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SÃO PAULO – A cidade de São Paulo tem um novo indicador que mede o bem-estar e a felicidade. A partir de hoje, o chamado de WBB (Well Being Brazil), ou Índice de Bem-Estar Brasil, irá mensurar o nível de felicidade os paulistanos a partir de suas percepções em relação à vida e aos serviços públicos.
O WWB foi divulgado nesta terça-feira (14) pela FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), em parceria com o Movimento Mais Feliz, organização focada em comunicação e articulação de projetos sociais, e a rede social MyFunCity, aplicativo que permite que cidadãos avaliem a qualidade das cidades.
O índice foi lançado em março de 2013, quando o site www.wbbindex.org foi inaugurado para coletar os dados para a pesquisa. No endereço, o WBB foi desenvolvido com base em informações fornecidas pelos cidadãos da cidade de São Paulo sobre 10 temas: meio ambiente, transporte e mobilidade, família, redes de relacionamento, profissão e dinheiro, educação, governo, saúde, segurança e consumo.
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Primeiros resultados
Apesar de ser um índice nacional, o WBB terá leitura regional de cada um dos temas pesquisados. Na capital paulista, os resultados foram pouco otimistas em relação ao poder público, transporte e mobilidade e saúde, mas satisfeitos com a família, rede de relacionamentos e vida profissional e financeira.
No geral, os cidadãos estão satisfeitos com sua vida. Cerca de 60% estão totalmente ou relativamente satisfeitos. Quase 30% afirmaram estar indiferentes com a satisfação e 12% estão relativamente ou totalmente insatisfeitos.
Entre as classes sociais, as mais altas (A e B) tendem ser menos satisfeitas com a vida na cidade, em comparação às classes mais baixas (C, D e E). Segundo pesquisadores, tal fato está relacionado ao nível de escolaridade e conhecimento. “A principal conclusão que tivemos foi que o cidadão vive extremamente bem, só que ele é extremamente crítico com o que ele recebe da cidade. Os paulistanos são uns dos mais satisfeitos”, afirmou o professor da FGV e coordenador da pesquisa, Fabio Gallo.
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Por setores que compõe o bem-estar na cidade, o poder público foi o mais insatisfatório para os paulistanos. Em uma escala de 0 a 5 (sendo zero o máximo de insatisfação e 5 seu ápice de satisfação), a área teve uma média abaixo de 1,5. As piores avaliações da sociedade estão relacionadas à atuação dos vereadores, deputados federais, senadores e deputados estaduais, respectivamente. Todos estes receberam notas abaixo de 1. O item melhor avaliado no poder público é a atuação da prefeitura, com um pouco mais de 2.
Outra área mal avaliada é a de transporte de mobilidade, com uma satisfação média de 2,7. O tempo gasto no trânsito e qualidade do transporte público são as principais insatisfações do paulistano em relação à mobilidade. Outro setor pior avaliado foi segurança, influenciado, principalmente, pela visão pessimista do cidadão em relação ao nível de violência na cidade, trabalho da polícia e controle das fronteiras do Brasil.
Na área da saúde, os maiores destaques ficaram por conta da vida sexual do paulistano (item mais satisfatório) e a rede pública de saúde da cidade (menos satisfatório). No consumo, o abastecimento de água foi o melhor avaliado e os serviços do plano de saúde do cidadão, o pior. Em relação ao meio ambiente, o nível de barulho e a qualidade do ar são os aspectos que mais interferiram de forma negativa na vida do paulistano.
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Já entre as áreas que tiveram as melhores avaliações foram família, rede de relacionamentos e vida profissional e financeira. Esta última, fortemente influenciada pela grande oferta de trabalho na cidade de São Paulo, obteve nota próxima da pontuação máxima, 5. Entre os itens mais satisfatórios estão relacionados ao emprego e ambiente de trabalho. Vida financeira e questões sobre dinheiro guardado foram as mais insatisfatórias, o que mostra que o paulistano tem dificuldade em deixar as contas em dia e planejar sua aposentadoria.
Nas redes de relacionamentos, foi constatado que os cidadãos têm baixa qualidade de lazer, o que compromete o convívio social em São Paulo. Por outro lado, a relação com os amigos e a convivência com os vizinhos são satisfatórias.
Outro destaque da pesquisa foi a satisfação com a família. Apesar de reclamarem de ter pouco tempo para passar com os familiares (fato influenciado por outros itens, como tempo gasto no trânsito), o núcleo familiar é o que mais contribuiu para o bem-estar do paulistano. “A variável Família apresentou-se, entre as 10 componentes do WBB, como a melhor performance, já que a satisfação média e os seus seis indicadores mostraram-se mais próximos com a relevância apontada pelos respondentes”, informou o estudo.
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Metodologia
O processo para elaboração do índice é composto por três fases. A primeira fase da pesquisa considerou apenas indivíduos residentes na cidade de São Paulo. Nesta etapa, 786 pessoas responderam voluntariamente ao questionário desenvolvido para medir o índice no Brasil, seguindo todo rigor acadêmico e aplicado de maneira completa considerando a realidade do nosso país. A seleção dos entrevistados levou em conta itens como idade, sexo e nível socioeconômico.
Ainda estão previstos no projeto inicial audiências públicas em dez cidades brasileiras com a presença de gestores públicos e sociedade civil para apresentar dados coletados, compartilhar sugestões e críticas que possibilitem qualquer ajuste necessário no processo e a apresentação do indicador.