Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3): resultados das ‘teles’ devem trazer receita móvel robusta e margens pressionadas

Analistas esperam números robustos e traçam perspectivas de crescimento para as empresas na segunda metade do ano

Mitchel Diniz

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As expectativas sobre os resultados de Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3) trouxeram uma mudança significativa no ponto de vista dos analistas que acompanham as operadoras. “As entediantes empresas de telecomunicações estão ficando ‘sexy'”, dispara o BofA, em análise que prevê bons números para as companhias no período. Pelo menos três fatores contribuem com esse ponto de vista mais otimista para as companhias: a consolidação do mercado mobile, sinergias com a aquisição de ativos móveis da Oi (OIBR3;OIBR4) e a redução de ICMS nos serviços de telefonia até o final deste ano.

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Para as casas de análise, Vivo e TIM devem apresentar tendências similares aos resultados da Claro, divulgados há pouco menos de duas semanas. A operadora, controlada pela mexicana América Móvil, obteve R$ 5,253 bilhões com serviços móveis no segundo trimestre, um aumento de 20,1% na comparação anual. A cifra leva em conta a aquisição de ativos móveis da Oi. De forma orgânica, essa receita cresceu 13,7%.

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“Esse pode ter sido um sinal precoce de um mercado mais racional após a venda dos ativos da Oi, levando a um maior crescimento, que é o principal desafio para o setor”, dizem os analistas do BofA.

Para o Credit Suisse, o principal destaque do trimestre para Vivo e TIM também deve ser o crescimento orgânico de receitas com serviços móveis, refletindo preços mais altos e competitividade racional.

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“Bons resultados e perspectivas fortes devem sustentar uma performance positiva das ações de telecomunicações”, afirmam os analistas. As receitas das operadoras já tinham sido robustas no primeiro trimestre, mas as margens ficaram abaixo do esperado. Para o período entre abril e junho, o Credit Suisse acredita que as margens devem se manter mais baixas que as do ano passado, mas a pressão negativa pode ser menos intensa. “Com o consenso do mercado ajustado a níveis mais baixos, não esperamos que margens sejam um problema para o segundo trimestre”, escreveram Daniel Federle e Victor Ricciuti.

O ICMS mais baixo até o final do ano ajuda as empresas a passar por um período de inflação mais elevado. “Acreditamos que o ICMS mais baixo deve se traduzir, principalmente, em mais benefícios para planos pré-pagos em vez de preços mais baixos, o que implica em um potencial de alta para receitas líquidas e margens”, avalia o Credit Suisse.

De acordo com o consenso Refinitiv, a média das projeções do mercado aponta que a TIM deve apresentar lucro líquido de R$ 524,4 milhões no segundo trimestre, 22% menos que o registrado um ano antes. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) deve ficar em R$ 2,382 bilhões (+14,13%) e as receitas em R$ 4,993 bilhões (+13,29%).

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Para a Vivo, é esperado lucro líquido de R$ 1,145 bilhão, queda de 14,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda deve ficar em R$ 4,608 bilhões (+9%) e as receitas, em R$ 11,357 bilhões (+6,648%).

TIM: a mais beneficiada com a consolidação do mobile

Para o Credit, a TIM deverá reportar lucro líquido de R$ 518 milhões, uma alta de 7% na comparação com um ano antes. A expectativa da casa é a de que a receita líquida da companhia tenha avançado 20% no período, para R$ 5,293 bilhões. O Ebitda esperado é de R$ 2,428 bilhões, alta de 15,6%.

Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) deve sofrer um declínio similar ao do primeiro trimestre, da ordem de 1,8 ponto percentual, para 45,9%. Um reflexo da inflação elevada e aumento dos custos de venda, relacionados a campanhas de marketing para manter usuários.

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O Credit calcula que o número de assinantes mobile tenha terminado o segundo trimestre em 67,9 milhões, uma alta de 32% na comparação anual. Quanto ao número de unidades fixas, a previsão é de crescimento de 6%, para 704 mil.

Nos cálculos dos analistas da casa, a TIM deve apresentar um crescimento orgânico de 8% nas receitas de serviços móveis, comparando com o segundo trimestre de 2021 (e de 6,8% ante os três primeiros meses deste ano). O avanço tende a refletir uma elevação de preços nos segmentos pós-pago e controle, assim como adições líquidas no trimestre. Contando com a aquisição da Oi, o Credit prevê que a receita móvel da TIM cresça 21,2% na comparação anual. As sinergias da operação também devem expandir margens nos próximos anos.

