“Open Banking no Brasil pode virar modelo para o mundo”, diz responsável pela implementação no Reino Unido

Entidades no exterior avaliam Open Banking como excelente oportunidade para o Brasil desenvolver o Sistema Financeiro Nacional

Giovanna Sutto

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Open Banking ainda é um projeto incipiente no Brasil, embora esteja sendo desenvolvido e analisado pelo regulador Banco Central e seus participantes diretos e indiretos há alguns anos.

Atualmente, o novo ecossistema financeiro, que vai permitir que o consumidor escolha compartilhar seus dados pessoais de um banco para o outro, está na etapa um da segunda fase – que conta com quatro etapas no total. Por enquanto, uma pequena fatia de consumidores, mais precisamente apenas 0,1% da base de clientes de instituições participantes, têm acesso ao compartilhamento.

À medida que o Open Banking vai sendo implementado de forma gradual no Brasil, a expectativa é que mais pessoas compreendam as possibilidades e adotem o compartilhamento em algum nível, conforme João de Pinho Mello, diretor do BC, já pontuou recentemente.

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E o que ninguém esconde por aqui é que o projeto de Open Banking é ambicioso: a ideia é abranger o sistema financeiro, já em andamento, e mais para frente a ideia evoluir para o setor de seguros, com o Open Insurance, e também o de investimentos, com o Open Investments. Vale lembrar que o InfoMoney fez uma reportagem especial sobre o tema.

E no exterior os passos que aqui estão sendo dados são vistos com bons olhos.

“A parte mais difícil do Open Banking é começar. É ajustar a regulação, centralizar as regras e colocar o projeto para funcionar. Isso está sendo feito no Brasil e tivemos dificuldades no Reino Unido. O Brasil fez a lição de casa, tem prazos ambiciosos e tem tudo para se tornar um líder global e virar modelo para o mundo dado o potencial”, afirmou Imran Gulamhuseinwala, líder da entidade de implementação do Open Banking no Reino Unido, nomeado pela Competition and Markets Authority, versão britânica do Cade.

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Ele participou de um evento promovido pela consultoria Accenture e pela bandeira de cartões Mastercard sobre Open Banking nesta quarta-feira (01).

Segundo ele, a implementação do Open Banking em um país emergente e extenso em termos de território como é o Brasil pode ser um incentivo para outros países ao redor do mundo começarem a adotarem o ecossistema.

Veja o vídeo da Semana Open Banking promovida pelo InfoMoney que trouxe um pouco da comparação entre o Open Banking no Brasil e no Reino Unido:

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Como vai aparecer na vida do consumidor?

Edlayne Burr, diretora se serviços financeiros da Accenture, também participou de um painel do evento em que destacou quatro modelos de negócios que a consultoria espera ver no Brasil como reflexo da chegada do Open Banking, baseado em um estudo que compara modelos do ecossistema em Hong Kong, Cingapura e outros países.

Na prática, ela antecipa um pouco do que o cliente pode esperar encontrar com o Open Banking mais maduro em um futuro breve.

Veja os destaques:

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Segundo ela, o modelo de gestão de dados pessoais deve aparecer em breve para os consumidores brasileiros. A ideia é que o consumidor possa ter acesso em uma única tela a todos os provedores de serviços financeiros que usa, facilitando a visualização e a gestão de dados.

Esse tipo de serviço, pré-Open Banking, já era prestado por empresas como o Guiabolso, agora do Pic Pay, ou a Fliper, do grupo XP Inc., que unem em um único app diferentes provedores – mas sempre precisando fazer acordos bilaterais para que os provedores aparecessem em seus respectivos dashboards.

Com o Open Banking, todas essas parcerias e conexões entre prestadores de serviços e os provedores será agilizada permitindo que mais provedores apareçam em apps como os mencionados.

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Na prática, a ideia é que você continue sendo cliente do mesmo banco, mas acesse as informações e faça a gestão dos seus serviços por outro canal, que não o app ou internet banking desta instituição (saiba mais aqui).

O conceito do marketplace é a ideia de um shopping financeiro, como já vemos funcionar com corretoras de investimentos, como a XP, por exemplo.

Mas a ideia é que o cliente, no limite, possa acessar o site do banco A e tenha acesso a serviços da fintech B e da corretora C porque esses players fecharam parcerias para ofertarem seus produtos no mesmo lugar.

Essa modalidade vem ganhando muito espaço no exterior, segundo Edlayne, e se tornando mais popular entre os clientes pela praticidade de encontrar tudo no mesmo lugar e poder consumir diretamente dali, além de atrair novas fontes de receitas para os players envolvidos, já que exposição em vitrines antes não consideradas.

Outro caminho que Edlayne acredita que o Open Banking no Brasil deve desenvolver mais rapidamente é no segmento de crédito. Com mais transparência, o sistema como um todo terá scores de crédito mais acurados possibilitando a personalização de produtos e serviços adequadas ao histórico do cliente.

O InfoMoney explicou em uma reportagem recente os impactos do Open Banking na vida dos inadimplentes, por exemplo, e também já mostrou a principais mudanças esperadas para setor. 

Assim, segundo ela, o sistema como um todo ficará mais competitivo gerando boas oportunidades para os clientes.

Ela também afirmou que a adoção em larga escala do Pix no Brasil pode ajudar a acelerar a adoção do Open Banking através dos iniciadores de pagamentos, especialmente em comprar em e-commerces.

Essa integração entre Pix e Open Banking vai acontecer na terceira fase do Open Banking, que era prevista para começar no último dia 30, mas foi adiada para entrar em vigor em 29 de outubro. Na prática, o consumidor poderá iniciar e efetuar pagamentos em lojas online diretamente fazendo um Pix via WhatsApp, por exemplo (saiba como vai funcionar aqui).

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.