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SÃO PAULO – Pouco comentada no mercado, a Renar Maçãs (RNAR3) apresentou aos investidores um bom resultado no primeiro trimestre de 2014, principalmente pelo aumento do preço médio da maçã, e espera que o balanço destes três meses tenha reflexo nas tão penalizadas ações da empresa, que desde sua máxima histórica em 2008 já caíram mais de 90%. Se o desempenho operacional anima, o forte endividamento ainda assusta – no mesmo trimestre “excelente”, as despesas financeiras consumiram quase que todo o faturamento da empresa -, mas a expectativa da Renar é de continuar o processo de diminuição da dívida líquida em até 34% até dezembro.
O resultado destes primeiros meses foi impulsionado principalmente por um aumento substancial de 87% na receita líquida da empresa frente ao mesmo período no ano anterior. Nos três primeiros meses do ano, a receita da Renar atingiu R$ 11,643 milhões, ante R$ 6,219 milhões no mesmo período de 2013. Este aumento teve como grande fator o preço médio da maçã, que no trimestre teve uma alta de 164%, indo de R$ 0,64 para R$ 1,90. Apesar do aumento nos preços, as vendas da empresa não apresentaram grandes perdas. O volume da indústria apresentou queda de 70%, porém foi compensado pelo aumento de 13% no volume in natura e que possui maior representatividade.
“A tendência é de forte recuperação da empresa na Bolsa, pois na visão da administração os papéis estão mal precificados”, disse em entrevista ao InfoMoney o diretor da área de Relações com Investidores da Renar, Henrique Roloff.
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A vendedora de maças já tinha apresentado bons números operacionais em 2013 e a evolução no resultado destes primeiros meses, apesar do endividamento da empresa, animou ainda mais os diretores da Renar. “Historicamente e pelo contexto de baixos preços, o resultado do 1º trimestre é negativo”. Porém, para Roloff, não foi o que aconteceu agora. “Pela primeira vez em 9 anos tivemos um resultado positivo neste período”. Segundo ele, o resultado acima da expectativa deve trazer um impacto para a Renar no final de 2014, já que pelo aumento natural do preço médio da maçã, a empresa costuma apresentar bons números no decorrer do ano.
Ainda mais altas na maçã
O diretor de RI explica que esse aumento dos preços deve continuar nos próximos meses pois será o período de entressafras. “Esperamos que o preço médio da maçã chegue em R$ 3,05”, disse Rollof. Além disso, em uma época que a demanda está maior que a oferta, a Renar estima melhores resultados nos próximos trimestres com estes fatores.
Ainda falando sobre as ações da empresa, Henrique disse que já conversou com a BM&FBovespa sobre a possibilidade da bolsa brasileira excluir as ações com valor abaixo de R$ 1,00, caso da Renar. “Já falamos com a Bovespa para tomarmos alguma atitude corretiva e devemos anunciar mais para frente alguma decisão”. Porém, o diretor de RI espera que essa correção aconteça pelos bons resultados que a Renar vêm apresentando e sem nenhuma intervenção da empresa. “Ainda temos expectativas que aconteça uma precificação com os balanços positivos que já apresentamos e que devem continuar”.
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Passado ainda condena a ação
As ações da Renar sofreram em um passado recente no mercado. Da sua máxima histórica alcançada em maio de 2008 (R$ 2,81) até o último fechamento na Bolsa, as ações já caíram 95,18%. Em 2009, ano de recuperação da bolsa, época em que o Ibovespa terminou o ano com alta de 82,66%, os papéis RNAR3 encerraram com queda de 59,20%. No dia 15 de maio, data da divulgação do resultado, as ações da Renar fecharam a sessão com queda de 13%, sendo cotadas a R$ 0,21. Porém, apesar do forte movimento, elas iniciaram o mesmo pregão a R$ 0,22.
Devido ao baixo valor de mercado e pouca liquidez, a Renar não costuma ser acompanhada por investidores e analistas, tampouco costuma virar manchete na mídia especializada. Por conta disso, este tipo de papel demora até “convencer” o mercado de que está a caminho de uma reviravolta – principalmente tendo como pano de fundo um endividamento tão preocupante.
Dívidas e prejuízos
Apesar do balanço referente ao primeiro trimestre ser classificado como positivo pelo diretor de RI da Renar, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 3,45 milhões no período, alta de 165% frente a R$ 1,3 milhão na mesma época do ano anterior, resultado que foi afetado principalmente por um cobrança tarifária não recorrente e pela venda de pomares naquele trimestre. Por outro lado, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) passou de resultado negativo de R$ 2,97 milhões para positivo em R$ 1,94 milhão, levando a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) para 16,7%, ante resultado negativo de 47,9% um ano antes.
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Apesar do diretor de RI apontar para uma recuperação da Renar e o endividamento da empresa diminuir nos últimos anos, a relação entre a dívida da companhia com a receita líquida ainda é muito grande. No trimestre, a empresa acumulou R$ 3,70 milhões em despesas, valor que representa mais de 1/3 do que a Renar gerou em todo o período. A dívida, que segundo Henrique já chegou a R$ 100 milhões, está hoje em torno de R$ 50 milhões e ratifica o discurso de recuperação de Roloff.
Novo cenário no final do ano?
Dessa maneira a companhia deve atingir seu guidance publicado no inicio do ano ou até superar, acredita Rollof. A Renar projeta terminar 2014 com uma dívida líquida entre R$ 38 milhões e R$ 42 milhões, uma redução de 27% a 34% na comparação com o ano anterior.
Para Rollof, esses bons números devem continuar nos meses seguintes e a empresa se tornará um bom investimento. “Temos uma expecativa de resultados muito boa, assim como uma recuperação no preço das ações de curto e médio prazo. Uma boa opção para os investidores”, disse. Segundo o diretor, a Renar apresenta hoje um cenário diferente do que mostrava no passado.