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O ex-primeiro-ministro David Cameron vai assumir a pasta de Relações Exteriores do Reino Unido, num movimento que significa sua volta ao governo após sua saída em 2016, quando sua posição contrária ao Brexit foi derrotada no referendo que iniciou o processo de saída do país da União Europeia.
Seu retorno, no entanto envolve um momento de grande tensão entre os conservadores. Ele vai ocupar a cadeira que era de James Cleverly, chamado para substituir Suella Braverman no Ministério do Interior, demitida nesta segunda-feira (13) pelo primeiro-ministro Rishi Sunak.
Braverman, uma expoente da ala mais à direita do partido, sucumbiu à pressão tanto da oposição trabalhista quanto de membros mais moderados de seu partido após ter assinado artigo no jornal The Times neste final de semana no qual acusou a polícia britânica de ser mais conivente com manifestantes de esquerda.
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No artigo, publicado sem o aval do primeiro-ministro, ela argumentou a polícia britânica protegia propositadamente manifestantes pró-palestinos, membros do movimento antirracismo Black Lives Matter e pessoas de esquerda nos protestos de rua, em comparação com a manifestações da direita radical e dos opositores ao confinamento determinado durante a pandemia de covid-19.
Jornais apontaram que críticos atribuíram a essas opiniões da ex-ministra conservadora ao grau de violência da manifestação da extrema-direita neste domingo, no centro de Londres, que culminou em confrontos com a polícia. No mesmo dia, milhares de pessoas juntaram-se na capital britânica para pedir um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.
As críticas a Braverman vieram até de dentro de sua pasta. A secretária do Interior, Yvette Cooper, classificou o artigo de “altamente irresponsável” e que ele teria inflamado as tensões, tornando o trabalho da polícia mais difícil.
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O jornal The Guardian disse que Cameron tem mantido um perfil relativamente discreto desde que deixou o governo, embora tenha sido envolvido num escândalo há dois anos, quando pressionou os ministros para fornecerem financiamento à agora insolvente empresa de serviços financeiros Greensill Capital.
Ele voltou às manchetes no mês passado quando criticou a decisão de Sunak de cancelar a linha ferroviária de alta velocidade HS2 entre Birmingham e Manchester.
Para o jornal, a decisão de Sunak de trazer Cameron de volta provavelmente agradará os moderados do Partido Conservador, que estava incomodados a retórica mais à direita de Braverman em questões como imigração, policiamento e falta de moradias. Mas também há um risco de provocar reações dos mais radicais que vão lembrar sua fracassada campanha para permanecer na UE.
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Pat McFadden, coordenador da campanha nacional trabalhista não perdeu a chance de provocar o primeiro-ministro. Ele lembrou que Sunak disse recentemente que David Cameron fazia parte de um “status quo fracassado”. “Agora ele o está trazendo de volta como seu bote salva-vidas. Isso acaba com a afirmação ridícula do primeiro-ministro de oferecer mudanças após 13 anos de fracasso conservador”, disse.