Fui demitido, e agora? Veja como lidar, conheça os seus direitos e leia dicas para se recolocar no mercado

A demissão nunca é fácil, mas veja o que profissional tem direito a receber e em quais prazos

Giovanna Sutto

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Nesta semana, o Quinto Andar, empresa de venda e aluguel de imóveis online, demitiu cerca de 160  pessoas, 4% do seu quadro de funcionários. Havia rumores de que o número seria amplamente maior, chegando a 20% do total de 4 mil empregados, mas a empresa desmentiu a informação e e ressaltou seus dados do último trimestre com aumentos de dois dígitos.

Se demissões já causam transtornos para as companhias, para os funcionários que são demitidos, a experiência é muito pior – especialmente quando o desligamento acontece de forma abrupta ou quando se passa por isso pela primeira vez.

No LinkedIn, muitos desses ex-funcionários expressaram suas frustrações pela situação.

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“Essa semana está muito atípica, recebi a notícia do meu desligamento do QuintoAndar e foi a primeira vez em 10 anos de carreira que isso aconteceu, fiquei um pouco desnorteado e demorei para digerir tudo”, escreveu um ex-funcionário.

Outra pessoa demitida descreveu como foi passar pela situação pela primeira vez na carreira. “Que sensação horrível! Mesmo muito triste com toda a situação, não posso deixar de me despedir e agradecer a todos que fizeram parte dessa jornada”, afirmou outra ex-funcionária.

Ao InfoMoney, outra ex-empregada afirmou que a demissão chegou de surpresa. “Eles estavam estruturando várias áreas e informaram que a nossa seria encerrada, mas disseram que iriam nos realocar dentro de novas áreas. Aguardamos cerca de dois meses por essa movimentação até que recebemos a notícia de demissão”, explicou.

Apesar das dificuldades do momento, o profissional precisa ficar atento aos direitos que tem ao ser desligado pela empresa – em situações sem justa causa.

O InfoMoney compilou as principais informações sobre os direitos do funcionário que trabalha sob o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), bem como dicas para prosseguir na carreira depois de uma demissão. Confira.

Demissão sem justa causa

Para entender os direitos do trabalhador diante de uma demissão, é preciso compreender qual foi a situação.

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Há três possibilidades para o desligamento de um colaborador: 1) demissão sem justa causa; 2) demissão por justa causa; e 3) demissão a pedido do funcionário.

Segundo Flavia Oliveira, advogada trabalhista do Andrade Foz Advogados, o desligamento sem justa causa significa que não houve motivos graves para a demissão, isto é, não houve infração ou erro passível de punição via lei trabalhista como assédio ou insubordinação.

Quando o funcionário comete alguma falta grave, pode ser demitido por justa causa e, neste caso, não terá direito a alguns benefícios trabalhistas garantidos pela CLT como o recebimento de aviso prévio, férias proporcionais, 13º salário proporcional, seguro-desemprego e saque do FGTS.

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Quais os direitos do trabalhador em caso de demissão sem justa causa?

Em caso de demissão sem justa causa, os empregados devem ficar atentos ao prazo para pagamento de verbas rescisórias e aos valores dos direitos rescisórios. Segundo Oliveira, o prazo para o recebimento é de 10 dias da data de dispensa.

“Considerando uma dispensa sem justa causa, o funcionário tem direito a receber aviso prévio indenizado (30 dias acrescido de 3 dias para cada ano adicional de trabalho até o limite de 90 dias), 13° proporcional, férias proporcionais, além da multa de 40% em cima do que foi depositado no FGTS”, explica a advogada.

Se houve PLR, o profissional demitido também terá direito a receber o valor proporcional ao tempo de serviço referente ao ano de apuração dos lucros e resultados.

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Leia também: Quais são os sinais de que estou prestes a ser demitido?

O que fazer depois da demissão

Além dos direitos trabalhistas esse momento traz também muitas incertezas, afinal, perder o emprego pode impactar na renda da família e dificultar a situação financeira em casa.

Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira e educação corporativa, e Luciana Mariano, coordenadora de empregabilidade da PUC Carreiras, separaram seis dicas que podem ajudar o profissional que foi demitido a direcionar os próximos passos. Veja:

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  1. Tenha calma. Ser demitido faz parte da jornada, e ficar desempregado não é demérito. Use este período para revisar seu posicionamento profissional e criar uma narrativa positiva sobre sua carreira. Buscando aprendizados e amadurecimento;
  2. Faça um minucioso inventário de suas competências. Separe quais são os seus conhecimentos, habilidades e experiências no formato que achar mais fácil de se organizar;
  3. Atualize seu currículo e LinkedIn considerando seu inventário de competências atualizado;
  4. Inclua em seu currículo métricas e indicadores que demonstrem suas capacidades e qualidades de entrega;
  5. Ative seu networking e amplie sua rede de contatos para que eles saibam sobre seu momento. A ideia não é pedir emprego, mas sim dicas sobre oportunidades e novos aprendizados.
  6. Busque contar de maneira objetiva e jamais fale mal de seu antigo empregador. Não minta sobre o motivo da demissão, entretanto não é necessário se alongar e nem usar muitas justificativas. Tente focar em outros pontos que culminaram neste desligamento, em uma redução de vagas por exemplo, ou reestruturação da organização. Mostre sua gratidão por ter feito parte daquele antigo emprego, e que mesmo em meio a dificuldade ressalte como isso te proporcionou crescimento e aprendizado.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.