, enquanto os títulos de bancos e empresas são conhecidos como títulos de dívida privada.

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Para se investir, contudo, deve se observar o cenário econômico, que influencia diretamente nas apostas feitas pelos investidores em renda fixa. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), contrariando as projeções do mercado, o Banco Central decidiu pela redução da taxa básica de juro em 50 ponto base, de 12,50% para 12% ao ano. A queda na Selic aconteceu na mesma semana em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma Rousseff já haviam sinalizado a intenção de ajustar para baixo o juro básico, dada a deterioração da economia internacional.

Todos esses acontecimentos e mais o cenário externo, que atualmente segue conturbado, são observados pelos gestores para traçar estratégias a serem adotadas para renda fixa. A seguir algumas das estratégias apontadas:

1. Fundamentos econômicos
Para o gerente de renda fixa da Um Investimentos, André Mallet, primeiramente é preciso olhar os fundamentos da economia. Segundo ele, é preciso conhecer o momento econômico do País, quais as projeções relativas para a inflação, o juro real, e também a economia externa. Aliado a isso, Mallet ressalta a necessidade de olhar os fundamentos, a inflação, a expectativa de juro para curto, médio e longo prazos em função da política monetária, e a partir deste cenário começar a traçar suas metas.

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2. Atenção aos rumos da taxa básica de juro
Observar os rumos da taxa básica de juro é parte das estratégias a serem adotada na renda fixa. De acordo com o gerente de renda fixa da Lerosa Investimentos, Fernando Vieira, com a medida adotada pelo Banco Central na última reunião do Copom, “que surpreendeu a todos, inclusive a nós que esperávamos a manutenção da taxa” é preciso buscar proteção.

Entre as alternativas, Vieira destaca a NTN-B que é um título que acompanha a Selic. “O investidor ganha com o Copom e se a política monetária reverter para uma inflação maior, ele também estará protegido”. O gestor lembra que se um eventual problema inflacionário acontecer, se a inflação subir, o juro também subirá, “com isso, o investidor estará ganhando na inflação e terá um certo equilíbrio”.

3. Analisar o perfil do cliente
Na visão de Mallet, um dos principais pilares antes de fazer qualquer estratégia é  saber se o cliente está disposto a ficar em um produto de renda fixa de médio e longo prazos ou prefere uma operação de curto prazo que ofereça a ele liquidez. É preciso saber quanto tempo o cliente está disposto a ficar na operação. “Ele terá um retorno maior se permanece mais tempo com este produto, mas por outro lado ele não terá o benefício da liquidez”, esclarece Mallet.

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4. Papéis ou títulos indexados a inflação
De acordo com o Gilberto Poso, superintendente-executivo de gestão de patrimônio do HSBC, a adoção de uma estratégia indexada a inflação tem dois objetivos: a crença de que a inflação subirá e de que a taxa básica de juro não subirá com a mesma velocidade. “Neste caso o investidoraplica em títulos privados e ganha com a remuneração da inflação e mais uma taxa de juros que é sobre o ganho real”.

Poso lembra que esta não é uma estratégia que deve ser vista de forma simplista, uma vez que essa projeção não é a garantia que vai ter rendimento maior. “Do ponto de aplicação ele terá sempre ganhos. O tamanho deste ganho será sempre avaliado”, destaca o superintendente do HSBC.

5. Taxas prefixadas
Para esta estratégia, o superintendente do HSBC destaca que o investidor deve acreditar que durante o período que ele ficar investido os rendimentos das aplicações tradicionais sejam inferiores ao que ele já conhece no prefixado. A expectativa da taxa de juro nos próximos anos é que determina a prefixada.

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“A taxa prefixada tem um prêmio de segurança, significa algo que mesmo acreditando que as coisas não aconteçam diretamente como prevista tem um margem de segurança.”

6. Utilização de títulos de crédito privado de segunda ou terceira linhas
Esses ativos são feitos por meio de fundos de investimento. Segundo Poso, algumas estratégias podem ser mais adequadas por meio de fundos, já que tendem a remunerar melhor que os títulos o governo. “Títulos privados de empresas de segunda ou terceira linhas remuneram melhor que os públicos ou de grandes empresas”.

7. Conhecer produtos isentos de Imposto de Renda
“Hoje temos diversos produtos na renda fixa que são isentos de IR para investidor pessoa física”, destaca Mallet. O gerente de renda fixa destaca entre estes produtos isentos de IR a Letra de Crédito Imobiliários, os CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliário), que são fundos imobiliários. Com isso, Mallet aponta que é possível alavancar a rentabilidade em relação ao produto tradicional como um título público ou um CDB.

8. Analisar o cenário externo
O gestor da Um Investimentos, por sua vez, ressalta que a política de crescimento internacional afeta a política monetária interna. Segundo Mallet se há um crescimento menor lá fora, efetivamente o País cresce menos e teoricamente terá pressão menor na inflação, com espaço para o juro cair. “ Com esse espaço para queda, como muitos acreditam que o juro (taxa básica de juro) encerra perto de 11%, o mercado deu dinheiro no juro, em função nessa aposta de queda do juro e se isso não se concretizar começam os ajustes destes preços para cima, o mercado já tem que enxergar isso antes para gerar essa operação”.

9. Examinar os possíveis riscos de inflação
Diante do cenário conturbado na Europa e nos Estados Unidos, o gestor da Lerosa Investimentos reforça que apesar da dificuldades, ainda acredita em um nível de atividade positiva, “não apostamos em recessão que parece ser a aposta do Banco Central neste momento”.

Avaliando que mais adiante poderá haver um refluxo na inflação, Vieira aconselha um investimento em papéis NTN-B, que têm boa proteção. “Se a taxa de juros cair mais, a NTN-B acompanha. O investidor estaria ganhando no Copom e se reverter em um inflação maior também está protegido contra um eventual problema inflacionário”.

10. Relação risco retorno
Mallet destaca a necessidade de analisar a relação risco retorno. A grande parte destes produtos também são emitidos por bancos privados e, portanto tem um risco de crédito embutido. “É preciso estar atento ao produto, se o banco tem os números saudáveis, se não há nenhum risco de crédito maior – ‘isso é fundamental para uma estratégia'”.