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SÃO PAULO – As ações da Mundial protagonizaram um dos casos mais interessantes de especulação acionária nesta década. Uma bolha de três meses que desapareceu em apenas três dias. Os papéis da empresa conhecida por fabricar alicates de unha acumularam uma valorização de 3.229% nas semanas que antecederam o dia 11 de julho de 2011. Em valor, passaram de R$ 0,24 para R$ 7,99. Onze dias depois, valiam apenas R$ 0,94, destruindo 86,59% do patrimônio de quem os comprou no topo. Apenas no terceiro dia de queda abrupta, o recuo chegou a 76,38%.
Toda a história soou estranha para quem tinha vivência no mercado. No auge, a empresa chegou a ter um valor de mercado de oitocentas vezes o seu patrimônio. Além disso, o volume movimentado pelas ações na época superava até o das grandes blue chips da Bolsa, como Petrobras e Vale. As movimentações nos preços não eram pequenas: tornou-se comum ver os papéis da Mundial subirem mais de 30% em um único dia. Movimentos que encantavam alguns investidores – e assustavam outros.
Juliano Carneiro, trade profissional, lembra dos dias negativos da ação. “O movimento era forte, e o pessoal estava despreparado, muita gente me ligou para saber o que estava acontecendo com a empresa”, afirma.
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A movimentação foi emblemática: a ação voltou para um patamar inferior ao do início da bolha, operando abaixo dos R$ 0,20. A volumosa liquidez sumiu, e os papéis hoje mal são negociados. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investigou o caso, e o Ministério Público chegou a denunciar dez pessoas por manipulação de mercado e formação de quadrilha – incluindo o presidente da companhia, Michael Ceitlin. Desde então, a empresa mostrou melhoras operacionais, mas a desconfiança dos investidores condenou suas ações ao ostracismo.