Agregador de streaming Roku é caro, mas especialistas veem chance de vingar no Brasil

Vice-presidente da Roku explicou planos da empresa e especialistas acreditam que a companhia está no caminho certo

Giovanna Sutto

(Giovanna Sutto)
(Giovanna Sutto)

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SÃO PAULO – A empresa de software Roku chegou ao Brasil neste mês de janeiro trazendo uma de suas soluções: seu sistema operacional Roku OS, que basicamente é um integrador de streamings. O usuário pode ter acesso a qualquer streaming que assine pela mesma plataforma.

A empresa é bem conhecida nos EUA, mas por outro produto, o seu set-box, concorrente do Google Chromecast e do Apple TV.

E esse foi justamente o questionamento que ficou no ar após o lançamento oficial: por que optar por chegar ao Brasil apenas com o seu sistema operacional integrado a TVs e não com o seu produto de maior sucesso?

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Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Arthur van Rest, Vice-Presidente Internacional da Roku, explicou que o Brasil foi o primeiro país onde a empresa optou por oferecer inicialmente apenas o seu sistema operacional e que está sendo um “teste”.

“Vimos no Brasil um grande potencial e o brasileiro cada vez mais assiste streaming. É um mercado em ascensão. Chegamos a uma situação única, é uma aposta e achamos que alcançaremos mais pessoas chegando pela TV”, afirma van Rest.

Fernanda Vicentini, especialista em Gestão da Comunicação de Mídias Sociais da ESPM, explica que o mercado brasileiro realmente tem potencial. “Estamos começando uma fase de consumo em massa de streaming. Muitas pessoas ainda não consomem e estão começando a olhar esse serviço”, explica.

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Para Thiago Costa, coordenador da pós-graduação em Marketing Digital da FAAP e do curso de extensão em Indústria do Entretenimento e Cultura Geek, a estratégia da empresa é cautelosa e inteligente. “Eles estão testando a temperatura do mercado brasileiro. Querem ver como o público se comporta, menos em relação a compra de televisores, e mais em relação ao consumo de conteúdo”, explica.

Segundo ele, a empresa poderá usar o sistema operacional próprio para medir o que os brasileiros estão assistindo e oferecer produtos assertivos para o país. “É um plano de médio-longo prazo. Não é sobre entrar aqui para vender TVs, mas entender o mercado e se planejar para permanecer de forma mais sólida”.

Hoje, a única marca parceira da empresa é a AOC – assim, apenas em televisores da marca americana é possível encontrar o Roku OS. Em um primeiro momento pode não fazer sentido, já que existem outras fabricantes mais populares no Brasil, como a Samsung e a LG, por exemplo.

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Mas Costa afirma que foi uma saída para a empresa. “Outra grandes marcas não aceitariam essa parceria porque já têm seu sistema e não veem vantagem em estar com uma empresa dessa. Mas para a AOC é vantajoso, só ela oferece a parceria. E para a Roku a oportunidade de mercado fez da fabricante americana a parceira ideal para começar os trabalhos por aqui”, diz.

Fernanda também acrescenta que o brasileiro não tem uma marca de TV favorita. “De fato, a AOC não é a mais popular, mas se você perguntar para algumas pessoas quais as marcas das três últimas TVs dificilmente serão as mesmas. Além disso, uma residência que possui mais de um televisor não necessariamente tem a mesma marca”, diz.

O vice-presidente da Roku, van Rest, explicou que nos EUA a empresa começou com apenas a TPV (dona da AOC) como parceira de seu sistema operacional e hoje tem mais de 10 marcas de TV parceiras do Roku OS. No México, hoje são sete fabricantes parceiras.

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“A ideia é a mesma para o Brasil: expandir para mais marcas também apresentarem o Roku OS. Nossa relação com a TPV é muito boa e trazer isso para um novo mercado é fundamental para as coisas caminharem. Estamos entrando confiantes e vamos dar um passo de cada vez”, diz o executivo.

Para Fernanda, o serviço da Roku é destinado ao consumidor que está acostumado a usar serviço de streaming.

“Se fizemos uma projeção para daqui uns anos muitos outros streamings vão surgir. Em uma suposição futurista, pode ser que cada canal de TV a cabo possua seu canal de streaming. Nesse sentido, a ideia de agregar tudo é bem inteligente. No futuro, serão tantos os interesses e aplicativos que faz sentido estar tudo em um só lugar”, explica Fernanda.

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Ainda sobre o público-alvo, o executivo da Roku acredita que o ciclo de troca de TVs no Brasil é relativamente alto. “As pessoas trocam bastante de televisão e precisamos trabalhar com esse ciclos. Quando as pessoas buscarem novas opções, nós estaremos à disposição. Mas não é de uma hora para outra”, diz.

Para Costa, chegar com o set-box, que é líder nos EUA, não necessariamente faria mais sentido. “Também é um mercado que também tem concorrentes sólidos [como Chromecast e Apple TV] e ainda tem uma questão de regulamentação. Tem muitos desses produtos sendo vendidos no mercado paralelo”, diz.

Van Rest afirma que existe a possibilidade de o set-box chegar ao mercado nacional, mas não há pressa.

Preço ainda precisa ser ajustado

Ambos os especialistas afirmam que o produto ainda é caro. Serão dois modelos de TV: um de 32 polegadas que custará R$ 1.199 e um segundo de 43 polegadas que será vendido por R$ 1.599.

Por enquanto, as televisões podem ser encontradas nas lojas online da Via Varejo: Casas Bahia, PontoFrio e Extra.com. Em fevereiro, chegam às lojas físicas do grupo no país.

De fato, van Rest garante que baixar o preço e aumentar o custo-benefício “é o que a Roku tenta fazer todos os dias”. “Sabemos que precisamos estar cada vez mais competitivos. Vamos tentar oferecer a melhor oferta”, diz.

É importante baixar o preço para aumentar a penetração do produto, segundo Fernanda, e fazer isso aos poucos é um “acerto considerando um mercado brasileiro em transformação”.

Diferenciais

E o que faria o consumidor escolher a Roku? Van Rest explicou que o hardware do Roku OS é mais leve e mais barato, porque é feito diretamente para televisores e não integrado a smartphones, como a muitos dos sistemas existentes.

Segundo ele, a empresa não descarta fazer parcerias com outras plataformas de streaming ainda não presentes no Brasil, mas ainda não há planos concretos. “Precisamos primeiro conquistar nosso espaço no país para depois pensar em ideias como essa”.

O professor da FAAP acredita que parcerias com outras marcas de TV, como o vice-presidente almeja, pode ser mais difícil. “Mais provável que a empresa feche parcerias com mais marketplaces digitais para vender seus produtos”.

E complementa: “Disney e HBO Max chegam em breve no Brasil e seriam candidatas boas para fechar acordos. De repente, nos moldes da telefonia: você assina e ganha um aparelho Roku e com contrato de confidencialidade. Mas considerando que a empresa traga o set-box, por exemplo”.

O executivo acredita que a chegada da empresa no Brasil vai mudar a forma como as pessoas compram televisão e consomem conteúdo. “Hoje não é a prioridade comprar uma TV com tantas opções de streamings, mas em um futuro breve deve vir a ser.  Como aconteceu nos EUA e em outros países, as pessoas vão buscar cada vez mais qualidade e praticidade”, diz.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.