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SÃO PAULO — A pior crise hídrica enfrentada pelo Brasil nos últimos 91 anos está refletida no IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE: o preço da energia elétrica acumula alta de 24,97% em 2021. Embora o risco de racionamento seja baixo, Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia (CPFE3), acredita que o custo vai continuar elevado em 2022.
“Quando a gente olha em perspectiva, o risco de racionamento hoje eu diria que é muito baixo, é muito pequeno. Para este ano é praticamente zero. Para o ano que vem, também é relativamente baixo”, disse o executivo em live do InfoMoney. “O que a gente vai ter, tivemos neste ano e vamos ter ao longo do ano que vem, é um cenário de preço muito elevado.”
A live faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, em que o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Eles falam sobre o balanço do terceiro trimestre de 2021 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
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Estrella explicou que houve uma melhora na perspectiva de chuvas para os próximos meses, mas que o nível dos reservatórios de água no país ainda é muito baixo. Mais de 60% da matriz energética brasileira é hidráulica e, segundo ele, vamos precisar manter o uso de termelétricas — mais caras e poluentes — em 2022.
“O que a gente hoje tem é um despacho térmico praticamente a 100%. A energia térmica é obviamente muito mais cara do que as outras fontes de energia, mas é necessária para garantir o fornecimento. Isso pressiona preço, já que o custo é repassado para o consumidor final”, afirmou.
O CEO da CPFL falou ainda sobre a necessidade de melhora na regulação do setor elétrico brasileiro no que se refere ao uso de painéis solares. Hoje, o Brasil gera 7,3 GW (gigawatts) de potência via painéis solares instalados em telhados de residências e empresas — isso representa 57% da energia que é gerada na usina hidrelétrica de Itaipu.
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“Uma instalação de painéis de geração de energia solar tem um custo médio de uns R$ 20 mil. Quem instala, então, é a classe A e B. No momento que a pessoa ou empresa instala o equipamento, ela deixa de pagar pelo serviço de distribuição. Só que a rede de distribuição ainda passa em seu endereço. Há um custo de manutenção dessa rede que acaba tendo que ser pago por quem não tem condições de ter o painel solar, ou seja, os mais pobres. Isso é justo?”, disse.
Estrella falou também sobre o sistema de bandeiras tarifárias em vigor no país e por que, na visão dele, ele é efetivo. O executivo comentou ainda sobre a necessidade de investimento em mais linhas de transmissão entre as regiões — especialmente do Nordeste, maior polo de geração de energia renovável do Brasil, para o Sudeste, região que mais consome energia no território nacional.
O CEO da CPFL disse ainda que a empresa vai continuar pagando, no mínimo, 50% do lucro em dividendos. Ele falou também sobre usinas nucleares e quais setores industriais ainda não voltaram a produzir, portanto, a consumir energia, como antes da pandemia. Assista à live completa acima, ou clique aqui.
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