Após queda de 2% das ações, presidente do Bradesco nega possível compra de ativos do BTG

Presidente do banco disse ainda que o sistema financeiro nacional está bem protegido contra efeitos das turbulências atuais

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Bradesco (BBDC4) não foi procurado para comprar ativos do BTG Pactual (BBTG11), que teve seu controlador André Esteves preso na semana passada, e encerrou seu ciclo de aquisições com o HSBC Brasil, disse nesta segunda-feira o presidente do segundo maior banco privado do país, Luiz Carlos Trabuco.

“Não faz sentido olhar ativos agora depois da aquisição do HSBC”, disse Trabuco a jornalistas, as margens de um encontro do Bradesco com analistas da Apimec nesta segunda-feira. “Não temos interesse”, disse mais tarde aos analistas.

Na sessão desta segunda-feira (30), as ações do Bradesco caíram forte, com perdas de 1,76%, a R$ 24,02, para os papéis ordinários, enquanto os preferenciais recuaram 2,00%, para R$ 21,12, pressionadas por uma notícia da Reuters, que afirmou que o BTG Pactual discute a possível venda de alguns ativos como forma de fortalecer sua posição de liquidez, na esteira dos desdobramentos da prisão de André Esteves, principal acionista do grupo, na semana passada.

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Segundo Trabuco, o sistema financeiro do país tem robustez regulatória para amortecer os possíveis desdobramentos da crise do BTG Pactual. O presidente do Bradesco também disse que o grupo já atendeu as exigências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Banco Central sobre a aquisição anunciada em agosto do HSBC no Brasil e que espera uma aprovação final até o primeiro trimestre de 2016.

Em outra frente, o Bradesco selecionou alguns investidores estrangeiros com os quais negocia a venda de parcela majoritária da carteira de seguros de grandes riscos, disse o executivo.

Seguros
Trabuco afirmou que o conglomerado deve definir também até março próximo a sucessão do presidente da Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, que morreu na queda de um avião, mais cedo este mês. Rossi era um dos cotados para suceder Trabuco, que deve deixar a presidência-executiva do Bradesco em março de 2017.

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Trabuco disse ainda esperar um ano operacionalmente desafiador em 2016, dada a expectativa de que o Brasil siga em recessão. “A demanda por crédito deve continuar fraca e o índice de inadimplência do sistema financeiro deve seguir crescendo gradativamente”, disse Trabuco.

Ele descartou, no entanto, a chance de picos de inadimplência semelhantes aos ocorridos após a crise de 2008. “Os bancos fizeram grandes volumes de provisões para perdas com inadimplência e o crescimento mais recente do crédito foi bem mais moderado”, disse o executivo. Mesmo com o cenário adverso da economia, o Bradesco prevê obter rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 18 a 20 por cento em 2016.

Com Reuters

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.