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SÃO PAULO – A competição por trazer micro, pequenos e médios empreendedores para a internet ficou ainda mais acirrada. A Olist, plataforma que conecta lojistas a marketplaces ou a lojas virtuais próprias, anunciou uma captação adicional de R$ 144 milhões.
A nova injeção faz parte de uma rodada série D, iniciada no final de 2020. O total captado na rodada chegou a R$ 454 milhões (US$ 80 milhões). A Olist já captou US$ 135 milhões em sua história.
O InfoMoney conversou com Tiago Dalvi, fundador da Olist, sobre os planos após a captação adicional de recursos. A Olist espera crescer 2,5 vezes na comparação entre 2020 e 2021.
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O mercado é grande, mas concorrido. O comércio eletrônico cresceu 41% no último ano, chegando a R$ 87,4 bilhões em vendas. Existem diversos players de olho no nicho de digitalização das vendas de pequenas e médias empresas, que representam a grande maioria dos negócios brasileiros. Alguns competidores da Olist são empresas com capital aberto, como Locaweb (LWSA3) e Totvs (TOTS3).
Olist: entrada nos marketplaces
A Olist foi criada pelo empreendedor paranaense Tiago Dalvi. Dalvi começou a empreender ao ajudar seus pais com uma loja de shopping center.
Estudando administração na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi voluntário na Aliança Empreendedora, organização que fomenta novos negócios em comunidades de baixa renda. Dalvi entrou em contato com artesãos que tinham bons produtos, mas não sabiam como vender.
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O empreendedor abriu sua própria loja de shopping com esses produtos artesanais aos 19 anos de idade. Depois, colocou os artesanatos em quase 500 lojas de varejistas para ganhar escala. Dalvi estudou cases americanos, como eBay e Etsy, e transformou seu modelo em um marketplace online.
Chamado Solidarium, o empreendimento chegou a ter 15 mil lojistas e 80 mil produtos. Mas a concorrência de outros marketplaces de maior porte levou Dalvi a mudar o modelo de negócio. A Olist surgiu em 2015, com a ideia de ser a “maior loja de departamentos dentro das lojas de departamento”. No primeiro mês de operação, a Olist superou toda a história da Solidarium.
A Olist atende 25 mil empreendedores em sua vertical de entrada em marketplaces, chamada Olist Store. A startup conecta vendedores a sites como Amazon (AMZO34), Americanas (BTOW3), Carrefour (CRFB3), Casas Bahia (VVAR3), Extra (PCAR3), Submarino, MadeiraMadeira, Mercado Livre (MELI34) e Pontofrio.
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Pela Olist Store, os vendedores gerenciam a listagem dos seus produtos de maneira unificada. Em troca, a startup recebe uma comissão pelas vendas, que inclui as taxas cobradas por cada marketplace. A Olist também cobra taxa de adesão e mensalidades variáveis por plano (Lite, Pro ou Premium).
A startup expandiu para a criação de lojas online no começo de 2020. A Olist Shops permite abrir um e-commerce próprio gratuitamente e em três minutos, com sistemas integrados de estoque, logística e compartilhamento do link da loja nas redes sociais. A frente atende mais de 200 mil clientes em 180 países.
Com a Olist Shops, a startup estava de olho em construir um ecossistema de soluções a partir de mais dores dos lojistas. “O empreendedor não é apenas pouco sofisticado digitalmente. Ele precisa conseguir crédito, gerenciar catálogo, saber precificar e contratar o melhor operador logístico”, exemplifica Dalvi. A Olist atende desde microempreendedores até empresários de médio porte.
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Pandemia, investimentos e concorrência
A pandemia do novo coronavírus trouxe dificuldades para negócios que dependiam da circulação de pessoas para faturar. Segundo Dalvi, a Olist ajudou esses lojistas a acessarem novos canais de venda.
O crescimento da demanda abriu os olhos para uma aceleração ainda maior do ecossistema de e-commerce criado no começo de 2020. A Olist abriu uma rodada série D. O SoftBank novamente liderou a rodada, que trouxe R$ 310 milhões ao negócio.
“Aquele valor fazia total sentido em dezembro do último ano. Mas o primeiro trimestre passou nossas metas, com um crescimento de três vezes sobre o mesmo trimestre de 2020. Olhamos para essa expansão, para o tamanho da concorrência e para mais oportunidades. Decidimos abrir mais um espaço na rodada”, diz Dalvi.
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Havia fila de espera de investidores (oferta oversubscribed). A Olist anunciou nesta quinta-feira (15) a captação de mais R$ 144 milhões para sua série D. A nova injeção foi liderada pelo Goldman Sachs e pelo fundo de venture capital Redpoint eventures (investidor em negócios como Gympass e Rappi).
É a primeira vez que a divisão de asset management do banco investe na startup. Já a Redpoint eventures é investidora desde 2016.
Segundo Dalvi, os recursos serão usados em quatro frentes. A primeira frente é a de fortalecer o ecossistema da Olist – hoje formado por conexão com marketplaces, criação de lojas online, pagamentos e logística.
Já a segunda frente é a de fusões e aquisições (M&A). “É outra forma de fortalecer nosso ecossistema. Temos 20 negócios no pipeline e esperamos fazer de três a cinco aquisições em 2021”, diz Dalvi. Tais compras serão pautadas por três frentes de melhoria: sistemas de gestão (ERPs), serviços financeiros (como antecipação de recebíveis, conciliação financeira e crédito) e digitalização da operação (como logística, pagamentos e precificação). A Olist já adquiriu negócios como o software para e-commerce Clickspace e a empresa de logística PAX.
A terceira frente é a de expansão da equipe. A Olist tem 675 funcionários e espera terminar o ano com 1.000. 60% dos membros estão na área de tecnologia.
A quarta e última frente com os novos recursos é a internacionalização. “Já temos receitas geradas em 180 países por meio da Olist Shops. Vemos crescimento especialmente nos Estados Unidos e no Sudeste Asiático, mas ainda estamos analisando em quais países criaremos equipes localizadas”, diz Dalvi.
A Olist dobra de tamanho ano a ano. A meta é maior em 2021: crescer no mínimo 2,5 vezes sobre 2020. A concorrência é forte: existem outros players no setor de e-commerce construindo seus próprios ecossistemas, como Locaweb e Totvs.
“Temos algumas sobreposições com essas empresas porque todo mundo quer construir o próprio ecossistema, mas temos um posicionamento um pouco diferente. Vejo como diferencial a conexão com o mercado amplo de e-commerce. Os marketplaces são grandes parceiros, por exemplo, porque entendem que digitalizamos o empreendedor pouco sofisticado e dependente do comércio físico.”
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