Lemann diz que empresas de tecnologia devem ser as maiores da Bolsa no futuro

O empresário conversou sobre o futuro dos negócios com Henrique Dubugras, que aos 22 anos fundou a Brex, fintech que hoje vale mais de US$ 2 bilhões

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – O mundo mudou com a pandemia e as transformações no mercado corporativo ainda devem ser sentidas por algum tempo. Inovação, tecnologia e empreendedorismo são os pilares do novo ambiente de negócios que está se formando na visão de um dos mais bem-sucedidos empresários brasileiros, Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores do fundo 3G Capital, controlador da Ab InBev, do Burger King e da Heinz.

Lemann, que já se considerou um “dinossauro” no meio das tantas novidades, é um entusiasta dessa sede por novas ideias e diz que o setor de tecnologia deve se configurar como um grande vencedor dessa “nova era digital”.

Em uma conversa com membros e alunos da Fundação Estudar – instituição sem fins lucrativos fundada por ele, que financia estudos de brasileiros no exterior-, o empresário disse que as empresas de tecnologia serão as cinco maiores da bolsa brasileira em um futuro não tão distante.

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“Temos aí o exemplo do Mercado Livre, que se tornou a maior empresa em valor de mercado da América Latina, mas vamos ter várias outras”, disse.

Citando as big techs dos Estados Unidos, como Facebook, Amazon e Alphabet, dona do Google, Lemann acredita que um cenário de criação de produtos e serviços inovadores para o digital deve se repetir no Brasil.

“Nós éramos de uma época que, se você produzia barato e com eficiência, o produto se vendia, mas entramos em uma nova era digital na qual o consumidor tem mais opções e demanda ativamente inovação. Então temos que nos adaptar para entender cada vez mais esse consumidor”, disse Lemann.

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Para o empresário, mesmo que funcionários com garra e vontade de aprender e crescer sejam fundamentais ainda hoje em qualquer companhia, um jovem com habilidade de adaptação e conhecimento tecnológico profundo deve ser o novo “funcionário modelo” do futuro. “O importante é entender que a época mudou e que precisamos nos adaptar”, pontuou Lemann.

Liderança em meio às transformações

No evento da Fundação Estudar, Lemann foi entrevistado por Henrique Dubugras, brasileiro que aos 22 anos fundou a fintech americana Brex, hoje avaliada em mais de US$ 2 bilhões.

O encontro foi pautado, principalmente, pela discussão de como será o mundo no pós-pandemia e como aconteceu a adaptação dos empresários às novas dinâmicas de trabalho à distância.

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“Trabalhei por Zoom quase o tempo todo e acho que isso não diminuiu minha produtividade. Na verdade, acho que até aumentou. Obviamente, em uma empresa mais operacional, fica difícil manter o trabalho remoto, mas em geral o mundo mudou e todo mundo vai trabalhar mais de casa e precisa ser mais objetivo em suas reuniões no futuro”, disse Lemann.

A Brex e o Vale do Silício

Dubugras chegou a estudar na Universidade de Stanford, mas largou os estudos para criar uma empresa no Vale do Silício, em São Francisco, no estado americano da Califórnia – trajetória parecida com a de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. Ele destacou a importância de estar em um ambiente empreendedor, principalmente por causa das conexões.

“O mais importante do Vale do Silício são as pessoas que você tem oportunidade de conviver e conhecer”, explica Dubugras.

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Para ele, outra característica particular do Vale do Silício é a rotatividade de funcionários entre empresas, algo pouco visto em companhias do resto do mundo. Dubugras exemplifica o argumento citando o sistema de anúncios do Facebook, que foi desenvolvido por engenheiros que trabalharam no Google anteriormente.

“O Vale [do Silício] é um lugar especial, mas a empresa precisa crescer para fora de lá. As pessoas trocam muito de empresa no Vale, enquanto no resto do mundo vemos funcionários importantes com anos de casa. Essa rotatividade permite um intercâmbio maior de conhecimento e experiência, o que gera inovação”, explica o jovem empreendedor.

Dubugras ainda toca em uma questão que, segundo ele, não foi intuitiva. Com a adoção do trabalho remoto de forma forçada na pandemia, empresas tentaram adaptar as vivências presenciais e as dinâmicas do escritório para o online. “Quando olhamos para o futuro, as coisas que vão funcionar serão dinâmicas e experiências criadas no digital e para o digital, não adaptações forçadas da realidade física no online”, explica.

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Happy hour no Zoom é meio chato. Em vez de fazer um happy hour digital, nós fizemos um campeonato online de videogame, por exemplo. O segredo é criar coisas genuínas, que sejam essencialmente pensadas para o cenário que vivemos”, conclui Dubugras.

Dubugras ainda compartilha um “sonho grande” da Brex: tornar-se uma empresa pública em poucos anos. “O sonho grande evolui muito com o tempo, e hoje achamos que podemos ser uma das maiores fintechs do mundo. Nós queremos ser uma empresa pública em quatro ou cinco anos, temos esse plano”, acrescenta.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.