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SÃO PAULO – No último domingo (22), o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que estava considerando um adiamento Olimpíada de Tóquio 2020 e tomaria uma decisão final nas próximas semanas. Horas depois, Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês, admitiu pela primeira vez que a ideia de adiar o evento está sendo considerada pelo país.
O primeiro-ministro, durante uma sessão parlamentar, disse que seria necessário adiar as Olimpíadas de Tóquio se os jogos não pudessem ser realizados de maneira completa por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-2019). No entanto, Abe deixou claro que o cancelamento não é uma opção.
“Se for difícil segurar (os jogos) de maneira completa, uma decisão de adiamento seria inevitável”, disse aos parlamentares.
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No último levantamento disponível, o Japão contabilizava 1719 casos confirmados de covid-2019 e cerca de 43 mortes.
O premiê disse ainda que espera que o COI anuncie uma decisão oficial rapidamente para que o governo possa se planejar e se preparar melhor. No entanto, diversos organizadores do evento relutam em cancelar ou adiar os Jogos, dados os custos extras envolvidos nessa decisão. Oficialmente, o Japão já gastou cerca de US$ 12,6 bilhões com a preparação do país para sediar o evento – e uma auditoria interna estima gasto total, até o final do evento, de US$ 23 bilhões.
O posicionamento do COI se deu por meio de uma carta do presidente do comitê, Thomas Bach, endereçada aos atletas explicando a decisão, embora também reconhecesse que a alteração no cronograma pode não ser uma decisão que agrade todos os competidores e federações.
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“Eu sei que essa situação sem precedentes deixa muitas perguntas em aberto”, escreveu Bach. “Eu também sei que essa abordagem racional pode não estar alinhada com as emoções pelas quais muitos de vocês estão passando.”
Yoshiro Mori, presidente do comitê organizador japonês, disse que conversou com Bach por teleconferência sobre o adiamento do evento. Segundo Mori, uma posição oficial do COI deve sair dentro de quatro semanas.
“Honestamente falando, quatro semanas é um período bastante curto para considerar todos os elementos necessários. Isso requer uma quantidade enorme de tempo e temos que nos apressar para passar por essa situação”, disse em entrevista coletiva nessa segunda-feira (23).
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Jeff Kingston, professor de ciência política e diretor do departamento de Estudos Asiáticos da Universidade Temple, em Tóquio, afirmou que o cancelamento das Olimpíadas é uma preocupação muito menor para boa parte das pessoas sobre os impactos da epidemia no país.
“O público espera e apoia o adiamento”, disse Kingston em um e-mail para a Associated Press. “As pessoas estão muito mais preocupadas com as consequências econômicas, seus empregos, suas famílias e se o número de casos aumenta”.
Uma pesquisa recente realizada pela Kyodo News, uma agência de notícias japonesa, mostrou que 69,9% não acreditam que as Olimpíadas serão realizadas no cronograma inicial. A cerimonia de abertura está marcada para acontecer no dia 24 de julho.
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Comitês nacionais e federações pressionam
Logo após a declaração de Bach e do posicionamento do COI, comitês olímpicos e federações esportivas de diversos países aumentaram a pressão pelo adiamento do evento.
O Comitê Olímpico Canadense disse que não enviaria seus atletas para o evento, a menos que a competição fosse adiada por um ano. A Austrália é outro país que também espera que os Jogos sejam postergados por um ano. Em um comunicado oficial, o Comitê Olímpico Australiano afirmou que estava aconselhando seus atletas a se prepararem para as Olimpíadas de 2021.
No último sábado (21), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) emitiu uma nota oficial em que também defendia o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021 e argumentando que, desde o inicio da pandemia, tem priorizado a saúde e o bem estar dos atletas nacionais.
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“A posição do COB se dá por conta do notório agravamento da pandemia da covid-19, que já infectou 250 mil pessoas em todo o mundo, e pela consequente dificuldade dos atletas de manterem seu melhor nível competitivo pela necessidade de paralisação dos treinos e competições em escala global”, diz o comitê brasileiro em nota.
“Como judoca e ex-técnico da modalidade, aprendi que o sonho de todo atleta é disputar os Jogos Olímpicos em suas melhores condições. Está claro que, neste momento, manter os Jogos para este ano impedirá que este sonho seja realizado em sua plenitude”, declarou Paulo Wanderley, presidente do COB.
Os comitês da Eslovênia e Noruega também tiveram um posicionamento semelhante, dizendo que não gostariam que seus atletas fossem a Tóquio ou participem de competições internacionais até que a crise global com o novo coronavírus esteja sob controle. Nos EUA, as federações nacionais de natação e atletismo pediram às autoridades olímpicas americanas que insistissem na posição de adiamento perante ao COI.
Em videoconferência, o Comitê Olímpico Espanhol avaliou que a melhor decisão para a federação é pedir pelo adiamento do evento, já que teme que os atletas espanhóis participem da competição em situação de desigualdade devido a situação em que o país se encontra com a epidemia.
“As notícias que recebemos todos os dias são desconfortáveis para todos os países do mundo, mas para nós, o mais importante é que nossos atletas não podem treinar e celebrar os Jogos em condições desiguais. Queremos que as Olimpíadas aconteçam, mas com segurança”, declarou Alejandro Blanco, presidente Comitê Olímpico Espanhol.
Depois da Itália, a Espanha é o pais com a situação mais delicada, já que soma mais de 30 mil infectados e cerca de 2 mil mortes.
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