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A temporada de resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) encerrou a semana com a divulgação dos números de empresas do setor de consumo, além de empresas de energia e seguradoras.
A ZAMP (ZAMP3), dona do Burger King, foi vista como destaque entre as empresas de consumo, com uma recuperação a caminho de maior crescimento e lucratividade. Já a SBF (SBFG3), dona da Centauro, teve um resultado negativo.
O balanço de Alupar (ALUP11) foi visto como neutro, enquanto houve diferentes visões para os resultados de Caixa Seguridade (CXSE3).
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Confira os destaques dos resultados:
ZAMP (ZAMP3) no caminho certo
A ZAMP (ZAMP3), dona do Burger King, divulgou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2022 (4T22) na noite da última quinta-feira (2), com lucro líquido de R$ 42 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 78% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.
No ano de 2022, o resultado foi de um prejuízo líquido de R$ 55,8 milhões, uma melhora de R$ 218 milhões na comparação com o ano de 2021.
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Analistas do BBI ressaltaram que a ZAMP conseguiu se recuperar de uma frágil posição de balanço no quarto trimestre de 2021 (4T21) para um caminho de maior crescimento e lucratividade.
O BBI foi positivamente surpreendido pela gestão bem-sucedida da alta de preços dos alimentos, que levou a uma expansão de quase 2,5 pontos percentuais (p.p.) na margem bruta em relação ao ano anterior.
Por outro lado, o principal ponto negativo foi o baixo desempenho das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) em comparação com desempenho do rival McDonald’s no 4T22.
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Diante disso, Bradesco BBI prefere esperar uma melhora mais consistente da margem bruta e uma maior diluição das despesas antes de tornar o nome mais positivo. O BBI manteve classificação de neutra para ações da companhia.
Já o Morgan Stanley destacou o forte crescimento das receitas da ZAMP no quarto trimestre, impulsionadas por SSS sólido e aberturas aceleradas.
A empresa abriu 26 lojas no trimestre, fechando o ano com 990 unidades (+4,8% versus 4T21), um pouco abaixo das estimativas do Morgan e consenso. Na visão de analistas, embora esteja desacelerando em relação aos trimestres anteriores, o 4T22 apresentou fortes números de vendas, apesar da Copa do Mundo, que historicamente é negativa para o tráfego, especialmente para shoppings.
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A Zamp registrou margem bruta recorde novamente, graças a “melhora da gestão de receita, redução de descontos, em um ambiente de vendas melhor e se beneficiando de iniciativas de vendas e sourcing que conseguiram mitigar a pressão da inflação de alimentos e um cenário macro complexo”, comenta Morgan Stanley.
O Itaú BBA, por sua vez, classificou os números da dona do Burger King como positivos, com destaque para o Ebitda e lucro por ação pré-IFRS 16 no 4T22 melhores do que o esperado, em grande parte devido à margem bruta muito mais forte do que o previsto. Apesar disso, o crescimento das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) do Burger King foi inferior ao do McDonalds.
Com relação a aberturas de lojas, analistas do BBA apontaram que a rede Burger King encerrou 2022 com 927 restaurantes, em linha com suas expectativas. No caso do Popeye, porém, a empresa encerrou o ano com 63 unidades, 11 a menos do que o projetado pelo banco.
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Já as vendas digitais (delivery, totem e app) representaram 35% da receita consolidada, crescendo 23% na base anual, liderado pelas vendas por meio de totens, “o que ganha especial relevância quando se trata de aumento o conhecimento do cliente (41% das vendas já são cadastradas, e o plano de fidelidade da empresa tem 10,7 milhões usuários, ou 3x o valor de 2021)”, destacam analistas do BBA.
Para o JPMorgan, a ZAMP relatou um conjunto sólido de resultados do 4T22, ficando significativamente à frente das suas projeções, que continua a destacar a recuperação no nível operacional – em um ritmo ainda mais rápido do que o esperado.
No geral, o banco americano acredita que isso deve ser um gatilho positivo de curto para a ação, pois acreditam que o mercado estava olhando ansioso por uma execução sólida, resultados robustos e entrega de lucratividade para o trimestre como um ponto de partida para criar um impulso positivo em torno do nome.
Segundo Morgan Stanley, a recuperação observada deve continuar, embora sobre uma base de comparação mais forte. Bons resultados devem continuar sendo catalisadores positivos para ações e o banco reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 9. O BBA manteve classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 10.
SBF (SBFG3): um trimestre para ser esquecido
O Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro, registrou lucro líquido de R$ 140,7 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 51,2% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021. “A queda do lucro é explicada pelo aumento de despesas operacionais, pelo aumento das despesas financeiras e por uma base de comparação no imposto de renda de 2021 beneficiada pelo reconhecimento de R$ 185,9 milhões de imposto de renda diferido extemporâneo que se encontrava fora do balanço”, explica a empresa.
A receita líquida somou R$ 1,983 bilhão no quarto trimestre deste ano, crescimento de 17,8% na comparação com igual etapa de 2021.
