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Dinheiro -e não sustentabilidade- ocupa o centro das negociações climáticas da COP27 nesta quarta-feira (9).
Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) publicaram uma lista de projetos para ajudar os países mais pobres a reduzir as emissões e se adaptar aos impactos do aquecimento global no valor total de US$ 120 bilhões, ou cerca de R$ 620 bilhões.
Entre os projetos listados, 19 são na África e o nível de complexidade varia entre o desenvolvimento de um sistema de transferência de água entre Lesoto e Botsuana ao custo de US$ 3 bilhões e um plano para melhorar o sistema público de água nas Ilhas Maurício por US$ 10 milhões.
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O esforço, de enumerar os projetos, foi feito para responder ao argumento dos investidores do setor privado de que é muito arriscado apostar mais em mercados emergentes. “Agora podemos mostrar que existe um fluxo significativo de oportunidades de investimento nas economias que mais precisam de financiamento”, disse Mahmoud Mohieldin, um dos especialistas nomeados pela ONU para ajudar na organização e priorização de projetos
Agora, segundo Mohieldin, será preciso ter uma ‘colaboração criativa’ entre desenvolvedores de projetos e financiamento público, privado e concessionário, para liberar o potencial de investimento e transformar ativos em fluxos.
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Mas outro relatório, divulgado na terça-feira (8) sugeriu que os países em desenvolvimento precisariam de um volume bem maior de investimentos. Segundo o levantamento, seria necessário garantir US$ 1 trilhão em financiamento externo a cada ano até 2030, e depois combinar isso com seus próprios fundos, a fim de cumprir a meta mundial de evitar mudanças climáticas descontroladas.
Obter dinheiro para países de baixa e média renda para que eles possam construir infraestrutura, como usinas de energia renovável necessárias para substituir os combustíveis fósseis, tem sido um foco das negociações climáticas da ONU. O progresso, como se sabe, tem sido lento.
Questão de perdas e danos
Salas de conferências, pavilhões e os chamados “centros de ação”, incluindo sessões de negociações a portas fechadas, juntaram delegados, ativistas, banqueiros e outras partes interessadas no debate sobre a importância de se fechar a atual lacuna financeira em áreas críticas da ação climática. O foco está debater em três pontos específicos: 1) a mitigação; 2) a adaptação; e 3) as perdas e danos.
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O primeiro deles é sobre como ajudar nações que já sofreram com os eventos extremos. O segundo, mobiliza os promotores de projetos e investidores a ter foco na preparação e no investimento de iniciativas sobre resiliência e protejam os mais vulneráveis dos impactos negativos das mudanças climáticas.
Já no terceiro ponto, as promessas e novas iniciativas dos países giram em torno de uma compensação de países desenvolvidos para aqueles em desenvolvimento. Hoje, a Nova Zelândia anunciou um financiamento de US$ 20 milhões para este pilar e seguindo países como Escócia, Noruega, Alemanha, Áustria, Bélgica que já se propuseram a apoiar economias em desenvolvimento a custear danos de desastre causados pelas mudanças climáticas.