Google revela planos ao Brasil, desde novo centro de engenharia até cabo submarino

Gigante de tecnologia detalhou o destino de seu investimento de US$ 1,2 bilhão na América Latina durante os próximos cinco anos

Mariana Fonseca

Fabio Coelho, CEO do Google Brasil (Divulgação)
Fabio Coelho, CEO do Google Brasil (Divulgação)

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O Google (GOGL34) anunciou no início do mês que vai investir US$ 1,2 bilhão na América Latina durante os próximos cinco anos. Nesta terça-feira (14), a gigante de tecnologia deu mais detalhes sobre qual será exatamente o destino desses recursos no Brasil – país que está entre seus três maiores mercados.

As novidades vão desde um novo centro e novas vagas de engenharia até mais um cabo submarino, passando por bolsas de estudo e pela chegada ao país da assistente virtual Duplex e da carteira digital Google Wallet. Elas foram apresentadas durante o evento Google for Brasil.

“O foco desse investimento para a América Latina está nas áreas que poderão fazer a diferença ao longo dos anos. Teremos recursos para infraestrutura digital, para capacitação de pessoas, para desenvolvimento de habilidades digitais, para empreendedorismo e para fomentar comunidades mais inclusivas e sustentáveis”, afirmou Fabio Coelho, presidente do Google Brasil.

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Novo centro e empregos em engenharia

O Google inaugurou seu primeiro centro brasileiro de engenharia em Belo Horizonte (Minas Gerais) no ano de 2005, com foco principalmente em seus produtos de busca. A gigante de tecnologia anunciou nesta terça-feira que terá um segundo centro de engenharia no país. A sede será no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que desenvolve inovações para empresas públicas e privadas dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP).

Então, o Google terá três pilares brasileiros de engenharia: a sede em Belo Horizonte, a sede em São Paulo, e o trabalho remoto pelo restante do país.

“Temos uma densidade de negócios muito grande no Brasil. Ficou natural e explícita a possibilidade de termos dois escritórios de engenharia por aqui, um em Belo Horizonte e outro em São Paulo. Vimos atratividade da região e viabilidade técnica e econômica para estarmos engajados nesse projeto dentro de uma das maiores universidades do mundo. Temos certeza de que teremos acesso a uma mão-de-obra excelente”, afirmou Coelho.

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As conversas entre Google e IPT começaram em 2019. Na época, o instituto começou a implantar o então novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação dentro de seu campus. “Nosso objetivo com o marco era trazer ainda mais o mercado e intensificar nossas inovações. Temos 15 empresas instaladas hoje. O Google chega com um centro de desenvolvimento de produtos e oportunidades para as duas partes, desde conexão entre profissionais e laboratórios até desenvolvimento de mão-de-obra e de startups”, afirmou Flavia Motta, diretora do IPT. Outras empresas parceiras do IPT são Gerdau, Klabin, Lenovo, Siemens e Vale.

O Google não divulgou de quanto será o investimento no novo centro de engenharia. A previsão é que a obra seja terminada em 2024, fazendo parte do complexo de inovação IPT Open Experience, que tem mais de 120 mil m² de área construída. O espaço terá 7 mil m² e capacidade para 400 funcionários.

Esse novo centro de engenharia abrigará inclusive engenheiros que terão acabado de chegar ao Google. Em janeiro deste ano, a gigante de tecnologia anunciou que contrataria mais 200 profissionais de engenharia até o final de 2023. “Estamos trabalhando para muito mais que isso, o que se vê pelo fato que apenas a capacidade do novo centro de engenharia supera essas contratações. O potencial do país é claríssimo e nosso interesse é investir grandes números”, afirmou Berthier Ribeiro-Neto, diretor de engenharia do Google para a América Latina.

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As contratações que atuarão nesse espaço serão para engenheiros especializados em privacidade e segurança online. “Teremos produtos criados aqui em São Paulo, que depois se tornarão globais. Atuaremos primeiro em áreas como cibersegurança, usando tecnologias como aprendizado de máquina e engenharia reversa. Mas a ideia é que esse centro se torne multidisciplinar com o tempo”, afirmou Eduardo Tejada, diretor sênior de engenharia do Google.

Mais um cabo submarino do Google

O Google também anunciou que vai construir um novo cabo submarino passando pelo território brasileiro. Chamado Firmina, o cabo deve entrar em operação no ano de 2023. O objetivo é melhorar a rapidez do acesso à internet e reduzir a latência para o consumo de produtos do Google.