O Bradesco BBI apontou que o Grupo SBF relatou resultados muito decepcionantes no 4T22, com uma combinação incomum de 17,8% de crescimento na receita líquida e um declínio de 23,5% no Ebitda ajustado.
“Ao longo do tempo, reduzimos nossas expectativas e, portanto, a receita líquida correspondeu amplamente a nossa estimativa (Centauro apresentou crescimento de 8,5% e Fisia de 29,8% na comparação anual) – apesar de vê-la como um pouco branda dado a sazonalidade mais forte esperada para a Copa do Mundo – enquanto o lucro líquido veio menor do que as expectativas, já ajustadas para baixo, em 34%.”, apontaram os analistas.
Apesar de um resultado fraco já esperado (SBFG3 já acumula queda de 36% no ano até a sessão da véspera), o Bradesco BBI ainda esperava alguma reação negativa para as ações considerando as más indicações qualitativas do trimestre e os números ainda abaixo das expectativas.
“Isto pode continuar minando o sentimento sobre a tese de investimento, potencialmente adicionando mais pressão baixista sobre as estimativas do consenso (estamos agora reduzindo nossos números para os lucros de 2023 em 16% para R$ 249 milhões)”, aponta.
O BBI, com isso, cortou o preço-alvo da ação de R$ 15 para R$ 12, mas ainda manteve a recomendação de compra, por motivos de valuation.
“Reconhecemos que três trimestres consecutivos decepcionantes não indicam nada de bom para a dinâmica de curto prazo da companhia. Desta forma, o Grupo SBF se tornou uma tese na qual os investidores ‘não querem pagar para ver’. Assim, a consistência será fundamental para uma recuperação das ações, principalmente tendo em vista o cenário macroeconômico desafiador”, aponta.
Do lado positivo, o BBI ressalta que a SBF tem resultados positivos com relação ao lucro e espera-se que gere caixa em 2023, o que, em última instância, deverá proporcionar um piso para as ações.
A XP também destacou o resultado como fraco, mas manteve recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 16.
“As vendas líquidas do grupo cresceram 18% ao ano, com i) Centauro crescendo 8,5%, impulsionada pela expansão do canal físico e renovação de lojas, além de uma boa performance de vendas na Black Friday forte e de artigos relacionados à Copa do Mundo, mas com ventos contrários por competição, macro desafiador e canibalização de certas categorias frente às vendas relacionadas à Copa do Mundo; e ii) Fisia com crescimento de 30% ao ano, com destaque para o canal digital (+77%), dada a migração do atacado para o 3P e a forte performance do e-commerce”, destacaram os analistas.
Caixa Seguridade (CXSE3): receitas fracas com seguro de vida e pensão
A Caixa Seguridade (CXSE3) teve lucro recorrente de R$ 752,9 milhões no 4º trimestre de 2022, cifra 38% maior que a registrada um ano antes. O resultado ficou 5% acima das estimativas do UBS BB, que deu destaque positivo ao desempenho, apesar de receitas fracas com seguro de vida e pensão. Outro destaque da análise do UBS BB foi o payout de 92% em 2022. A Caixa Seguridade propõe pagar R$ 1,5 bilhão em dividendos. A proposta foi aprovada pelo conselho da empresa e será submetida à assembleia de acionistas no final de abril.
O UBS BB prevê crescimento de 14% anual no lucro por ação da Caixa Seguridade em 2023. O avanço deve ser apoiado por menores índices de sinistralidade, resultados financeiros mais altos e o impacto de uma reestruturação societário ao longo do ano. A casa tem recomendação de compra para ação, com preço-alvo de R$ 11. Para o Morgan Stanley, a Caixa Seguridade reportou resultados mistos.
No lado positivo, destacou a receita com investimentos em participações de R$ 573 milhões, que veio 18% acima das estimativas do banco. O destaque negativo, por outro lado, foi a receita com corretagem, de R$ 417 milhões, 20% abaixo do previsto pelo Morgan.
Após a divulgação do resultado, o Morgan Stanley reiterou a avaliação overweight sobre os papéis da companhia, com preço-alvo de R$ 12. Na avaliação do banco, a Caixa Seguridade tem tido uma atuação atraente em conseguir adentrar o segmento de seguros e hipotecas no Brasil, com uma oportunidade única de cross-sell entre produtos de seguro e pensão oferecidos aos clientes da Caixa.
O Bradesco BBI, por sua vez, viu os resultados como negativos, já que o principal negócio da empresa sofreu uma desaceleração relevante. Os prêmios de seguro da empresa recuaram 1,2%, para R$ 2,008 bilhões. A casa tem avaliação neutra para os papéis da Caixa Seguridade e preço-alvo de R$ 9. “Não vemos potencial para mudar avaliação sobre as ações enquanto riscos de ganhos permanecerem com viés de baixa”, escreveram os analistas.
