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SÃO PAULO — Diante da alta dos preços dos combustíveis, andar de carro vem saindo mais caro nos últimos meses. O litro da gasolina subiu 27% de janeiro a agosto, segundo o Índice de Preços Ticket Log (IPTL).
A pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostra que a gasolina, cujo preço médio ficou em R$ 6,007, chegou a ser vendida a R$ 7,199 na semana de 29 de agosto e 4 de setembro, segundo a divulgação mais recente. No mesmo período, o etanol, cujo preço médio ficou em R$ 4,611, chegou a ser encontrado por R$ 6,999.
Em reportagem recente, o InfoMoney explicou que entre os motivos que levam os preços para cima estão a cotação em dólar do petróleo, a variante delta e os riscos geopolíticos.
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Mas diante da crise econômica gerada pela pandemia e taxa de desemprego alta, como fica a situação do consumidor que tem carro e precisa usá-lo para se locomover?
Um estudo da consultoria automotiva Jato Dynamics mostra que, se o motorista aplicar boas práticas de direção e manter uma disciplina em relação à manutenção do carro, é possível reduzir em até 35% o consumo médio de combustível.
“Por mais simples que as dicas pareçam, aplicadas no dia a dia podem sim fazer a diferença – ainda mais em um momento como o que estamos passando”, explica Milad Kalume Neto, diretor da Jato Dynamics.
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Segundo ele, carros usados e seminovos tendem a ter uma performance de economia mais próxima desses 35% — desde que o consumidor siga as dicas — do que os carros novos.
“O carro novo está todo ajustado, funcionando dentro dos parâmetros de fábrica, então, seu motor está mais eficiente, injeção eletrônica nova, tecnologias funcionando 100%. Nesses casos, ao seguir as dicas de forma conjunta o consumidor vai conseguir economizar cerca de 20% do combustível, na média”, diz o executivo.
Além de Milad, o InfoMoney conversou também com Raphael Galante, economista especializado no setor automotivo e colunista do InfoMoney, para entender como economizar. Diante do cenário, as dicas dos especialistas são bem-vindas, mas são válidas em qualquer circunstância, inclusive para carros flex. Confira abaixo.
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1. Não estique as marchas na hora da troca
Quanto mais você respeitar a rotação do motor, melhor serão o rendimento e o consumo do carro.
A rotação do motor é medida pelo RPM (rotações por minuto) e as passagens de marcha devem ser realizadas quando a rotação atingir, na média, entre 2.000 rpm e 2.500 rpm — muitos carros sinalizam o momento recomendado para a troca de marcha e esse patamar pode variar a depender do modelo.
Na maioria das vezes, ao ultrapassar essa faixa de giro, o consumo de combustível aumentará já que a pessoa fica acelerando, forçando a marcha de forma desnecessária.
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Na prática, isso significa que é recomendado evitar esticar as marchas para não gastar combustível a mais sem necessidade.
2. Mantenha o cuidado com os pneus
O motorista deve ficar atento à calibragem dos pneus do carro: pneus murchos consomem mais combustível, porque aumentam a área de contato, portanto, o atrito com a via. É como se o carro ficasse “agarrado” ao chão, exigindo uma performance acima do necessário e, assim, consumindo mais combustível.
Vale lembrar, porém, que a recomendação não é calibrar o máximo que der, pelo contrário. Os pneus devem ser calibrados de acordo com a recomendação de fábrica. Encher demais o pneu, vai ter um outro efeito: vai gastar a borracha mais rápido, e não é um item barato de se trocar.
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O alinhamento também precisa estar em dia porque quando é feito desgasta menos o pneu.
3. Use menos o ar-condicionado na cidade
O ar-condicionado do carro recebe carga do motor para funcionar por meio de uma conexão interna, portanto, impacta o consumo de combustível de forma direta.
Dessa maneira, o consumidor pode tentar deixar as janelas abertas e evitar o usar o ar quando possível. Mas sempre vale ponderar a segurança e a situação.
4. Evite as janelas abertas na estrada
Se na cidade idealmente é melhor usar as janelas abertas, na estrada a dica é oposta: ao andar com as janelas abertas em alta velocidade cria-se uma resistência contrária à direção que o carro está indo, o que atrapalha a aerodinâmica do carro.
Como consequência, o consumo de combustível aumenta – em alguns casos, pode ser até maior do que o gasto com o ar-condicionado ligado. Portanto, a ideia é achar um equilíbrio e fazer uso do ar e das janelas de maneira inteligente.
