Conta chegou para a classe média brasileira, diz Wall Street Journal

Em cinco anos, o crédito ao consumidor no Brasil mais do que dobrou, passando para cerca de US$ 600 bilhões

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SÃO PAULO – O jornal americano The Wall Street Journal aponta o endividamento da classe média brasileira como o motivo da desaceleração do crescimento do Brasil. De acordo com a reportagem, que foi publicada nesta quarta-feira (9), o aumento do consumo da população foi importante economicamente, mas que os brasileiro agora estão sem dinheiro.

O veículo afirma que em cinco anos, o crédito ao consumidor no Brasil mais do que dobrou, passando para cerca de US$ 600 bilhões. Porém, as operadoras de cartões de créditos chegam a “cobrar até 80% de juros anuais”, ressalta. Logo, com a inadimplência, os bancos estão mais cautelosos na hora de conceder empréstimos.

A publicação diz ainda que a confiança do consumidor está em declínio, o que pode refletir no PIB brasileiro: espera-se que o produto interno cresça 2,4%, depois de ter atingido 7,5% em 2010. “Para complicar as coisas, o boom de consumo do Brasil provocou uma taxa de inflação de 6%”, levando o Banco Central a elevar as taxas de juros para controlar a inflação em meio a uma economia lenta.

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Países emergentes
Os problemas do Brasil oferecem um aviso para os mercados emergentes, avisa o jornal: o aumento de consumidores de classe média no mundo em desenvolvimento. “As altas taxas de crescimento tiraram milhões da pobreza nos últimos 10 anos, trazendo mais pessoas para a classe média e introduzindo muitos deles ao crédito pela primeira vez.” 

Na Tailândia, a dívida das famílias aumentou 88% entre 2007 e 2012, em parte devido aos programas de estímulo do governo que incentivou as vendas de automóveis. Na África do Sul, empréstimos ao consumidor chegaram a quase 40% do PIB. Os consumidores russos compraram quase 80% a mais em seus cartões de crédito em 2012 do que no ano anterior. Em junho de 2013, cerca de 5% de empréstimos ao consumidor brasileiro tiveram 90 dias de atraso, o dobro da taxa da Índia e, mais do que o México, África do Sul e Rússia.

“Parte do problema, dizem alguns economistas, é que o Brasil se concentrou demais em políticas destinadas a aumentar o consumo em vez de melhorar portos e estradas para ajudar a produção econômica no longo prazo”, finaliza o jornal.