Decisão da CVM pode fazer Petrobras pagar R$ 4,6 bi em dividendos – e ações ON caem bem mais que PN

De acordo com o Itaú BBA, sem a contabilidade de hedge, as ações PN podem passar a ser negociadas com prêmio em relação às ON

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nesta manhã, a CMV (Comissão de Valores Mobiliários) determinou que a Petrobras (PETR3;PETR4)  refaça e reapresente as demonstrações financeiras anuais completas de 2013, 2014 e 2015 e também os balanços trimestrais de 2016, a fim de contemplar estornos de efeitos contábeis decorrentes da prática de contabilidade de hedge. 

A decisão da CVM, porém, está suspensa por ora, uma vez que a autarquia reconheceu a premissa da Petrobras de recorrer da determinação. Em nota ao mercado na noite de terça-feira, a petroleira afirmou que “tomará as medidas necessárias para defesa de seus interesses”.

Porém, se decisão da CVM prevalecer e Petrobras não puder mais usar contabilidade de hedge, a mudança pode dar impulso aos lucros em 2016, levando ao pagamento de dividendos e favorecendo o spread das ações ON e PN da companhia, afirmou o Itaú BBA em relatório. “Em outras palavras, as ações PN podem passar a ser negociadas com prêmio em relação às ON”, disse o banco no relatório. 

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Com isso, as ações PETR3 e PETR4 registram um momento bastante diferente nesta sessão: os papéis PETR3 registravam baixa bem superior de 5,04%, a R$ 15,08, enquanto os ativos PN registravam queda de 2,96%, a R$ 14,73, de acordo com cotação das 14h25  (horário de Brasília).

Desta forma, o Itaú BBA aponta que o potencial de lucro para a Petrobras em todo o ano 2016 sem a contabilidade de hedge pode ser R$ 18,5 bilhões (os analistas esperam um lucro de R$ 3,7 bilhões no quarto trimestre de 2016), levando ao pagamento de R$ 4,6 bilhões em dividendos (levando em conta a regra de pagamento de 25% dos lucros), calcula o Itaú BBA, o que é suficiente para que os detentores das ações PN da companhia recebam R$ 0,89 por ação, ou 6% de dividend yield.

Os analistas do banco seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos PN da estatal, com preço-alvo de R$ 22,50. 

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Em maio de 2013, a Petrobras passou a aplicar um mecanismo conhecido como contabilidade de hedge, a fim de minimizar o impacto de oscilações cambiais em seu resultado financeiro. A CVM abriu investigação para analisar o uso da contabilidade de hedge pela estatal em abril do ano passado. Ainda não há data prevista para a estatal divulgar o seu balanço do quarto trimestre de 2016, assim como as demonstrações financeiras do ano, segundo informou a assessoria de imprensa da estatal.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.