5. Evite o ponto morto
Alguns motoristas costumam usar a famosa “banguela”, ou seja, deixar o carro no ponto morto enquanto desce um declive, por exemplo. Mas a recomendação dos especialistas é evitar deixar andar com o carro no ponto morto.
Ao deixar o carro no ponto morto, o motor fica injetando combustível a todo momento para que o veículo não morra o que aumenta o consumo de combustível – ao contrário do que muitas pessoas pensam.
Assim, ao descer a serra no sentido do litoral, por exemplo, a dica é deixar o carro engatado na descida e acelerar pouco aproveitando o terreno.
Ainda, há alguns “vícios” dos motoristas que não são recomendados. Um exemplo, é acelerar o carro no ponto morto ou desengatado para “esquentar”.
Ao fazer isso, o consumidor está desgastando as peças e acionando o motor de forma desnecessária e consumindo combustível à toa.
6. Não acelere, nem freie bruscamente
Outra dica é manter uma postura pacífica no trânsito. Atitudes agressivas, como acelerar e frear bruscamente também impactam o consumo de combustível.
Acelerar de forma abrupta aumenta o giro do motor e exige mais energia do sistema como um todo, o que vai fazer com o veículo consuma mais gasolina do que o necessário.
Da mesma forma, ao brecar de forma abrupta em uma situação que essa atitude não é exigida (como para evitar um acidente, por exemplo) também exige mais energia do carro que o necessário para o ato de diminuir a velocidade.
7. Mantenha a velocidade constante
Na mesma linha da dica anterior, a dica é manter uma constância na direção, o que naturalmente vai ajudar na economia de combustível.
Ao manter uma direção constante você equilibra o motor e exige o mínimo de energia possível.
Não há como manter a velocidade constante 100% do tempo, mas ter isso em mente no dia a dia pode ajudar.
8. Faça as manutenções preventivas
As manutenções preventivas são cruciais para manter o carro eficiente e econômico. Com tudo funcionando sem falhas, a tendência é que o veículo tenha uma performance otimizada.
Assim, é essencial verificar regularmente o desempenho do carro, e observar se é preciso trocar filtros de ar, de óleo, de combustível e fazer a substituição das velas, por exemplo.
O desafio, no entanto, é o motorista manter a disciplina e cuidar do carro como manda a recomendação dos especialistas.
Para ter uma ideia dos efeitos no dia a dia: um filtro de ar sujo, por exemplo, reduz o fluxo de ar para o motor e prejudica o rendimento do motor. Ideal é seguir os períodos de trocas indicados no manual do carro.
Ainda, óleo de má qualidade ou mesmo vencido vai aumentar o atrito do motor, provocando aquecimento, o que — além de perigoso — também aumenta o consumo de combustível.
De forma geral, é preciso ficar de olho na “saúde” do motor para não causar desgaste excessivo e consequente aumento de consumo.
Ainda, as manutenções preventivas tendem a ser mais baratas do que as chamadas corretivas, quando há um problema diagnosticado para se resolver. Então, inclusive para o bolso do consumidor, é melhor ficar atento com as manutenções.
9. Reduza o peso do veículo
Outra dica é evitar o peso extra no carro. Na prática, quanto maior o peso do carro, maior o gasto de combustível.
Uma caixa no porta-malas não faz diferença, mas caixas de ferramentas, equipamentos, suportes para bicicletas, bagageiros removíveis, ou produtos que o motorista não usa e ficam no carro podem ser retirados. A ideia é carregar somente o essencial.
Outra dica é manter o veículo limpo de barro, por exemplo, que pode dar essa carga extra. O consumidor tem várias opções para tentar economizar combustível. Por mais simples que sejam as dicas, vale tentar, conforme explicaram os especialistas.
Um estudo do Escritório de Eficiência Energética e Energias Renováveis dos Estados Unidos (EERE) pontua que a cada 45 kg extras no veículo o consumo de combustível aumenta 1%.
10. Escolha os postos de combustíveis certos
A qualidade do combustível também precisa ser levada em consideração. É importante o consumidor ficar atento à marcas desconhecidas e valores fora da realidade atual.
A dica para o consumidor é abastecer em um posto de confiança para evitar os famosos combustíveis “batizados”, alterados ou mesmo as bombas com defeitos.
Outra dica é se organizar para viagens longas para evitar abastacer no primeiro posto de combustível encontrado. Afinal, devido à falta de oferta esses postos podem elevar o valor para o consumidor e aumentar sua margem.