GPS (GGPS3) : números positivos
O Grupo GPS (GGPS3) registrou lucro líquido de R$ 203 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 42% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.
O Itaú BBA avaliou o resultado como positivo, e disse que a empresa mais uma vez trouxe boas surpresas. Para o casa, o destaque foi a margem Ebitda de 11,99% no período, maior que a de 11,5% reportada no terceiro trimestre. O BBA chama atenção para o fato que houve crescimento de margem mesmo com integrações de fusões e aquisições relevantes nos trimestres passados, o que costuma pressionar a rentabilidade.
“Atribuímos a melhora das margens aos esforços contínuos de GPS em aumentar a rentabilidade de seus contratos e acelerar a captura de sinergias de suas aquisições”, escreveram os analistas do BBA. Para eles, o sólido histórico da companhia desde o IPO continua a sustentar uma visão construtiva sobre o nome. O BBA tem preço alvo de R$ 24,50 para o papel GGPS3, com avaliação outperform.
O Morgan Stanley também destacou a sustentabilidade do crescimento orgânico do grupo GPS no período. E avalia que o balanço sólido tende a servir de apoio para a expansão da empresa. “GPS está entregando seu plano de fusões e aquisições e deve continuar consolidando o mercado no Brasil, trazendo boas notícias em meio a um cenário macroeconômico fraco”, escreveram os analistas.
“Ainda assim, acreditamos que o valuation já reflete esse modelo de negócio resiliente e de perspectiva de crescimento forte, em linha com seus pares globais”. Assim, o Morgan Stanley manteve avaliação equalweight (equivalente à neutra) para os papéis de GPS, com preço-alvo de R$ 16.
PagSeguro (PAGS34): custos controlados
A PagSeguro (PAGS34) reportou lucro líquido ajustado de R$ 411 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), um crescimento de 23% sobre o mesmo período de 2021. O lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) foi de R$ 1,24 no 4T22, um avanço de 36% sobre o mesmo trimestre de 2021.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 788 milhões, alta de 29% na comparação com igual etapa de 2021.
Na avaliação do Itaú BBA, o resultado foi positivo, com lucro 16% acima da sua expectativa.
Já as receitas caíram 2% no trimestre, como esperado pela casa, já que os rendimentos mais baixos compensaram os melhores volumes. Os custos operacionais controlados também ajudaram a aumentar o resultado final em 7% no trimestre e 35% no ano.
Além disso, o PagBank também teve melhor desempenho. “No geral, foi um trimestre bem conduzido que deve reduzir o risco da companhia, reconhecemos o ambiente macro mais desafiador para volumes, mas continuamos a ver forte execução e gestão financeira do PagSeguro”, avalia. O Itaú BBA tem recomendação outperform para as ações, que estão sendo negociadas a um valuation atraente de 9 vezes o preço sobre o lucro esperado para 2023.
Para o Credit Suisse, a PagSeguro reportou resultados neutros, com a receita 2% abaixo da projeção do banco devido a um take rate mais baixo.
” A empresa não deu guidance para 2023, mas pela mensagem do call do resultados, a PagSeguro espera que o lucro nominal melhore ao longo do ano”, aponta o banco.
Alupar: resultados em linha, dividendos acima
A Alupar (ALUP11), empresa de transmissão e geração de energia, reportou lucro líquido regulatório de R$ 159,5 milhões no quarto trimestre de 2022, com alta de 11% em relação a igual período do exercício anterior.
Na avaliação da XP, os resultados da Alupar no 4T22 ficaram em linha com as estimativas da casa, refletindo a entrada em operação da ESTE e TSM, e os ajustes da RAP ciclo 2022/2023. Além disso, Maíra Maldonado, analista da XP, espera que a empresa continue seu processo de desalavancagem, o que pode levar a distribuições de dividendos mais robustas. A XP mantém recomendação de compra em ALUP11, com preço-alvo de R$ 30 de ação.
O Itaú BBA apontou que o Ebitda recorrente do 4T22 da Alupar ficou abaixo das suas expectativas, com custos acima do esperado de ambos os negócios.
“Ainda assim, apresentou crescimento de 16% na base de comparação anual, impulsionado pelo início da operação dos ativos e reajustes das receitas de transmissão. Além disso, a empresa anunciou dividendos relativos a 2022, pendentes de aprovação, no valor de R$ 422 milhões, o que corresponde a um dividend yield de 5% (acima da nossa estimativa de 3% e superior ao patamar observado em anos anteriores)”, aponta.
O Credit Suisse apontou que os resultados regulatórios da Alupar foram mais fracos do que as suas projeções (e ligeiramente piores do que o consenso, mas bons em uma base anual), devido a receitas abaixo do estimado no segmento de geração (impulsionadas por volumes menores vendidos), devido a provável atividade de trading fraca, e maiores despesas operacionais em nível consolidado.
Os resultados foram beneficiados em uma base anual pelo ajuste da inflação das receitas reguladas anuais, entrada da operação comercial da nova transmissora e menores custos de energia.