OMC deve atacar barreiras comerciais à transição de baixo carbono, diz diretora-geral

Relatório aponta que a OMC pode ajudar cortando tarifas e outras barreiras para indústrias de baixo carbono

Reuters

Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC (Foto:REUTERS/Denis Balibouse)
Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC (Foto:REUTERS/Denis Balibouse)

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GENEBRA (Reuters) – A OMC deve enfrentar as barreiras comerciais para indústrias de baixo carbono, entre outras medidas destinadas a abordar o papel do comércio global na condução das mudanças climáticas, disse a diretora-geral da instituição, Ngozi Okonjo-Iweala, em um relatório publicado nesta segunda-feira (7).

O Relatório Mundial de Comércio de 2022 da OMC, publicado na cúpula do clima COP27, no Egito, diz que a maneira mais realista de fazer cortes profundos nas emissões de carbono sem reduzir os padrões de vida nos países mais ricos e prejudicar as perspectivas de desenvolvimento nos mais pobres é através do avanço de tecnologias de baixo carbono.

“A OMC tem a oportunidade de usar o momento presente para fortalecer seu papel como fórum de coordenação sobre comércio e mudanças climáticas, para abordar as barreiras da política comercial que impedem a disseminação e o uso de tecnologias de baixo carbono e para apoiar as mudanças estruturais necessárias para descarbonizar a economia global”, disse ela no prefácio do relatório. “Espero que aproveitemos ao máximo esta oportunidade.”

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Um exemplo de como a OMC, de 164 membros, pode ajudar é cortando tarifas e outras barreiras para indústrias de baixo carbono, que tendem a ser mais altas do que para as intensivas em carbono, disse o relatório.

Uma estimativa em simulação da OMC incluída no relatório indica que a eliminação de tais medidas poderia aumentar as exportações globais de bens relacionados à energia sustentável, como painéis solares ou controles inteligentes de aquecimento, em 5% até 2030, o equivalente a 109 bilhões de dólares, e reduzir as emissões. Outra medida seria estabelecer um preço amplamente aceito para o carbono, diz o relatório.

Pela própria admissão do órgão de fiscalização do comércio global, o comércio foi “parte do problema” no passado –gerando emissões de transporte e ajudando a impulsionar um crescimento intensivo em carbono.

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Quase um terço das emissões totais de dióxido de carbono do mundo foram incorporadas às exportações globais de bens e serviços em 2018, de acordo com uma estimativa do fórum de políticas da OCDE.

“Mas, no futuro, com as políticas certas em vigor, o comércio pode ser uma parte importante da solução”, disse o relatório. “A cooperação comercial é fundamental para impulsionar essa transformação global.”

(Por Emma Farge)