Decepcionado com queda da eficiência, Itaú prevê melhora neste ano

Banco interpreta dados de receita como favoráveis, mas lamenta aumento dos custos; sinergia total será alcançada apenas em 2012

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – O Itaú Unibanco (ITUB4) reportou na última terça-feira (22) um lucro líquido recorde de R$ 3,89 bilhões no quarto trimestre de 2010. Contudo, este não foi o grande destaque da teleconferência sobre os resultados do ano passado, que se concentrou nas receitas e despesas do banco.

Roberto Egydio Setubal, presidente e CEO (Chief Executive Officer) do Itaú Unibanco, se mostrou satisfeito com os indicadores de receita, porém decepcionado com a performance dos custos e despesas – que ficaram piores do que a meta da instituição.

“Na parte de receitas, fomos bastante bem. Na parte de custos, ficamos devendo, ficou abaixo das nossas expectativas”, resumiu Setubal, acrescentando, entretanto, que a expectativa é de melhora. “Agora com a fusão [do Itaú com o Unibanco] concluída, achamos que podemos melhorar bastante”.

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Metas (não) cumpridas
Para mostrar concretamente do que está falando, Setubal apontou as metas traçadas para 2010 e as cifras de fato atingidas. Em termos de receita e inadimplência, as expectativas foram atingidas e até mesmo ultrapassadas. Do lado dos custos, contudo, o resultado desapontou.

 Eficiência piora, mas otimismo permanece

Com o aumento dos custos, o Índice de Eficiência do banco passou de 47,2% para 48,8% na passagem de 2009 para 2010. Vale lembrar que a eficiência de um banco piora à medida que este indicador aumenta, sinalizando que a parcela das receitas bancárias necessárias para cobrir os custos operacionais está maior.

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De acordo com o presidente do banco, o quarto trimestre de 2010 ainda não capturou todas as sinergias da fusão – algo que ainda deve demorar pelo menos um ano para acontecer. Durante a teleconferência, Setubal detalhou que em 2011 haverá uma parcela significativa de ganhos de escala, sendo que somente em 2012 o Itaú Unibanco terá a sinergia total.

Assim, o banco traça uma meta de reduzir o Índice de Eficiência para 41% até o final de 2013, se mostrando bastante otimista com a possibilidade de efetivamente concretizar esse guidance. Conforme explicado, a ideia é que a projeção seja alcançada através de um mix de aumento das receitas e redução dos custos. Mais detalhes sobre a estratégia, porém, não foram fornecidos. “Vemos oportunidades em várias áreas do banco, mas não tenho ainda um plano de ação para chegar aos 41%”, informou o presidente da companhia.

Projeções para 2011
Para este ano, o guidance é de melhoria de 2,5 pontos percentuais no Índice de Eficiência, ao mesmo tempo em que as despesas não recorrentes de juros e as receitas com prestação de serviços devem crescer nas faixas entre 10% e 13% e 14% e 16%, respectivamente.

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Já a carteira de crédito tem avanço previsto em até 20%. “Este ano terá um perfil de crescimento parecido com o ano passado, talvez um pouco atenuado pelo menor crescimento econômico, fruto das restrições nas políticas fiscal e monetária”, explicou Setubal ao prever que a tendência de avanço no crédito seguirá maior nos segmentos imobiliário e de pequenas empresas.

Um outro ponto que chama a atenção é a expectativa de uma “leve alta” na inadimplência. Segundo o presidente do Itaú Unibanco, não há sinais desse movimento atualmente, porém, com as medidas de restrição adotadas pelo governo influenciando um menor crescimento econômico, é de se esperar uma alta nesse indicador. Nada, contudo, que se aproxime de um subprime brasileiro.

Situação de capital
Por fim, o Itaú Unibanco voltou a afirmar sua saúde financeira, mesmo com a introdução do Basileia III. “Fizemos muitas simulações de capital e olhando cenários razoáveis de crescimento de crédito no Brasil, não estamos vendo a necessidade de levantar capital”, frisou o presidente do banco.

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Setubal ainda informou que não vê nenhuma situação que possa fazer o Itaú elevar capital em dois ou três anos. Contudo, dependendo do nível de crescimento de uso de capital, o banco poderia reduzir o payout de dividendos (a proporção do lucro que é distribuída aos acionistas) como contribuição ao acúmulo de capital para fazer frente ao crescimento do crédito. “Ele passaria de 30% para 28%, por exemplo, mas em valor nominal os dividendos cresceriam”, explicou.