Trump confronta juiz em audiência de fraude fiscal em NY e sessão é interrompida

Ex-presidente está sendo acusado de inflacionar patrimônio líquido de imóveis para obter condições favoráveis ​​de bancos e seguradoras

Roberto de Lira

O ex-presidente dos EUA Donald Trump 
REUTERS/David 'Dee' Delgado/File Photo
O ex-presidente dos EUA Donald Trump REUTERS/David 'Dee' Delgado/File Photo

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Caótico. Foi assim que descreveram os jornalistas presentes nesta segunda-feira (6) o depoimento que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump está prestando num tribunal de Nova York sobre acusações de fraude fiscal.

As respostas evasivas, irônicas e carregadas de tons políticos feitas pelo ex-presidente levaram o juiz Arthur Engoron, após seguidas advertências, a pedir ao advogado de Trump, Chris Kise, que controlasse seu cliente. A audiência chegou a ser interrompida por 15 minutos para que os ânimos se aclamassem.

“Eu imploro que você o controle, se puder”, disse Engoron ao advogado de Trump. “Se você não puder, eu o farei”, ameaçou o juiz. “Isto não é um comício político. Isto é um tribunal”, chegou a afirmar Engoron a Trump, orientando respostas adequadas às perguntas.

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Trump foi chamado a depor como testemunha num julgamento de fraude civil de US$ 250 milhões, no qual é acusado de inflacionar deliberadamente seu património líquido para obter condições favoráveis ​​de bancos e seguradoras.

Na audiência, Trump foi confrontado com a citação de um artigo da revista Forbes, no qual alegou que “ter um patrimônio líquido alto é bom”  e que “era bom para financiamento”. O procurador do estado, Kevin Wallace, perguntou a Trump se as suas declarações à Forbes eram precisas ou se foram citadas incorretamente. Ele respondeu que tinha pouco respeito pela Forbes, que, segundo ele é “propriedade da China”.

Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Trump, testemunhou no mês passado que o ex-presidente pediu a ele e ao CFO de suas empresas, Allen Weisselberg, que inflacionassem seu patrimônio líquido para estar “no topo da lista da Forbes ”, uma referência à lista de bilionários do veículo. Trump saiu dessa lista na última edição da publicação.

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Em suas respostas, Trump disse que a avaliação de sua propriedade no número 40 em Wall Street está subavaliada, irritando o juiz. ““US$ 550 milhões é um número muito baixo. Basta olhar uma foto do prédio e dizer que vale muito mais dinheiro. Você quer colocar uma foto?”, perguntou.

No auge das discussões do início do depoimento, Trump comentou que “este é um julgamento muito injusto, muito, muito e espero que o público esteja assistindo”. Ele estava repetindo declarações que deu à imprensa ainda na entrada do tribunal, quando acusou os procuradores de perseguição política, que estaria desviando a atenção de temas como os ataques a Israel, à Ucrânia e também sobre a inflação, “que está comendo nosso país vivo”.

“É uma guerra política (o julgamento), como vocês a chamariam. Geralmente é algo que ocorre em países do terceiro mundo e em repúblicas de bananas”.

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A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, no entanto, afirmou que o que importava eram os fatos e os números. “E os números meus amigos, não mentem”, disse.

O site The Hill lembra que o depoimento de Trump ocorre enquanto ele faz campanha pela nomeação republicana para presidente. Ele aproveitou a audiência em seu esforço de arrecadação de fundos, dizendo em um e-mail de campanha que “estou sendo forçado a assumir o banco das testemunhas”, num julgamento “vergonhoso”, e onde “um procurador-geral extremamente anti-Trump está tentando impor a ‘pena de morte corporativa’ a mim e até à minha família.”