Divergências dificultam recuperação da Rede Energia, dizem fontes

A holding Grupo Rede e as quatro empresas envolvidas com o grupo em recuperação judicial tem dívida estimada em cerca de 4,4 bilhões de reais

Reuters

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SÃO PAULO – A recuperação judicial do Grupo Rede Energia enfrenta divergências entre credores, mas isso não deve ameaçar a conclusão do processo, segundo fontes envolvidas com o tema.

Algumas delas consideram que o fato de haver interessados no controle do grupo ajuda o processo a andar e limitar as perdas dos credores. Por outro lado, credores internacionais estão descontentes com o tratamento nos casos da Celpa e do Grupo Rede Energia, afirmando que uma competição para definir os novos investidores no grupo seria mais favorável.

Equatorial Energia e CPFL Energia estão em processo de compra do Grupo Rede Energia por 1 real, se assumirem as dívidas do grupo do empresário Jorge Queiroz. Copel e Energisa chegaram a manifestar interesse no grupo, mas o processo ocorre com exclusividade para as outras companhias.

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A holding Grupo Rede e as quatro empresas envolvidas com o grupo em recuperação judicial tem dívida estimada em cerca de 4,4 bilhões de reais. O plano de recuperação contempla o investimento de 1,8 bilhão de reais de investidores, e descontos de até 85 por cento no pagamento aos credores.

Investidores internacionais são hoje os maiores opositores ao plano. Uma fonte ligada a esses credores disse que eles temem o envolvimento do governo no tema, oferecendo condições aos credores nacionais para que esses votem a favor do plano.

“O plano veio com duras propostas para os credores…Nós acreditamos que esse processo de recuperação é muito anti-competitivo”, disse a fonte ligada a credores internacionais.

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Os chamados bondholders têm grande peso entre os credores do Grupo Rede, com créditos de cerca de 1 bilhão de reais, segundo uma fonte ligada à empresa, para quem o peso do voto desses credores pode variar, dependendo do consenso entre eles. Para alguns pode fazer sentido que a holding seja assumida por empresas com notas de crédito melhores, como Equatorial e CPFL.

Outro detentor de títulos que estaria se opondo às condições do plano é o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, com créditos a receber de cerca de 712,5 milhões de reais.

Para evitar que a Caixa se oponha ao plano de recuperação judicial do grupo, Equatorial e CPFL Energia já mantêm conversas para que o FI-FGTS converta a dívida em ações, segundo duas fontes com conhecimento das negociações.

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“Acho que esse é o caminho mais provável…alguns aditamentos no plano são aceitáveis”, disse uma das fontes que acompanha as negociações.

Não é possível prever qual seria a participação da Caixa na holding, já que o valor do Grupo Rede, sob recuperação judicial, também mudou. Conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), outro credor do Grupo Rede Energia, também estão em andamento, disse a fonte.

“Acredito que esse processo vai durar até o último minuto, mas vai fechar”, disse a fonte sobre a venda do Grupo para Equatorial e CPFL.

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O FI-FGTS também é acionista indireto no Grupo Rede, com 25 por cento de participação, por meio da Vale Paranapanema, também em recuperação judicial, segundo fonte próxima ao Grupo Rede.

Atualmente, o plano de recuperação do Grupo Rede está sendo questionado pelos credores, e o valor da dívida total do grupo ainda pode mudar. O processo deve ocorrer até julho, segundo os prazos legais.

Segundo Thomas Felsberg, advogado do atual controlador do Grupo Rede, até agora o grupo tem recebido pedidos de informações sobre o plano e não questionamentos que motivem alterações. “Por enquanto, os credores querem saber o que se passa. As vezes, há incompreensões”, disse na semana passada.

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Felsberg acredita que o negócio será concluído dentro do prazo estipulado pela justiça, sem necessidade de alongamento dos prazos. “O pessoal ainda está se inteirando do plano e analisando. Sempre há pessoas descontentes”, disse.

Competitividade
Uma fonte ligada ao outro grupo que manifestou interesse no Grupo Rede, formado por Copel e Energisa, disse que o fechamento de exclusividade de negociação com Equatorial e CPFL aconteceu no dia em que a proposta concorrente seria entregue.

Copel e Energisa tiveram acesso a apenas parte das informações da companhia para preparar a proposta, que incluía a estimativa de um valor necessário a aportar nas empresas e deságio aos credores, entre outros pontos.

Segundo a fonte, o deságio proposto aos credores era menor que o oferecido no atual plano, mas Copel e Energisa só tiveram acesso ao centro de dados do Grupo Rede até início de outubro, e que essa análise poderia ter mudado.

O plano de recuperação do Grupo Rede, preparado pela CPFL e Equatorial, diz que “os investidores foram selecionados no âmbito de processo competitivo conduzido de forma transparente, profissional e aberta”.

Distribuidoras do grupo
Apesar de as distribuidoras do Grupo Rede estarem sob intervenção do governo, e não em processo de recuperação judicial, o sucesso da recuperação da holding tem relação direta com o início das melhorias nessas concessionárias.

O interventor da Cemat, concessionária do Grupo Rede no Mato Grosso, disse que a empresa não recebeu nenhum aporte para manter o plano de obras em andamento.

“Tivemos reunião na sexta-feira com BNDES e Aneel…Dos 150 milhões de reais que pedimos, o BNDES disse que só vai refinanciar 75 milhões de reais”, disse o interventor Jaconias Aguiar.

Segundo ele, esses recursos são referentes às obras ligadas à Copa do Mundo de 2014 e devem ser repassados até maio.

Por enquanto, para manter as atividades da empresa, Aguiar disse que não está fazendo o pagamento referente à energia de Itaipu. “Não vou pagar Itaipu enquanto não tiver o aporte”, disse. A dívida da empresa pelo não pagamento de Itaipu, segundo ele, soma cerca de 140 milhões de reais. A Cemat é uma das oito distribuidoras do Grupo Rede Energia sob intervenção da Aneel, desde agosto de 2012.