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SÃO PAULO – Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, tem uma recomendação aos empreendedores: trabalhar a governança da empresa não deve ser uma preocupação de quem está começando.
“As pessoas vêm me perguntar de governança, falar sobre montar conselho. Eu respondo: ‘bem, ganha dinheiro primeiro, coloca dinheiro na gaveta’. A empresa não tem nem dinheiro para montar um conselho”, disse a empreendedora durante evento com sellers do Magalu na última quarta-feira (25).
Essa posição parece ir contra o que se prega em geral no país, principalmente após os impactos da Lava-Jato em grandes empresas com falhas de compliance, mas o que a empresária, com experiência inequívoca em negócios familiares, aponta é que se comece esse trabalho dentro de casa – literalmente. “O importante é ter acordo com a família [ou os primeiros sócios] desde cedo, desde pequeno”, resume.
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À plateia, majoritariamente composta de pequenos empresários, Luiza relembrou o momento mais difícil do Magalu, quando as vendas empacaram e o valor de mercado chegou a míseros R$ 200 milhões em 2015. “Se a família, que tinha 73% das ações, tivesse pressionado, a gente teria separado”, afirma. “Ainda bem que, para nós, a coisa mais importante é a empresa”.
Depois de quatro anos, com sessenta e três de história, a estratégia digital é um case de grande sucesso, o valuation passa de R$ 50 bilhões, os sócios iniciais permanecem e o Magalu é exemplo no país. “Antigamente empresa familiar não tinha valor nenhum”, diz a empresária. “Hoje, vale mais do que as outras, porque tem sustentabilidade”.
Recado pró-Brasil
Ativista pelo espaço das mulheres no mercado empresarial, Luiza vê cotas de gênero como uma medida paliativa por um bem maior e usou seu espaço no evento também para falar sobre política – mas à sua maneira.
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“Temos que ter só um partido, que se chama Brasil”, disse a empresária, assumindo postura patriótica. “Quem está aqui tem que ser apaixonado pelo país. Quem não gosta vai embora, não tem importância”, disse, sem agressividade.
Na sua visão, o Brasil deveria pedir desculpas por ter sido o penúltimo do mundo a abolir a escravidão. “Quando os escravos foram para a rua, foram sem comida, sem teto e sem estudo, e nós pagamos o preço até hoje”.
Lembrando de um dos slogan do Magalu (“levar ao acesso de muitos o privilégio de poucos”), a empresária convidou os sellers da plataforma, todos pequenos empreendedores, a trabalhar pela diminuição da desigualdade e pelo desenvolvimento do país, gerando emprego e crédito. “Se não for por amor [ao país], que seja por interesse”, disse, direta.
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