De contínuo a CEO: quem é o novo presidente do Bradesco – e o que os investidores esperam dele

Octavio de Lazari Junior não era o nome mais provável para ser escolhido o novo CEO do banco - mas também não levou a tantas surpresas ao mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após quatro meses, o Bradesco (BBDC3;BBDC4) deu fim às muitas especulações e anunciou o nome do novo CEO (Chief Executive Officer) do banco, que assumirá a partir de 12 de março. Trata-se de Octavio de Lazari Junior que, mesmo sendo um dos cotados entre os sete vice-presidentes que estavam na lista para ser o sucessor de Luiz Carlos Trabuco, não era visto como o mais provável para assumir a cadeira.

Contudo, segundo a avaliação de analistas, a nomeação de Lazari não gerou tanto ruído no mercado, uma vez que ele possui as características que já são tradição no banco, principalmente a de ter feito uma carreira muito extensa no Bradesco. Vale destacar que ele será apenas o quinto presidente da história da instituição financeira. 

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Perfil

Liderando a unidade de seguros desde maio, Lazari está no banco desde 1978 e foi a adição mais recente no quadro de altos executivos do Bradesco. Ele iniciou a carreira como contínuo na instituição e chegou à gerente de agência. 

Lazari Junior tem graduação em ciências econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco, em São Paulo, possui especializações em estratégias financeiras e marketing pela FIA (Fundação Instituto de Administração), gestão financeira pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e estratégias em finanças pela Fundação Dom Cabral.
 

Em 1998 passou a atuar na área de crédito, onde chegou a diretor, respondendo pelos segmentos Corporate, Pequenas e Médias Empresas e Varejo. Em 2010 foi promovido ao cargo de diretor departamental, responsável pelo Departamento de Empréstimos e Financiamentos, sendo, em 2012, alçado à Diretoria Executiva e, em 2017, a diretor executivo vice-presidente e diretor-presidente do Grupo Bradesco Seguros.

Lazari foi presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) por dois anos, membro suplente do Conselho de Administração da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), membro titular do Conselho de Administração da Companhia Brasileira de Securitização (Cibrasec), membro do Conselho de Representantes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), diretor setorial de crédito imobiliário e poupança e vice-presidente do Comitê de Governança da Portabilidade de Operações de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), membro do Conselho Consultivo do Fiabci/Brasil – Capítulo Nacional Brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias e diretor suplente da Uniapravi – Unión Interameriana para la Vivienda. 

Mesmo não tendo tanto impacto, a escolha de Lazari dá algumas indicações. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, sua escolha mostra a importância das operações de seguros, que representam cerca de um terço dos ganhos do grupo – e a expectativa é de que ele siga no cargo. Trabuco também foi chefe de operações de seguros antes de se tornar CEO. 

De qualquer forma, tanto o BofA quanto o JPMorgan apontam que a escolha de um candidato interno não é surpresa, dado o sistema meritocrático do banco e a forte cultura e valores, ressaltando que essa deve ser uma transição suave. 

Vale lembrar ainda que o Bradesco também comunicou a indicação dos vice-presidentes Domingos Figueiredo de Abreu, Alexandre da Silva Glüher, Josué Augusto Pancini e Maurício Machado de Minas para compor o seu Conselho de Administração. Também serão promovidos ao cargo de vice-presidente os atuais diretores executivos, Cassiano Ricardo Scarpelli e Eurico Ramos Fabri. 

O Safra, por sua vez, vê a decisão de escolher Lazari como positiva para o banco, já que ele tem uma boa história com o Bradesco, sendo nome que se enquadra na cultura do banco. Para os analistas do banco, a indicação dos vice-presidentes do conselho é positiva, pois deve fortalecer o conselho de administração. “Espera no futuro próximo algumas mudanças nas posições de vice-presidente, já que atualmente o estatuto do Bradesco limita o número de membros do conselho que podem acumular cargos executivos”. apontam. 

Com essa transição no radar, vale destacar o movimento dos papéis nesta segunda-feira. Após abrir em baixa, também seguindo o movimento de maior aversão ao risco do mercado, os papéis do Bradesco passaram a registrar alta ainda durante a manhã, com ganhos de cerca de 1%.

Vale destacar que a ação do banco teve queda expressiva nos dois primeiros pregões de fevereiro após a divulgação do balanço do quarto trimestre e do guidance para 2018, que foi visto como “sem brilho” por muitos analistas de mercado (veja mais clicando aqui) e os levaram a avaliar que a “ação já subiu demais” (até então, a ação tinha subido 20%). Enquanto isso, JP e BofA seguem com recomendações equivalente a compra pelos papéis, com preço-alvo de R$ 42. Assim, pode ser uma missão para Lazari mostrar que o Bradesco pode avançar ainda mais. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.