O Banco de Brasília, BRB, (BSLI4) informou, na tarde desta sexta-feira (7), que foi vítima de um “incidente de segurança tecnológica”, o responsável por causar instabilidades em seus serviços oferecidos via site, aplicativo e demais operações há pelo menos dois dias.
No comunicado oficial encaminhado ao InfoMoney, a instituição financeira do Distrito Federal não crava o termo “ataque hacker”, mas dá a entender que uma operação externa comprometeu seus sistemas na quarta-feira (5) e desencadeou uma série de interrupções no funcionamento dos serviços até esta sexta.
A hipótese de que o banco, com 4,7 milhões de clientes, foi alvo de um ataque hacker foi levantada pelo site “Tecmundo”, ao afirmar que a invasão teria sido realizada por meio de ransomware, software de extorsão que faz sequestro de dados. Nessa modalidade, os hackers acessam os sistemas críticos e pedem recompensa sob a ameaça de publicar informações sigilosas.
No comunicado, o BRB não detalha a operação que causou o “incidente de segurança tecnológica”. Mas assegurou que não houve “comprometimento de dados de contas correntes ou impacto financeiro direto a clientes”.
Segundo o “Tecmundo”, os criminosos estariam exigindo cerca de 50 bitcoins (BTC), algo em torno de R$ 5,2 milhões, para não divulgarem informações dos clientes do banco. O banco não informou ao InfoMoney se fez algum pagamento ao grupo hacker.
A instituição afirmou apenas que, “as informações de acesso, senhas e contas correntes [dos clientes] estão protegidas e não foram objeto de acesso indevido”.
Por fim, o banco afirmou que todas as medidas necessárias para a solução do incidente foram adotadas, com notificações à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ao Banco Central do Brasil (BCB) e à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). O InfoMoney aguarda manifestações do BC e da PCDF sobre o caso.
Fui prejudicado: o que devo fazer?
As instabilidades comprometeram o planejamento dos correntistas do banco, que não conseguiram pagar contas e concluir outras transações financeiras desde quarta. Uma dessas pessoas é o servidor público Lindolfo Mendes, morador de Brasília.
Mendes contou ao InfoMoney que vem enfrentando problemas com os serviços da instituição financeira. “O sistema do BRB está instável e muito ruim. Fui viajar na quarta, cheguei em um restaurante e não consegui usar nem o cartão, nem o Pix. Estava tudo fora do ar. Tive que usar outro banco”, disse.
Segundo o Procon-DF (órgão de defesa do consumidor), o correntista que não conseguiu pagar contas ou perdeu a data de pagamento por problemas com o sistema do BRB fora do ar não pode ser prejudicado “com pagamento de multas ou juros de mora”.
Nos casos em que o consumidor não conseguiu transferir ou receber dinheiro e teve prejuízo — em função do sistema fora do ar —, o Procon recomenda que o correntista guarde os números de protocolo, prints de telas de site ou aplicativo e PDFs que apresentem o ocorrido e registre reclamação no canal de atendimento do banco e, posteriormente, nos órgãos de defesa do consumidor.
“A falha ou a má prestação de serviços poderá ser considerada descumprimento do código de defesa do consumidor, ensejando as penalidades vigentes na lei”, disse, por nota, o Procon-DF.
Por nota, o BRB também informou que os clientes prejudicados podem procurar a Central de Atendimento, por meio do telefone: (61) 3322-1515, ou falar diretamente com o gerente. “Em relação aos pagamentos não realizados no dia 5, o BRB vai se responsabilizar pelos custos, isentando os nossos ou cobrindo os de terceiros”, afirmou.
O BRB
O BRB tem como acionista majoritário o Governo do Distrito Federal. Foi criado em 10 de dezembro de 1964, e começou suas operações em 12 de julho de 1966. Sua criação foi pensada para fazer com que o Governo do Distrito Federal se tornasse um agente financeiro que possibilitasse captar os recursos necessários para o desenvolvimento da região.
O banco que oferece, desde 1991, serviços comerciais, de câmbio, imobiliários, entre outros, ganhou notoriedade nacional ao fechar patrocínio com o time de futebol carioca Flamengo.
A instituição fechou o quatro trimestre de 2021 com 3,5 milhões de clientes pessoas físicas e jurídicas, alta de 344% em relação ao mesmo período de 2020. Segundo o resultado do segundo trimestre de 2022, o banco passou a contar com 4,7 milhões de clientes totais.
Confira, abaixo, a íntegra do comunicado do BRB:
“O BRB informa que identificou a ocorrência de um incidente de segurança tecnológica. Não houve comprometimento de dados de contas correntes ou impacto financeiro direto a clientes. As informações de acesso, senhas e contas correntes estão protegidas e não foram objeto de acesso indevido.
Todas as medidas necessárias para a solução do incidente foram adotadas pelo BRB e pelas autoridades competentes. O Banco notificou ainda a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o Banco Central do Brasil (BCB) e Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Por fim, o BRB reforça seu compromisso com a transparência e segurança de seus clientes.”