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SÃO PAULO – O gestor Jim Chanos, fundador da Kynikos Associates, possui reputação em ver coisas que os outros ignoram, principalmente quando se trata de empresas sobrevalorizadas na bolsa. Em entrevista a Barron’s, Chanos ressaltou a sua visão pessimista sobre a China e destacou a ação dos bancos centrais dos países desenvolvidos, mas manteve o ceticismo com relação a empresas de gás natural e de exploração de recursos naturais.
Com relação à segunda maior economia mundial, Chanos ressalta que, apesar dos maiores investimentos, eles ainda não gerarão retorno econômico. Neste cenário, Chanos afirma que deve se evitar a exposição no setor imobiliário, de aço e de cimento chinês.
Já frente ao cenário para as empresas de commodities, as expectativas são de vulnerabilidade, principalmente para aquelas de carvão térmico nos Estados Unidos. O gestor avalia ainda que se deve evitar alavancagens em empresas do setor de gás natural. Para isso, ele cita que os lucros das companhias do setor parecem ser atraentes no primeiro momento.
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Contudo, devido à natureza dos contratos, os custos não apresentam tamanha diminuição, enquanto a receita não aumenta rapidamente. Mas como é permitido fazer declarações de lucros e perdas, os demonstrativos de lucros não parecem ser tão ruins. Contudo, a declaração de fluxo de caixa é um desastre.
Vale e Petro não são bons investimentos
No setor de commodities, ele destaca que ele será bastante problemático e cheio de campos minados em 2013. De acordo com Chanos, as duas maiores produtoras de commodities brasileiras, a mineradora Vale (VALE3; VALE5) e a petrolífera Petrobras (PETR3; PETR4) são uma boa oportunidade para operações vendidas.
No caso da Vale, a tese de Chanos se baseia nas sinalizações de que a mineradora é apenas uma “grande aposta” de que a bolha de construção durará para sempre na China. Ele ressalta que o modelo de exploração das empresas de mineração tanto no Brasil quanto na Austrália mudaram.
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No passado para desenvolver os seus trabalhos, o governo trabalhava lado a lado com as empresas para construir instalações portuárias, terminais ferroviários, sendo que agora é quase o oposto. As empresas, incluindo a Vale, têm agora que pagar seus investimentos integralmente, enquanto o governo ainda cria impostos extras.
Já no caso da Petrobras, Chanos destaca o fato dela ser uma grande petrolífera que não pode cobrar a preço de mercado, uma vez que subsidia os consumidores brasileiros. Além disso, a companhia incorre em gastos cada vez maiores para encontrar petróleo offshore. Com isso, a empresa vê declínio de sua produção e de sua receita.
” [A Petrobras] não é um bom negócio para os acionistas externos. É, com efeito, um utilitário nacional, onde os investidores externos estão sendo convidados para financiá-lo”, avalia Chanos.