De mico à Olimpíada: “penny stock” dispara 850% na Bolsa em 1 mês

Não foram só os ganhos: volume financeiro diário movimentado com o papel hoje também impressiona e atinge o maior patamar desde 2010, alcançando R$ 2,5 milhões

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Tecnosolo (TCNO4), empresa de consultoria de engenharia e obras, que passava despercebida na Bovespa, com baíxissima liquidez e por isso tida como “mico”, viu sua situação mudar nas últimas semanas. O papel da empresa passou de R$ 0,07 do fechamento de 16 de junho para R$ 0,69 na cotação máxima desta sexta-feira (18), impressionante valorização de 853%. Somente neste pregão, a alta é de 69,23%, a R$ 0,66, e se considerar as últimas quatro sessões os ganhos são de 326%.

Não foram só os ganhos que chamaram atenção. O volume movimentado com a ação por dia também disparou. Neste pregão, atinge o maior patamar desde 2010, alcançando R$ 2,476 milhões – muito acima do giro médio dos últimos 21 pregões, de R$ 222 mil. Quando olha-se para o volume médio de junho então o atual patamar encontra-se muito acima. No mês passado, o giro diário era de R$ 59,9 mil. 

Por que a empresa disparou na Bolsa?
Em entrevista ao InfoMoney, André Camacho, diretor de relações com investidores da empresa, disse que a empresa conseguiu encerrar o ano passado com uma nova perspectiva. “Saímos do ano passado com a aprovação do plano de recuperação judicial, mostrando que a empresa tinha uma solução viável, e criamos uma subsidiária integral que nasceu sem dívida nenhuma, limpinha. Depois disso, a carteira da empresa, que tinha sido duramente penalizada pela recuperação, voltou a crescer. O mercado acompanhou essa evolução”, explicou.

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A empresa chegou ao fundo do poço em 2012, mas conseguiu dar a volta por cima com a elaboração de um plano ousado na tentativa de retomar seu faturamento. Como parte do plano de recuperação judicial, a empresa criou uma subsidiária integral, a Tecnosolo Serviços de Engenharia, na qual é acionista única, com capital de mais de R$ 90 milhões. “Como a nova empresa nasceu livre de dívidas e com tal valor de capital social, ela ficou habilitada a disputar licitações públicas na ordem de R$ 900 milhões. O que foi um grande avanço para nós”, comentou. Em agosto do ano passado, a empresa conquistou uma nova carteira de serviços da ordem de mais de R$ 220 milhões, com destaque para a construção do Velódromo Olímpico para a Olimpíadas de 2016, um conjunto de obras de recuperação de encostas e canalização na região de Nova Friburgo e obras de contenção para clientes privados entre outros.

Segundo reforçou o diretor da empresa, a Tecnosolo tem hoje um “potencial absurdo de serviços” e um corpo técnico de qualidade para atender a esses projetos. “Hoje podemos disputar grandes serviços públicos com a criação dessa subsidiária. Ou seja, a empresa está num momento importante e pode voltar a ser o que era antes da recuperação. Acreditamos que em um a dois anos conseguimos chegar a esse patamar. A empresa tem força para isso”, comentou.

Fundada em 1957, a Tecnosolo destinou-se, primeiramente, aos estudos dos solos e aplicativos de tecnologias inovadoras na área. A empresa ampliou sua atuação para área de serviços especiais de engenharia nos anos 70 e abriu seu capital na Bolsa do Rio em 1973. Nos anos 80, a Tecnosolo passou a prestar consultoria de engenharia e, dentro do conceito “Engenharia Total”, entrou no ramo da construção, tendo sido responsável por obras como a arena multiuso para os Jogos Panamericanos de 2007 e de vários projetos na área de saneamento.