Karoon avalia aquisições no Brasil apesar de receio com taxa de exportação, diz CEO

Segundo Julian Fowles, o interesse da empresa permanece em ativos de petróleo nas bacias de Campos e Santos

Reuters

Julian Fowles, CEO da Karoon Energy (Foto: Divulgação)
Julian Fowles, CEO da Karoon Energy (Foto: Divulgação)

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Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A petroleira australiana Karoon permanece atenta a oportunidades de fusões e aquisições no Brasil, apesar de ter avaliado que o país perdeu competitividade e assustou investidores ao criar repentinamente uma taxa sobre a exportação de petróleo temporária, afirmou à Reuters nesta quinta-feira o CEO global da empresa, Julian Fowles.

O executivo ponderou ainda que o mercado brasileiro tem menos opções de ativos à venda agora, depois que o novo governo tomou posse e decidiu frear os desinvestimentos da Petrobras, mas ressaltou que ainda há negócios a serem avaliados.

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“Há menos ativos no mercado, mas ainda há muitas empresas internacionais… obviamente somos bem conhecidos no Brasil como produtora e as pessoas sabem que nossas aspirações são de crescer”, disse Fowles, em uma entrevista no escritório da empresa no Rio de Janeiro.

“Então, sim, conversamos com outras empresas sobre seus projetos em potencial e onde poderíamos participar… Acho que temos apenas um conjunto diferente de oportunidades de aquisição no momento e quem sabe no futuro a Petrobras volte a mercado.”

O interesse da empresa permanece em ativos de petróleo nas bacias de Campos e Santos, afirmou.

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Além disso, a petroleira também estuda aquisições do lado norte-americano do Golfo do México. “Estamos conversando com muitas empresas lá, para ver se há oportunidades que atendam aos critérios da Karoon, esses critérios são realmente muito simples: gostaríamos de investir na produção adicional de petróleo”, afirmou.

As buscas por crescimento no Brasil ocorrem mesmo diante de preocupações com a taxa sobre exportação de petróleo criada repentinamente pelo governo brasileiro em 1º de março, prevista para durar quatro meses, para compensar uma desoneração parcial sobre combustíveis. Fowles pontuou que movimentos como esse podem afastar investimentos do país.

“Custa-nos dinheiro adicional para pagar um imposto de exportação, que move a atratividade do Brasil de cima para baixo na escala de competitividade global. Como uma empresa internacional, podemos ir a qualquer lugar no mundo para investir. Estabilidade é algo que valorizamos muito”, afirmou.

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“Sempre digo aos meus investidores como o Brasil tem sido estável. E esse imposto é apenas temporário e espero, eu realmente espero que seja apenas temporário, e que não se transforme em um imposto permanente.”

CRESCIMENTO ORGÂNICO

A Karoon está agora também colhendo frutos de investimentos feitos em ativos comprados da Petrobras no Brasil, onde avalia ter ainda mais trabalho a fazer.

A companhia prevê que sua produção nos campos de Baúna e Patola, na Bacia de Santos, se estabilize entre 33 mil e 35 mil barris de petróleo por dia, assim que for retomada, após ter sido paralisada no fim do mês passado devido a um vazamento de gás. Espera-se que os trabalhos de inspeção e manutenção sejam concluídos em meados de abril, permitindo o reinício da produção.

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O volume será atingido após trabalhos de intervenção em poços antigos iniciada em maio de 2022, além de duas novas perfurações em Patola concluídas neste ano, com a conexão do ativo ao navio-plataforma Cidade de Itajaí, que já produzia em Baúna. Os trabalhos permitiram elevar a produção, que era de 12,5 mil barris.

Fora isso, a empresa perfurou recentemente dois poços em outro ativo chamado de Neon, entre fevereiro e março de 2023. Como há presença de óleo, a companhia está verificando a qualidade do reservatório para poder decidir sobre o desenvolvimento do projeto.

(Por Marta Nogueira)