Federle e Ricciuti também avaliam que a operadora é que a tende colher mais benefícios com a consolidação do mobile e redução do ICMS. “Esperamos que sinergias com a Oi façam a TIM reportar fluxo de caixa operacional livre nos próximos anos”, afirmam. A redução do imposto, por sua vez, tende a contribuir com os resultados da operadora no terceiro trimestre de maneira positiva.

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Para a receita com telefonia fixa, o Credit espera crescimento de 5,7% na comparação com um ano atrás, incluindo um aumento de 9,1% no faturamento da TIM Live. “Esperamos uma aceleração no segundo semestre de 2022, com a expansão da I-system”, diz a análise, citando a empresa de rede neutra, antes chamada de FiberCo, da qual a TIM era controladora até novembro do ano passado. Hoje, a majoritária é a IHS Brasil, com 51% de participação.

“A TIM deve reportar um conjunto de resultados sólido para o segundo trimestre, enquanto continua a ter sucesso em sua estratégia de aumentar a rentabilidade por cliente”, avalia o BofA. A casa espera crescimento de 8,3% na receita com serviços móveis da companhia no período e um avanço médio de 6,5% na receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês). No entanto, os analistas também acreditam que as margens devem continuar pressionadas pela inflação e preveem uma queda para 47,3% (margem Ebitda).

O BofA prevê lucro líquido de R$ 585 milhões para a TIM no segundo trimestre, uma queda de 14,1% na comparação com um ano antes. O Ebitda projetado pelo banco é de R$ 2,46 bilhões no período, alta de 17,5% na mesma base de comparação. As receitas são estimadas em R$ 5,22 bilhões, alta de 18,5%.

O Credit Suisse tem avaliação outperform para TIMS3 e preço-alvo de R$ 16,50. O BofA tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 19.

A TIM vai divulgar seus resultados referentes ao segundo trimestre na próxima segunda-feira (1).

Vivo: reajuste de dois dígitos nos preços

Nos cálculos do Credit Suisse, a Vivo deverá reportar lucro líquido de R$ 1,068 bilhão, uma queda de 21% na comparação com um ano antes. A expectativa é a de que a receita líquida da companhia tenha avançado 11% no período, para R$ 11,769 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) esperado é de R$ 4,610 bilhões, alta de 9,1%.

A margem Ebitda deve sofrer um recuo de 0,5 ponto percentual, para 39,2%. A queda, porém, tende a ser menor que a registrada no primeiro trimestre.

O Credit calcula que o número de assinantes mobile tenha terminado o segundo trimestre em 98,96 milhões, uma alta de 22% na comparação anual. Quanto ao número de unidades fixas, a previsão é de crescimento de 26%, para 5.087 milhões.

Nos cálculos dos analistas da casa, a Vivo deve apresentar um crescimento orgânico de 7,1% nas receitas de serviços móveis, comparando com o segundo trimestre de 2021 (e de 5,7% ante os três primeiros meses deste ano). O resultado deve refletir um reajuste de dois dígitos nos preços de 30% da base de usuários da operadora, assim como adições líquidas no período. Contando com os ativos móveis da Oi, a receita de serviços móveis da Vivo deverá crescer 13,4%.

Na telefonia fixa, o Credit prevê crescimento de 20% nas receitas, ao tempo que o sistema legado deve apresentar uma queda de 17%. Um mix melhor, contudo, deve levar receitas totais com telefonia fixa a crescerem 2,5% na comparação anual.

Já o Bofa afirma que a Vivo deve manter seu ritmo de adições líquidas nos serviços móveis, enquanto estabiliza sua receita média por usuário. As receitas totais do segmento devem avançar 7%, nos cálculos da equipe de análise. “Para banda larga, prevemos adição líquida de 40 mil usuários, a medida que o negócio de fibra mantém seu ritmo de expansão e o impacto das tecnologias de legado continua diminuindo”, afirmam os analistas. A casa prevê um crescimento de 11% nas receitas com banda larga, comparando com o segundo trimestre de 2021.

O BofA prevê lucro líquido de R$ 877 milhões para a Vivo no segundo trimestre, uma queda de 17,9% na comparação com um ano antes. O Ebitda ajustado projetado pelo banco é de R$ 4,6 bilhões no período, alta de 9% na mesma base de comparação. As receitas são estimadas em R$ 11,72 bilhões, alta de 10,1%. Para a margem Ebitda, a previsão é de queda de 38 pontos-base para 39,3%.

O Credit Suisse tem avaliação neutra para VIVT3 e preço-alvo de R$ 54,00. O BofA tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 60.

A Vivo divulgará seus resultados referente ao segundo trimestre nesta terça-feira (26), após o fechamento do mercado.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados