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Desde as vésperas da divulgação dos seus resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23), as ações da WEG (WEGE3) não sabem o que é cair.
Do dia 18 de julho até o fechamento desta segunda-feira (24), os papéis saltaram 18,15%, passando de R$ 35,16 para R$ 41,54, e virando para o positivo no ano (com ganhos acumulados de 9,19%). Apenas nesta segunda-feira (24), as ações WEGE3 saltaram 7,21% e foram o destaque de ganhos do Ibovespa.
Os resultados, divulgados no último dia 19, surpreenderam positivamente, sendo que a projeção já era de números fortes.
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Conforme destacou o Bradesco BBI, apesar das preocupações com a menor demanda nos mercados internacionais, a receita da WEG no mercado externo foi o destaque positivo do trimestre, crescendo 25% em um ano, com alta de 21% na América do Norte e de 48% na Europa.
Isso foi impulsionado por: (i) demanda ainda sólida por equipamentos eletroeletrônicos industriais de ciclo curto na maioria dos mercados, especialmente na América do Norte; e (ii) projetos de T&D (Transmissão e Distribuição) na América do Norte, principalmente vendas de transformadores para parques de energia eólica e solar. Além disso, a rentabilidade surpreendeu, devido a preços de insumos menores, mix favorável (maior representatividade na receita de segmentos com maior margem) e melhora de produtividade.
Desta forma, diversas casas, mesmo as que não recomendam compra para o papel, revisaram suas projeções para cima. O BBI, com recomendação neutra, elevou o preço-alvo em 3%, de R$ 38 para R$ 39 (valor 6% menor ante o fechamento desta segunda-feira).
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Já o JPMorgan, que havia destacado o resultado da WEG como um possível catalisador para os ativos, reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com o preço-alvo passando de R$ 47 para R$ 50 (potencial de valorização de 20% em relação ao fechamento de segunda).
A recomendação, segundo o JPMorgan, reflete a capacidade da WEG de continuar superando as expectativas principalmente no Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações; ii) perspectivas positivas para o mercado de T&D na América do Norte, que deve sustentar um crescimento de dois dígitos em vários anos; e iii) desconto de cerca de 5% no valuation histórico.
WEG parceira da SpaceX?
Porém, além dos resultados, nos últimos dias, ganhou destaque no noticiário dos últimos dias a informação de que uma empresa de Elon Musk estaria relacionada à WEG, o que também causou a disparada recente das ações.
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Isso porque algumas publicações ressaltaram que a companhia brasileira teria sido escolhida pelo bilionário para fornecer motores para a SpaceX.
A SpaceX, de Musk, está construindo sua própria Unidade de Separação do Ar devido à necessidade de uma quantidade de oxigênio utilizado como combustível para os foguetes. A Atlas Copco Gas and Process — uma das principais fornecedoras globais de compressores de ar — teria sido selecionada para fornecer o pacote principal de compressores para as unidades de separação de ar. Como parte desse projeto, a SpaceX teria escolhido a WEG para o fornecimento de motores que acionarão as unidades de separação de ar.
Porém, este pode ter sido um mal entendido – que impulsionou as ações, principalmente na sessão desta segunda. De acordo com uma fonte ouvida pelo InfoMoney, o que levou a essa interpretação foi uma nota feita pela própria WEG, de 10 de julho, em que destacou que forneceria motores para projeto de unidades de separação de ar da SpaceX, mas como parte do projeto da companhia de Elon Musk com a Atlas Copco.
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Posteriormente, a nota da WEG foi refeita sem o nome das empresas envolvidas, isso por conta de contratos de confidencialidade.
“Não é nada grandioso, é algo corriqueiro”, aponta a fonte, reforçando que não se trata propriamente de uma parceria da WEG com a SpaceX. A fonte ainda complementa: “o que aconteceu foi que houve um fornecimento de material para um cliente e que este cliente forneceu para a SpaceX como cliente final. Nesse caso, a WEG soube quem era o cliente final, mas nem sempre ela sabe quem é”.
Mesmo após a alteração do comunicado, a notícia de uma possível parceria – e direta – da WEG com a SpaceX acabou ganhando força nos últimos dias e inclusive recebeu menções em serviços de informações internacionais, impulsionando os ativos.
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Porém, conforme destaca essa fonte, é difícil saber qual o impacto direto dessa notícia da SpaceX sobre as ações, uma vez que também houve revisões para cima nas estimativas da empresa pelos bancos após o resultado.
Procurada pelo InfoMoney, a WEG disse não ter uma posição sobre o tema.
Riscos no radar?
Enquanto as ações seguem com ganhos, analistas destacam alguns fatores para monitorar sobre o papel.
O Itaú BBA, por exemplo, destacou as margens positivas, mas ressaltou a acomodação da receita no resultado do segundo trimestre.
“Dito isso, apesar do resultado positivo, o crescimento modesto da receita combinado à preferência dos investidores por ações de maior risco (em vez das defensivas) reforça nossa recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para WEGE3, cujo preço-alvo é de R$ 44 ao fim de 2023”, afirmou, vendo potencial de alta de 6% para os ativos.
Já o JPMorgan, ainda que otimista sobre a ação, apontou alguns desdobramentos a serem monitorados para as ações. Na lista estão: a recessão maior do que o esperado nos EUA; margens abaixo do esperado e desaceleração adicional no crescimento da receita devido à falta de oportunidades em novas linhas de negócios, caso de mobilidade elétrica, iIndústria 4.0, turbinas eólicas na Índia e T&D na América do Norte.