“Faz parte da nossa estratégia investir em cabos submarinos próprios. O Google é conhecido pelo software, mas iniciativas de hardware também são essenciais pela quantidade de dados que trafegam por nossas plataformas. Esse investimento garante uma rota mais exclusiva e vai melhorar a experiência de busca, de email e de outros serviços do Google no país”, afirmou Marco Bravo, head do Google Cloud Brasil.

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A área de computação em nuvem da gigante de tecnologia investiu R$ 1,6 bilhão em infraestrutura técnica no país ao longo dos últimos cinco anos. O Google já tinha outros três cabos submarinos por aqui: o Júnior, que vai do Rio de Janeiro a São Paulo; o Tannat, de Santos a Maldonado (Uruguai); e o Monet, de Boca Raton (Flórida) a Santos. O valor de investimento do Google Cloud para os próximos cinco anos não foi revelado, inserindo-se no número maior de US$ 1,2 bilhão do Google como um todo para a América Latina.

Bolsas para certificações em tecnologia

A gigante de tecnologia também anunciou que oferecerá 500 mil bolsas de estudo para a formação de jovens brasileiros até 2026. As certificações profissionais serão em áreas como análise de dados, gestão de projetos, UX design e suporte em tecnologia da informação (TI). Os cursos foram criados pelo Google e estão hospedados na plataforma online de aprendizagem Coursera. As quatro certificações totalizam 800 horas de aulas.

Na primeira fase do projeto, 30 mil bolsas serão distribuídas a jovens da rede do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). O CIEE vai selecionar jovens estudantes ou recém-formados do ensino médio e de cursos técnicos, aprendizes e egressos do Programa de Aprendizagem do CIEE, e alunos de cursos superiores. Pessoas negras, LGBTQIA+, mulheres e de baixa renda serão priorizadas.

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O Google também anunciou a doação de R$ 10 milhões ao Instituto Rede Mulher Empreendedora, para que mais de 200 mil mulheres sejam impactadas pelos programas Ela Pode e Potência Feminina, de capacitação e treinamento ao empreendedorismo e ao mercado de trabalho. A gigante de tecnologia apoia a instituição desde 2019.

Por fim, o Google for Startups anunciou um programa que dará ajuda de custo a pessoas negras interessadas em começar uma carreira em desenvolvimento de software. O objetivo é apoiar a formação de 200 desenvolvedores negros de baixa renda nos próximos 12 meses.

O Instituto Vamo que Vamo fará a seleção para que esses alunos estudem por meio da escola de tecnologia Trybe. Além da ajuda de custo, o Google dará treinamento adicional em produtos da empresa e conexão com a rede de mais de 300 startups que passaram pela aceleração do Google for Startups. Atualmente, essa rede conta com mais 500 posições de trabalho abertas em cargos relacionados com tecnologia.

Assistente virtual e carteira digital no Brasil

Por fim, o Google anunciou tecnologias que finalmente chegarão ao mercado brasileiro. A primeira delas é a assistente virtual dotada de inteligência artificial Duplex. Lançada na conferência Google I/O em 2018, a assistente liga para humanos e usa conversação natural para realizar pequenas tarefas. Nos Estados Unidos, a Duplex faz pedidos de pizza e reservas em restaurantes.

Por aqui, a assistente virtual participa de três testes. O primeiro teste é o contato com empresas para a atualização dos seus horários de funcionamento no Google. Mais de 50 mil empreendedores brasileiros já foram contatados aleatoriamente, por meio de 200 ligações diárias da gigante de tecnologia. “O objetivo é chegar a 20 milhões de atualizações do tipo no mundo todo. Queremos que o Brasil tenha uma grande contribuição para esse número”, afirmou Marco Oliveira, head de parcerias do Google Assistente na América Latina.

O segundo teste é para compra de ingressos no cinema. O Google Assistente guia o usuário para a seleção de assento e automatiza alguns pontos da experiência no aplicativo do Ingresso.com, como check-in e check-out. Por fim, o terceiro teste é guiar usuários para descobrirem o seu local de votação para as eleições presidenciais de 2022.

“Estamos garantindo não só uma experiência mais fluida e rápida ao atualizar informações e comprar ingressos, mas também ajudando especialmente aqueles que se sentem menos confiantes ao navegar na web”, completou Oliveira.

A segunda tecnologia que chegará ao Brasil é a carteira digital da empresa. A Google Wallet permitirá que usuários do sistema operacional Android guardem documentos e cartões em um único. O serviço deve ainda substituir o aplicativo de pagamentos Google Play. Segundo Coelho, a Google Wallet deverá chegar ao país “em breve.”

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.