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SÃO PAULO – O ambiente tranquilo e a expectativa positiva visto por parte dos diretores da BRF (BRFS3) na manhã desta sexta-feira (12) destoa do cenário tão conturbado visto não só para a economia brasileira como para diversos setores. Em evento realizado com jornalistas, uma das “campeãs” de rentabilidade na Bovespa em 2014 reforçou que 2015 deve ser mais um ano de louros para a gigante do setor de alimentos, e espera garantir isso expandindo seus negócios no Oriente Médio, Ásia e Europa. Mas para tal, ela precisará se habituar às culturas de cada um destes futuros consumidores.
Até esta sexta-feira, as ações da BRF acumulavam ganhos de 21,1% em 2014, superando de longe o Ibovespa, que no mesmo período recua 6,8%. Contudo, nem mesmo a “queridinha” do mercado se salvou da reação negativa dos investidores nas últimas semanas: os papéis BRFS3 fecharam em queda nos últimos 7 pregões, totalizando perdas de 9,8% no período e dessa forma eles se distanciam ainda mais da região dos R$ 69 alcançados no final de novembro – que, aliás, coincide com a máxima histórica da empresa na Bovespa. Atualmente, as ações estão cotadas a R$ 58,65.
Durante evento com jornalistas realizado na manhã desta sexta-feira em São Paulo, o vice-presidente de finanças da BRF, Augusto Ribeiro Jr., reforçou que espera um 2015 que vem seja muito bom para as vendas da companhia, mesmo com o cenário econômico não muito animador, ainda mais depois de um “excelente” segundo semestre em 2014.
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Novos desafios
Quanto ao crescimento no exterior, o executivo comentou que há muito mercado a ser explorado tanto no Oriente Médio quanto na Ásia. No entanto, o novo grande desafio da BRF será a venda de seus produtos para povos que possuem culturas e hábitos muito diferentes.
“O case cultural é um dos maiores desafios da companhia para entender novos costumes e hábitos”, disse Ribeiro. Ele relembra a nova fábrica em Abu Dhabi, que teve investimento na ordem de US$ 160 milhões.
A Europa também é um alvo potencial para 2015, mas para ganhar mercado no Velho Continente a BRF precisa atuar saber explorar as diferenças entre eles e seus clientes orientais. Conforme explica o executivo, enquanto Oriente Médio e Ásia se preocupam com questões como “food security” (que é a disponibilidade de alimento) e “food safety” (capacidade que o armazenamento e manuzeio do alimento podem fazê-lo trazer doenças), as preocupações da Europa ficam em como é tratado o animal que irá para o abate.
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Todos estes mercados juntos nivelam as exigências da companhia: além de ter alimento disponível, eles devem ser bem armazenados e os animais, muito bem tratados, para que a companhia possa atender à demanda de todos seus consumidores.
Comprando dívidas
O executivo ainda declarou que pretende recomprar títulos de dívida da companhia de 2022 ainda no ano que vem, com possibilidade ainda de compra dos títulos de 2024, em uma demonstração de que a empresa está mais segura quanto às suas dívidas e visualiza uma melhora de cenário financeiro para a companhia. A utilização de caixa para essa finalidade não impedirá ainda mais investimentos neste novo ano.
“Os investimentos realizados em 2015 não ficarão abaixo dos realizados neste ano”, disse Ribeiro. Ele não descartar aumentar a alavancagem para financiar novas aquisições, mas reforça que, no momento, o foco está na qualificação dos ativos em seu portfólio.
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Custos menores
Por fim, o executivo ressaltou o cenário atual das commodities, que encontram-se em níveis de preço muito baixo, acompanhando o arrefecimento da economia global. Com isso, o custo de produção oriundo dos grãos, somado ainda à alta do dólar, compensaram as baixas nos preços do frango.