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SÃO PAULO – Educação financeira. Existe idade para começar a falar sobre dinheiro
com os filhos? A questão é natural e muitos especialistas no assunto abordam o tema.
Uma coisa é certa: esses conceitos devem fazer parte da formação das crianças o quanto antes, de forma natural e sem crise.
Semanada ou Mesada
Cassia D´Aquino, criadora e coordenadora do Programa de Educação Financeira
em várias escolas, além de autora de diversos livros e artigos sobre o tema,
estabelece, de forma simples, o conceito de idade para facilitar o trabalho dos pais: para crianças de 6 a 11 anos, pode-se dar R$ 1 por idade por semana, iniciando assim o conceito de ser responsável pelo seu próprio dinheiro.
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A partir dos 11 anos, pode-se calcular uma quantia justa, definida por meio de conversa com o pré-adolescente, onde serão definidos quais gastos serão cobertos pela mesada (o lanche da escola? O cinema com os amigos? O passeio ao shopping?).
E para os pequenos? Qual o conceito? Cássia recomenda que sejam dadas pequenas quantias, uma vez por semana. Como a criança não tem ainda muito entendimento quanto à passagem do tempo (dias do mês, da semana etc.), é interessante fazer isso com o apoio de um calendário.
Assim, a criança vai riscando os dias da semana para saber, do jeito dela, quanto falta para receber a semanada novamente, e até se planeja para isso. “Crianças adoram esperar, embora muitos pais achem que não”, destaca.
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Visão de curto prazo
Vale lembrar que os pais podem estabelecer critérios de acordo com sua realidade (semanada ou mesada). Cássia destaca que as crianças conseguem trabalhar melhor com prazos menores, pois não conseguem estabelecer objetivos de longo prazo.
Para o aprendizado, é interessante traçar metas, com a criança, que possam ser alcançadas rapidamente: juntar dinheiro para a compra de um brinquedo, para passear em um parque diferente etc. Assim ela entende melhor os resultados.
A especialista alerta, no entanto, que assim como idade para começar, é importante estabelecer um marco para o “término” desta etapa: “talvez a entrada na faculdade seja um bom momento para isso”, destaca.
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Aprendendo a tomar decisões
Para Fernanda de Lima, autora do livro “Viva melhor administrando suas finanças”, a grande vantagem da mesada é que incentiva a criança a tomar decisões sobre como usar o seu dinheiro.
Este é o momento para explicar as vantagens de se poupar: explique que o dinheiro cresce se é aplicado. Fernanda destaca: “dê a mesada, de forma a incentivar a criança a poupar. Ao invés de uma nota de R$ 20, dê quatro notas de R$ 5: fica mais fácil separar uma nota para poupar. Estimule, mas não force a criança a poupar: deixe que tome suas decisões, errar faz parte”.
Para ensinar a criança a controlar o dinheiro, Fernanda recomenda dar a mesada em um envelope e pedir para a criança guardar os recibos de tudo o que comprou, ou anotar os gastos. Ao final do mês, ambos devem avaliar, juntos, para onde foi o dinheiro. “Discuta com a criança o que a motivou a gastar. Aos poucos, ela aprende a tomar decisões mais conscientes, evitando o gasto por impulso”, esclarece.
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Pais: sempre um exemplo
Gustavo Cerbasi, autor de livros sobre o tema, entre eles “Filhos inteligentes enriquecem sozinhos”, argumenta que, neste processo de aprendizado, os pais são referência. “As crianças começam a conhecer as finanças muito cedo, ao verem seus pais negociarem uma compra ou forma de pagamento”, esclarece.