Recuperação judicial da Petrobras pode ser parte da solução, diz guru dos emergentes

"O uso do 'capítulo 11' poderia ser parte da solução. Há os aspectos legais, que podem ser difíceis por conta das garantias que são dadas", afirmou Mark Mobius; segundo ele, a empresa é lucrativa com petróleo a US$ 80

Lara Rizério

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Nota atualizada às 16h34 de quarta-feira (10) para esclarecimento da participação da Franklin Templeton em papéis da Petrobras 

SÃO PAULO – Com uma dívida bastante elevada e enfrentando muitas dificuldades financeiras, a Petrobras (PETR3;PETR4) poderia considerar um pedido de recuperação judicial em seu processo para reestruturar as dívidas e os negócios. É o que afirmou presidente-executivo da Franklin Templeton Emerging Markets, Mark Mobius, que faz a gestão de US$ 30 bilhões em ativos, durante entrevista com jornalistas realizada em São Paulo nesta sexta-feira (5).

“O uso do ‘capítulo 11’ poderia ser parte da solução [para a Petrobras]. Há os aspectos legais, que podem ser difíceis por conta das garantias que são dadas”, afirmou Mobius, conhecido como “guru dos emergentes”. 

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O chamado “chapter 11” é o capítulo da lei que nos EUA representa a recuperação judicial. “Diversas companhias utilizaram o Chapter 11, uma coisa que é até recomendada”, afirmou. Para ele, também é necessário que a companhia realize a venda de ativos. 

Veja mais: Mobius está comprando ativos no Brasil: “no ponto máximo do pessimismo, é hora de comprar”

A Franklin Templeton Emerging Markets Fund zerou a sua exposição em Petrobras há seis meses, decidindo se desfazer da posição após ter ficado claro o impacto do escândalo da Operação Lava Jato sobre a estatal. Trata-se do fundo global de mercados emergentes, disponíveis para os investidores no Brasil; em outros fundos vendidos fora do País, há exposição nos papéis da petroleira. 

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Sobre a Lava Jato, o gestor disse que corrupção é um problema pelo mundo, abrangendo países emergentes e desenvolvidos, mas há boa notícia: “o aumento da transparência”. 

Para Mobius, a Petrobras volta a ser atrativa para os investidores com a recuperação do preço do petróleo e a redução do endividamento da empresa. Outro fator complicador para a companhia é o seu custo de produção, mais alto porque possui exploração em águas de grande profundidade, no pré-sal. Para a Petrobras voltar a ser rentável, o preço do barril de petróleo deveria subir para US$80. 

“O petróleo se recuperará, já há sinais disso, mas enquanto isso a situação das companhias de petróleo é delicada”, afirmou o gestor. Como ponto positivo, está o fato da companhia ser diversificada e que, atualmente, está ganhando no varejo ao vender os combustíveis a um preço mais alto. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.