A reação do mercado à “tempestade” do Bradesco em 1 imagem

O que está ruim pode ficar pior: depois do balanço considerado negativo pelo mercado, a Operação Zelotes fez com que as ações do banco caíssem ainda mais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Bradesco (BBDC3; BBDC4) está tendo uma sessão para esquecer na Bovespa nesta quinta-feira (28). Antes da abertura dos mercados, a expectativa já era de queda para as ações, uma vez que o balanço do banco divulgado durante a manhã deixou a desejar em alguns pontos.

A leitura do BTG Pactual foi de um resultado pior do que o esperado, enquanto o destaque positivo ficou para a margem financeira que apesar da queda do crédito, segue com performance superior. O NPL 90 dias piorou 40 pontos-base, ficando um pouco pior do que o esperado. Eles destacam ainda a nova provisão de devedores duvidosos: “neste ponto, a leitura ruim pra Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,67, -3,77%) aqui porque eles devem ter que fazer mais PDDs de Sete no segundo trimestre, algo que ainda não estava 100% claro. O resultado de seguro também veio pior. A Sinistralidade de saúde piorou bem, o que é uma leitura ruim pra SulAmérica (SULA11, R$ 14,94, -2,67%)”, ressaltaram os analistas do banco.

A XP Investimentos, por sua vez, destacou que o resultado veio em linha com as expectativas, mas com algumas linhas que chamaram a atenção no ponto negativo, como revisão no guidance, além da piora no segmento de seguros com aumento da sinistralidade. Já do lado positivo, o aumento na receita com serviços e a margem financeira. O índice de inadimplência foi outra linha de preocupação: compreendendo o saldo das operações com atrasos superiores a 90 dias, manteve a trajetória de aumento no segundo trimestre decorrente, basicamente: (i) da continuidade da conjuntura econômica desfavorável, com impacto na qualidade da carteira de crédito, principalmente, nas Micro, Pequenas e Médias Empresas; e (ii) pela redução da carteira de crédito, para ambos segmentos das Pessoas Jurídicas. Durante a teleconferência, o diretor de RI do banco, Carlos Firetti, afirmou que a inadimplência deve crescer ao longo do ano e atingir o pico em 2016, mas que ela está sob controle.

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Desta forma, as ações abriram a sessão desta quinta com uma baixa de cerca de 2% que, contudo, acelerou para uma baixa ainda maior, de 4%. Uma notícia caiu como uma “bomba” para os ativos. O Ministério Público Federal do Distrito Federal denunciou executivos do Bradesco na Operação Zelotes: dentre eles, o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco. Poucas horas depois, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou denúncia oferecida contra ele. Na decisão, o magistrado determina que os envolvidos sejam citados para apresentarem defesa às acusações num prazo de vinte dias. “Nesse juízo preliminar, não vislumbro qualquer elemento probatório cabal capaz de informar a acusação, sem prejuízo da análise particularizada com a eventual contraprova”, escreveu ele.

Os executivos do Bradesco são suspeitos de negociar com um grupo que comprava decisões no Carf, espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal. Além de Trabuco, se tornaram réus da ação penal Luiz Carlos Angelotti, diretor de Relação com Investidores do Bradesco; Domingos Figueiredo de Abreu, diretor vice-presidente; e Mário da Silveira Teixeira Júnior, ligado ao Conselho de Administração do banco. Em nota, o Bradesco “reiterou a sua convicção de que nenhuma ilegalidade foi praticada por seus representantes e, em respeito ao rito processual, apresentará oportunamente seus argumentos ao Poder Judiciário.”

Em entrevista coletiva, o MPF reiterou as acusações e ressaltou que não há apenas evidências, e sim documentações, além de afirmar que Trabuco tinha plena ciência do que estava acontecendo. Com isso, as perdas se aceleraram, e o Bradesco chegou a cair 5,32% na mínima do dia.

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Veja o gráfico do Bradesco nesse dia de “tempestade perfeita”:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.