Brandão assume presidência do BB e indica que privatização não está na pauta do governo, que quis gestor no comando

Substituto de Rubem Novaes diz que experiência do cliente será prioridade e vê oportunidades no mercado internacional

Beatriz Cutait

André Brandão (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
André Brandão (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Em entrevista para a agência interna de notícias, André Brandão, que assume a presidência do Banco do Brasil nesta terça-feira (22), defendeu a diversidade no quadro de funcionários do banco, questão que tem sido cada vez mais debatida por grandes empresas, especialmente em cargos de liderança.

“Acredito muito na diversidade. Então, eu acho que isso é importante para a cultura do Banco ou em qualquer lugar que ele venha trabalhar. Quanto mais diversidade, melhor. A gente diz que quando você cria todo mundo igual, homem vindo do mesmo lugar, etc., cria uma uniformidade de pensamento. Quer dizer, quanto mais você tem essa diversidade, melhor é para pensar em negócios e para alavancar muitas coisas”, afirmou à agência, conforme entrevista transcrita à qual o InfoMoney teve acesso.

Em relação a uma eventual privatização do banco, Brandão enfatizou que a decisão deve partir do acionista, mas ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro já falou mais de uma vez que a questão não está em pauta – o presidente inclusive rechaçou a possibilidade em sua última live semanal.

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Segundo o novo presidente do BB, que assumiu o comando no lugar do economista Rubens Novaes, o governo pediu um gestor para o banco, um executivo para conduzir a instituição.

“E é o que eu sou, eu sou um executivo, então, eu estou indo lá para trabalhar junto com vocês, colaboradores aí do Banco do Brasil, para gerirmos esse banco e espero poder agregar com a minha experiência, somada à experiência que vocês têm, para a gente melhorar ainda mais esse banco.”

Em termos de projetos futuros, o novo presidente, conhecido principalmente por sua experiência no HSBC – no qual atuou como presidente do banco no Brasil e head de global banking e markets para as Américas –, destacou que a experiência do BB de atender mais clientes brasileiros no exterior precisa ser avaliada com mais detalhe, já que se coloca como uma oportunidade, dada a “vacância de parceiros estrangeiros” e a facilidade do banco para competir no segmento.

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Assim como extrair maior valor da agenda ambiental que o banco já tem, com maior promoção do trabalho desenvolvido.

Experiência do cliente no foco

Também foi questionado a Brandão quais serão os grandes pilares da sua gestão. Embora tenha dito que está começando a imergir nos detalhes do banco e que a estratégia “está perfeita”, o presidente afirmou que deve eleger como prioridade a experiência do cliente. Eficiência operacional e rentabilidade também foram apontadas como pilares muito importantes.

Dois outros pontos, que ainda serão discutidos internamente, também foram mencionados. O primeiro deles é o foco na execução estratégica. “Sinto que o Banco do Brasil, dada a sua grande escala, acaba querendo fazer tudo, e eu acho que a gente vai ter que, talvez, selecionar algumas áreas e focar mais”, observou.

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O outro aspecto destacado diz respeito à gestão de pessoas.

“Sei que isso está no contexto da diretoria, mas eu acho que na minha administração, o que eu quero trabalhar muito é com as pessoas. O que a gente pode fazer mais? No que eu consigo ajudar os colaboradores? Como é que a gente consegue fazer um trabalho que já é magnífico no Banco do Brasil, que é a parte de treinamento?”

Ainda com relação à experiência de cliente, Brandão avalia que, em tempos de transformação digital dos bancos e com o avanço das fintechs no Brasil, a aposta em atendimento pode gerar uma maior retenção de clientes.

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Home office

Brandão ainda destacou na entrevista que a rede de agências do BB, com sua capilaridade, segue como uma vantagem competitiva do banco, ainda que mudanças possam ocorrer, em meio a discussões mais frequentes sobre o trabalho remoto.

“Tem uma adaptação, mas, evidentemente, tem um trabalho de avaliar localizações, e para isso tem que avaliar a rentabilidade das agências e tudo o mais. Mas a resposta é: a despeito dessa mudança digital, acho que tem espaço para tudo e tem espaço para a agência também.”

Para Brandão, contudo, a eficiência do home office é algo que “veio para ficar”, ainda que não em sua totalidade, mas com possibilidade de proporcionar flexibilidade aos colaboradores.

Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.