Atual sistema de crédito não evita superendividamento, diz presidente da Serasa

Executivo defende revisão da atual metodologia de análise de crédito, com implantação do cadastro positivo

Evelin Ribeiro

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SÃO PAULO – A falta de conhecimento sobre quem é bom ou mau pagador impacta em prejuízos a todos os consumidores, segundo o presidente da Serasa Experian, Roberto Loureiro.

O executivo afirma que o Brasil não dispõe de mecanismos para evitar o superendividamento do consumidor e isso é uma vulnerabilidade. “Como não se sabe quem está com dívidas acima de sua capacidade de pagamento e se desconhece o histórico de crédito, há uma zona cinzenta. O prejuízo com os maus pagadores é distribuído para todos”, afirma. Isso acontece por meio do custo elevado do crédito, penalizando a grande maioria que, de fato, paga bem.

Ainda de acordo com Loureiro, o endividamento da população em comparação à renda é de 39,1%, de acordo com o Banco Central. “É um número que não preocupa no momento, porque a renda e o emprego estão em alta. Mas, vale uma reflexão sobre os fatos”.

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Exemplo asiático
Loureiro cita o exemplo da Coréia do Sul, que chegou a ter inadimplência de 10,5% em 2004 – após um cenário de endividamento das famílias de 96% da renda disponível e saldo dos empréstimos batendo 114% do PIB (Produto Interno Bruto) do país entre 1999 e 2002.

Após a implantação do cadastro positivo, em 2004, o qual visava a aperfeiçoar o sistema e os relatórios de crédito, a inadimplência caiu para 5,5% naquele mesmo ano e, em 2005, foi para 3,2%. Hoje, a inadimplência das famílias sul-coreanas está em 1,1%.

“A lição que fica é que não se deve esperar a deterioração do endividamento para se implantar um moderno e eficiente sistema de crédito”, disse ele. “Um dos desafios que se apresenta à economia brasileira é revisar a atual metodologia, criando um sistema avançado de avaliação de risco de crédito, o cadastro positivo, que garante qualidade ao crédito e permite gerenciar os efeitos colaterais do endividamento: a elevação do spread, dos juros e a restrição de crédito”, finalizou.