Ações da Vale caem em 7 dos 8 últimos pregões, acumulando perdas de 9,7%

Expectativa de menor crescimento na China e forte alta nos últimos 45 dias pressionaram os papéis da mineradora nos últimos pregões

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A sétima queda da Vale (VALE3, VALE5) nos últimos oito pregões liga o sinal dos investidores em relação a uma das maiores companhias da bolsa brasileira. Embora em meio ao fraco desempenho da bolsa brasileira nesse período, a queda acumulada das ações PNA (-9,71%) e ON (-9,43%), foi mais agressiva que o Ibovespa nesse período, de apenas 6,53%. O que pressiona o papel nesse período?

É importante lembrar que os ativos da mineradora engataram uma boa sequência de valorização desde o começo de agosto. Entre 8 de agosto e 20 de setembro, os papéis VALE5 e VALE3 subiram praticamente 25%, enquanto a alta do Ibovespa no mesmo período ficou em torno de 17%.

Os temores de desacelaração da economia global e a queda no preço das commodities por conta disso, destacam analistas. Como quase tudo em economia, é a oferta e a demanda que determina os preços dos produtos, e a queda da procura resulta em queda nos preços – o que por sua vez se traduz em menores receitas, piores resultados e menores cotações para as ações. 

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Dólar x minério
A situação porém, é amortizada pela alta do dólar frente ao real, que fechou setembro com alta de 18,11%, mas esta não é o suficiente para zerar os efeitos. “Quando o dólar estava caindo, o minério estava subindo. Hoje a gangorra se inverteu, o que em tese deveria compensar, mas o mercado não está olhando assim, há uma crise de confiança”, afirma Ivanor Torres, analista da Geral Investimentos.

Embora tais efeitos sejam compensatórios, o preço não é a única variável alterada. “Uma desaceleração na China pode afetar os volumes de venda da mineradora”, destaca William Alves, analista da XP Investimentos. Os temores sistêmicos, com os temores de que a crise na Europa pressione a economia, também atravancam o desempenho da ação. “Os investidores estão zerando suas posições”, afirma Alves.

Pressões internas
Além dos fatores externos, o novo marco regulatório pode também estar pressionando o desempenho do papel. “Eu diria que é mais um fator, embora não o principal”, afirma Torres. Isso poderia prejudicar o desempenho da companhia se o governo optar por um aumento do que se cobra pelo minério encontrado em território nacional. “Podem aumentar os royalties, há muitas incertezas em relação a esse novo marco regulatório”, lembra Alves.

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Porém, essa notícia não é tão negativa quanto se olha para um período mais longo. “Isso não deverá afetar o papel no longo prazo”, afirma Torres. Embora a pouca participação da iniciativa privada nas discussões desse marco regulatório já tenha sido questionada, o governo garante que gostaria de manter a competitividade da indústria nacional, de forma a não afetar as exportações.

Vale o investimento de longo prazo?
Assim, o investimento nas ações da mineradora continua a ser recomendado, mesmo com o momentum ruim. “É uma ação que tem que estar numa carteira de médio e longo prazo”, destaca Torres. A atual queda dos preços pode até, inclusive, a traz para um bom ponto de entrada. “As ações estão com um valuation interessante”, lembra Alves.

O case de longo prazo da empresa, pouco mudou nesse período, o mundo deverá continuar a crescer e a demanda por matéria-prima deverá continuar a ser absorvida. Além disso, a empresa tem alguns bons drivers de curto prazo e tem governança preocupada com o investidor. “A empresa recentemente anunciou dividendos na casa de US$ 3 bilhões, um sinal de que ela trata bem que investe nela”, finaliza Torres.