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Crescem demanda e preço do seguro para automóvel no Brasil, apontam indicadores

Procura em janeiro pela proteção aumentou 2,27%; valores das apólices subiram mais: 3,1%

Jamille Niero

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O ano de 2023 começou com mais consumidores interessados em contratar o seguro automóvel. E a alta não foi apenas na procura, mas também nos preços das apólices. Segundo o Índice Neurotech de Demanda por Seguros (INDS), que considera o volume de consultas realizadas na plataforma da companhia, a busca por seguros de automóveis cresceu 2,27% ante dezembro do ano passado. Em relação a 12 meses, o crescimento foi de 17,39%.

No comparativo mensal, quase todos os estados analisados separadamente pelo índice apresentaram crescimento, com destaque para Rio de Janeiro (8,41%), São Paulo (5%) e Minas Gerais (2,41%). As exceções foram Rio Grande do Sul (-5,56%) e Paraná (-3,16%). Considerando os últimos 12 meses, no entanto, três estados apresentaram queda de demanda: Minas (-5,56%), Rio de Janeiro (-2,56%) e Paraná (-2,13%). Já Rio Grande do Sul e São Paulo registraram incremento de 3,03% e 0,96%, respectivamente.

“Nem todas as consultas registradas são efetivadas, pois a aceitação da apólice depende de diversas variáveis de risco que vão impactar no seu valor”, ressalta Daniel Gusson, head comercial de Seguros da Neurotech. O executivo explica que o momento do mercado segurador é marcado pelo forte aumento dos preços dos seguros, acima da inflação. Em grande parte, a elevação está relacionada à valorização dos usados, que impactou a tabela Fipe, além do interesse da população em renovar o seguro dos veículos. Em alguns casos, os valores das coberturas chegaram a triplicar de preço.

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Outro índice do mercado corrobora confirma essa alta. De acordo com o Índice de Preços do Seguro Automóvel (IPSA), da insurtech TEx, o índice geral de Seguro Auto chegou a 6,6%, voltando ao nível mais alto de 2022. Com isso, o índice apresenta aumento de 15,7% no acumulado dos últimos 13 meses e na comparação com o mês anterior, sinaliza alta de 3,1% em janeiro.

O CEO da TEx, Emir Zanatto, também sinaliza que a valorização dos usados é um dos principais fatores que impactaram na alta dos preços. “Como sabemos, o valor Fipe dos usados subiu, em média, 20%, o que é atípico. Com isso, o furto/roubo e o comércio paralelo de peças crescem elevando assim a sinistralidade geral”, explica.

Contudo, Zanatto aponta outro fator para o aumento, ligado à crise dos semicondutores e o desarranjo do mercado de autopeças durante a pandemia que ainda impacta o setor. “Isso fez com que o reparo dos veículos ficasse mais caro e demorado, levando os clientes a utilizar mais o carro reserva, o que aumenta os custos para as seguradoras. Menos veículos novos e peças no mercado impactam em busca por peças de mercados paralelos”.

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Ainda em relação ao desarranjo do setor automotivo, Zanatto destaca duas grandes montadoras que estão interrompendo algumas linhas de produção novamente, o que deverá impactar o preço do seguro futuramente, além do aumento nos índices de roubo e furto em algumas regiões, como no estado de São Paulo, onde houve crescimento de 14% em 2022 na comparação com 2021.

Na análise regional, a Região Metropolitana de São Paulo pagou 7,3% (do valor do seguro do carro) a mais em comparação a Região Metropolitana de Belém, que tem o valor do seguro do carro na casa dos 4,5%. Especificamente na cidade de São Paulo, o IPSA revela que na Zona Leste é 77% superior à região central. Já em Belo Horizonte, o índice apresentou uma amplitude menor. A Zona Oeste, região com maior índice da cidade, pagou 43,2% a mais do que a Zona Sul e Centro, regiões com os menores índices. Na capital fluminense, a Zona Norte segue com o maior índice (8,7%) enquanto a Zona Sul do Rio de Janeiro obteve o menor valor (4,9%).

Observando os dados por gênero, seguindo o índice geral, o IPSA registrou aumento em ambos os sexos. Para o masculino houve alta de 7,1%, já no feminino o crescimento foi menor, 6,1%. Quando comparados a janeiro de 2022, 12 meses antes, os aumentos foram de 18,3% no masculino e 15,1% no feminino.

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Já na análise por faixa etária, a elevação do índice geral afetou de forma similar todas elas, com destaque, no acumulado dos últimos 12 meses, para crescimento da faixa mais sênior (56 ou mais anos), com 17,8% de alta.

Em relação ao ranking dos carros mais cotados, o Chevrolet Onix segue na liderança com 6,8% do volume total, seguido pelo Hyundai HB20 com 5,3% e o Hyundai Creta com 3,4%. Vale lembrar que o top 10 dos carros mais cotados representa 33,5% do total de automóveis cotados no mês de janeiro.

Avaliando os veículos híbrido, elétrico e a combustão com até dois anos de idade, Zanatto destaca que os automóveis elétricos/híbridos possuem o IPSA em média 30% inferior aos veículos à gasolina. “Isso provavelmente ocorre porque ainda não existe um mercado paralelo para as peças de carro elétrico, então o roubo/furto desses veículos é menor. O roubo/furto pode representar mais de 50% do preço do seguro em algumas regiões”.

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Outro ponto destacado é justamente a variação do índice de veículos a diesel, que saltou de 3,8% para 5,9% nos últimos 13 meses, gerando um aumento de 55% no período.

Veja também 1º episódio do videocast “Tá Seguro”

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa.