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SÃO PAULO – Os juros no Brasil funcionam como um “seguro financeiro” contra a inadimplência. A opinião é do presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro.
De acordo com ele, isso acontece porque, no Brasil, o risco do crédito não é bem dimensionado nem gerenciado, o que prejudica a sua qualidade.
“A cobrança de juros elevados é um repasse da expectativa de perda futura às novas transações, em que o bom pagador paga pelo mau, independentemente de sua reputação creditícia”, explicou.
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Modelo de concessão
Uma opção para evitar o uso dos juros como um seguro seria abrir mão das informações negativas, que são imperfeitas e ultrapassadas, de acordo com Loureiro.
Por meio das informações negativas, o mercado opta por emprestar para quem não deveria, segundo o presidente da Serasa.
“Para ilustrar o risco que se assume diariamente no crédito, as estatísticas oficiais mostram os dados do sistema bancário e não se sabe o quanto um cidadão tem de dívidas no comércio, em serviços etc.”.
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Cadastro positivo
Para Loureiro, a ruptura deste modelo é urgente, sendo necessária a implementação do cadastro positivo, que considera a posição de todos os compromissos assumidos pelo consumidor, em todos os setores econômicos.
“A partir dos hábitos de pagamento, é conhecido o risco individual, que abre espaço para a prática de juros individualizados. Com a composição dos riscos individuais, se tem o risco coletivo”.
O cadastro positivo é visto como um instrumento que poderia expandir a oferta de crédito no Brasil, que já se encontra em evolução. Em 2005, a proporção do crédito sobre o PIB (Produto Interno Bruto) era de 28,1%, mas passou a 45% no ano passado e a previsão da Serasa é de que chegue a metade do produto neste ano.