XP Inc. (XPBR31) tem lucro líquido ajustado de R$ 1,15 bilhão no 3º tri e aumenta programa de recompra de ações em R$ 1 bilhão

Grupo divulga novo guidance e passa a mostrar resultados por produto; receita com clientes institucionais e grandes empresas representa 26,6% do total

Mitchel Diniz Raquel Balarin

(XP Inc./Divulgação)
(XP Inc./Divulgação)

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A XP Inc. (XPBR31) obteve lucro líquido ajustado de R$ 1,149 bilhão no terceiro trimestre, com alta de 11% em relação ao mesmo período de 2021 e de 10% na comparação com o segundo trimestre deste ano, segundo balanço divulgado pela companhia na noite desta terça-feira (8). O resultado veio acima do consenso do mercado, que apostava em lucro de R$ 904 milhões, de acordo com média calculada pela Refinitiv.

A receita líquida da XP cresceu 14%, em bases anuais, para R$ 3,62 bilhões. A receita bruta foi de R$ 3,82 bilhões. Os ativos totais de clientes sob gestão chegaram a R$ 925 bilhões, alta de 17% na comparação anual.

Pela primeira vez desde que abriu seu capital, no fim de 2019, o grupo divulgou suas receitas por linha de produto com o objetivo de aumentar a transparência e “o entendimento de cada uma das linhas”. A apresentação dos dados de forma segmentada fará parte da estratégia de divulgação dos resultados trimestrais daqui em diante.

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A receita bruta obtida com grandes empresas/operações de mercado de capitais (atividades do banco de atacado comandado por José Berenguer) e clientes institucionais foi de R$ 1,013 bilhão no terceiro trimestre, 67,2% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Esses dois segmentos já respondem hoje por 26,6% da receita do grupo XP, em comparação com uma participação de 18% no terceiro trimestre de 2021.

Nas operações com clientes institucionais, o resultado se deve, em grande parte, ao aumento da atividade nas mesas de negociação de renda fixa, câmbio e commodities, no Brasil e no exterior, no período que antecedeu a eleição no país.

No banco de atacado, o destaque foi a maior demanda de grandes empresas por derivativos de balcão e operações estruturadas no período pré-eleitoral.

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Com relação ao mercado de capitais, a XP acredita que a menor atividade de 2022 em relação ao ano passado ainda deve persistir no quarto trimestre. Já a procura por derivativos e operações estruturadas deve se normalizar daqui para frente, segundo a instituição.

O faturamento com clientes institucionais deu um salto de um ano para o outro, crescendo 105%, para R$ 577 milhões. A receita com grandes empresas (faturamento anual acima de R$ 700 milhões) e mercado de capitais, por sua vez, cresceu 34%, para R$ 436 milhões.

O varejo segue sendo o principal motor de receita do grupo XP, mas com uma diversificação maior da linha de produtos. Do total de R$ 2,692 bilhões de receita bruta (crescimento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado) no varejo, a maior expansão veio do produto cartões de crédito e débito – de R$ 54 milhões no terceiro trimestre de 2021 para R$ 146 milhões no mesmo período deste ano, com alta de 170%. Já as receitas com operações de crédito tiveram crescimento de 52%.

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Do total de receitas do varejo, as operações com renda variável ainda têm a maior participação (42,6%), mas registraram queda de 22% ano a ano, para R$ 1,12 bilhão.

Segundo a XP, a queda anual está relacionada ao maior apetite do investidor de varejo por opções de menor risco, dado o atual cenário macroeconômico. Isso pode ser observado também a partir do crescimento que o grupo registrou nas receitas obtidas com operações de varejo na renda fixa – alta de 12% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 489 milhões.

Os custos operacionais da XP no terceiro trimestre cresceram 12% na comparação anual, para R$ 1,005 bilhão. As despesas administrativas totalizaram R$ 1,463 bilhão, alta de 15% no mesmo intervalo. O aumento das despesas, segundo a instituição, está relacionado à expansão no quadro de funcionários ao longo de 2021.

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Em carta aos acionistas divulgada junto com o balanço, o CEO Thiago Maffra explica que a maior parte de despesas de 2022 foi contratada ainda em 2021, quando foi colocado em marcha um plano de expansão do time comercial, mas que logo no início deste ano houve uma redução no ritmo de contratações e a identificação de outras ações de redução de despesas sem prejuízo à evolução do negócio.

No terceiro trimestre, as 600 contratações foram concentradas em assessores de investimento da casa (B2C) e nos 150 programadores que concluíram o curso da parceria educacional com a Trybe.

“Vemos o nível atual de custos refletindo o pico de nossa expansão de pessoal e investimentos e esperamos a partir de 2023 uma recuperação de margens”, diz Maffra, acrescentando que a XP tem novos negócios em fase inicial e que devem ter expansão de receita a partir dos próximos meses.

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Carta aos acionistas

A carta do CEO aos acionistas que acompanhou a publicação de resultados é divulgada anualmente, mas foi antecipada. O objetivo, segundo a XP, é o de dar uma visão contextualizada dos números e da estratégia do grupo.

Na carta, Maffra reforça que a estratégia da empresa é a de oferecer um “ecossistema de soluções financeiras” e que o acréscimo de serviços como seguros e crédito aos produtos de investimento aumenta o engajamento e reduz o “churn” (perda) de clientes. Ele também ressalta a importância da divulgação dos resultados de forma segmentada para melhor compreensão do negócio e explica a decisão de adotar um novo “guidance” (projeções de negócio para o futuro).

O “guidance” de margem líquida ajustada de cerca de 24% a 30% da receita líquida será descontinuado a partir do quarto trimestre. Em substituição, a XP irá perseguir a projeção de uma margem anual de EBT (lucro antes de impostos) de 26% a 32% da receita líquida para os próximos três anos (de 2023 a 2025). O grupo ressalta que esse percentual pode, eventualmente, variar fora dessa banda de oscilação nos resultados trimestrais.

No terceiro trimestre, a margem líquida foi de 28,5% (29,5% no 3T21 e 26,6% no 2T22) e a margem EBT foi de 27,2% (28,6% no 3T21 e 25,3% no 2T22).

Novo programa de recompra de ações

Além do detalhamento das receitas de varejo e da mudança do “guidance”, Maffra anunciou que o grupo fará um novo programa de recompra de ações, no valor de R$ 1 bilhão. A iniciativa se soma a um outro programa de recompra em aberto, de R$ 1 bilhão, anunciado em maio.

O CEO destaca na carta que a XP possui um excesso de capital de R$ 5 bilhões, o que permite conciliar crescimento com uma boa margem de segurança. A casa, diz ele, adota uma abordagem conservadora de gestão de risco e liquidez em cenários incertos.

“Sem dúvida, vemos espaço para retornar capital aos nossos investidores de forma gradual, em forma de dividendos ou recompra de ações, convergindo nosso ROE para um nível condizente com o sustentável para o nosso negócio e, certamente, acima da média do setor financeiro tradicional”, escreveu o CEO.

O retorno sobre patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês) da XP foi de 24,4% no terceiro trimestre, em comparação com 28,8% no mesmo período do ano passado e com 22,8% no segundo trimestre deste ano.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados