Bancos nos EUA devem se livrar da ajuda do governo, diz WSJ

Instituições que recorrerem ao capital público sofrerão "nacionalização pela porta dos fundos", avalia jornal

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos divulgou na quinta-feira (7) o teste de estresse que avaliou a saúde financeira de 19 bancos norte-americanos e apontou que US$ 74 bilhões são necessários para levantar o capital de dez instituições. As entidades terão seis meses para recorrer ao montante.

O editorial do WSJ (The Wall Street Journal), publicado nesta sexta-feira (8), afirmou que o único fato bom nos testes de estresse é “que eles acabaram. Agora, o mais urgente é livrar o setor financeiro das garantias governamentais, capital público e controle político”.

O diário econômico reconhece que os testes de estresse trouxeram mais tranquilidade aos mercados de ações. O governo norte-americano tomou esta medida para trazer transparência no momento em que ninguém acreditava no setor financeiro, diz o editorial do WSJ.

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Mas e agora, alguém confia nos bancos?

Sim, esta é a resposta. A alta nos ativos das instituições financeiras norte-americanas nos últimos meses mostrou isso. “É o progresso”, afirma o diário econômico.

Contudo, o jornal ressalta que os grandes bancos dos Estados Unidos geralmente fazem o “check in” e dificilmente fazem o “check out” no “Hotel Geithner”, apelido concedido ao TARP (Troubled Asset Relief Program) criado pelo Tesouro norte-americano.

A ironia feita pelo WSJ serve para mostrar as dificuldades impostas pelo Tesouro para que um banco possa abandonar o programa, “mesmo que ele queira”.

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“Certamente, o risco de um banco falir não pode ser descartado no sistema financeiro. No entanto, entidades que possuem capital adequado não deveriam se submeter à política de controle das autoridades reguladoras”, diz o editorial.

Contagem regressiva

As instituições financeiras que necessitam levantar capital terão seis meses para encontrar dinheiro com o setor privado. “Os bancos farão isso desesperadamente. Caso contrário, dependerão da ajuda do Tesouro, que os forçará a aceitar capital público”.

“Com isso, as entidades terão que se submeter a algumas medidas, incluindo a transformação de suas ações preferenciais em papéis ordinários através do TARP”, declara o WSJ.

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Com o governo controlando parte das ações ordinárias e com direito a voto, ocorrerá uma “nacionalização pela porta dos fundos” (tradução literal para “back-door nacionalization”), diz a publicação.

Reação

A maioria dos bancos está registrando lucro novamente. Algumas instituições já tomaram medidas para diminuir a inadimplência e “limpar” seus balanços. Outras já pensam em vender operações para reduzir custos e levantar dinheiro.

“É assim que o sistema financeiro reage sob a pressão de recessão, com ou sem testes de estresse”, acrescenta o WSJ após concluir que a corrida por capital já começou.

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Portanto, …

Foi dada a largada! Se o sistema financeiro não se vir livre das ajudas governamentais, a nacionalização “encoberta” logo começará!