RX Ventures, da Renner (LREN3), faz seu primeiro investimento em startup

Fundo de Corporate Venture Capital da Renner participa de rodada liderada pela Domo Invest; "Não criamos o fundo por moda", diz executivo

Mariana Amaro

Marie Timoner e Guilherme Reichmann, executivos da área de Novos Negócios e RX Ventures da Lojas Renner e (Foto: Fabiano Panizzi/Divulgação)
Marie Timoner e Guilherme Reichmann, executivos da área de Novos Negócios e RX Ventures da Lojas Renner e (Foto: Fabiano Panizzi/Divulgação)

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Estar na moda é essencial para a Lojas Renner (LREN3), uma das maiores varejistas do Brasil. Mas não foi apenas por vontade de fazer parte do assunto do momento – inovação – que a companhia lançou o seu fundo de Corporate Venture Capital (CVC). Prova disso é que este fundo criado em março e anunciado por Do Zero ao Topo acabou de realizar seu primeiro investimento.

Para selecionar a startup que receberia o primeiro aporte, a companhia seguiu uma uma métrica de mercado: foram avaliadas, pelo menos,100 empresas para que uma fosse escolhida. “Esse trabalho foi feito por uma equipe dedicada. Olhamos a fundo o time empreendedores, porque num momento de investimento inicial, como o seed (investimento semente), nossa aposta é nas pessoas”, diz Marie Timoner, head de Novos Negócios e RX Ventures da Lojas Renner.

A startup escolhida para o primeiro aporte, Logstore, desenvolve soluções inovadoras de tecnologia para o varejo. Fundada em 2017 por Helson Santos e Diego Dias, a Logstore tem clientes como Vivara, Leroy Merlin, Grupo DPSP (Drogaria São Paulo e Drogarias Pacheco) e Grupo Mundial Mix.

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Sua plataforma atende mais de 500 mil pedidos por mês em todo o Brasil e amplia a integração entre o varejo físico e o digital – o chamado phygital – por meio de softwares como serviço (Saas) permitindo que empresas realizem vendas com entrega ou retirada em suas lojas e gerenciem o ciclo de vida dos pedidos.

A escolha do primeiro investimento está em linha com os desafios enfrentados pela própria Renner. “O maior desafio do mundo digital é o mundo analógico: as entregas, as barreiras físicas. São esses problemas que as logtechs buscam resolver”, afirma Guilherme Reichmann, diretor de Estratégia e Novos Negócios da Lojas Renner.

As soluções da Logstore permitem que os atendentes das lojas recebam automaticamente, por meio de um aplicativo, os pedidos gerados pelo e-commerce e localizem os produtos no ponto de venda. Com isso, o tempo de separação e embalagem das mercadorias para envio ou retirada pelos clientes é 78% menor do que nos processos convencionais. “O investimento do RX Ventures nos aproxima de um dos principais varejistas da América Latina, além de abrir portas no mercado de moda, um dos maiores segmentos do e-commerce no mundo, e nos permitirá acelerar a estratégia de expandir a tecnologia da Logstore para o mercado Latam”, diz o CEO e cofundador da startup, Helson Santos.

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O aporte da RX Ventures foi minoritário em uma rodada liderada pela Domo Invest, uma das principais gestoras de VC no Brasil. Fundada há cinco anos, a Domo e seus sócios já acumulam participações em mais de 150 investimentos e fusões e aquisições (M&A) na última década. “Acreditamos profundamente no impacto que soluções, como a da Logstore, trazem para a eficiência e produtividade das empresas. Otimizar a distribuição e garantir que pedidos de qualquer canal de venda se transformem em entrega efetiva para o consumidor final, é chave para a indústria do varejo”, afirma Marcello Gonçalves, sócio fundador e gestor na DOMO Invest.

De acordo com Reichmann, além de investir no potencial de transformação nas operações de varejo, é fundamental, para a RX Ventures, investir em parceria com outros fundos e aprender com as melhores gestoras de venture capital do mercado. “Em pouco mais de quatro meses, já fizemos conexão com mais de 20 potenciais parceiros”, afirma. e complementa: “Nos conectamos com os principais hubs do mercado e é dessas ligações que as oportunidades estão surgindo”.

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Próximos investimentos

O histórico de inovação da Renner vem desde os anos de 1990, quando o executivo José Galló assumiu a empresa, que na época valia cerca de R$ 1 milhão. Hoje, a companhia está avaliada em mais de R$ 23 bilhões.

A Renner olha para o relacionamento com startups desde 2017, quando começou a firmar contratos de fornecimento e parcerias. A partir de 2018, a varejista patrocinou programas do ecossistema de inovação, como as acelerações da Endeavor, e realizou provas de conceito com startups. Em 2021, fez seu primeiro movimento de aquisição de startup, com a Repassa.

O passo seguinte foi a criação do CVC. Lançado em março, o RX Ventures opera como Fundo de Investimentos em Participações (FIP), regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a Renner como única cotista. O modelo de gestão é integrado com a gestora Ahead Ventures.

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O foco do CVC é direcionado a startups no chamado early stage, tanto as seeds (sementes), com produtos em validação, quanto as “série A”, com níveis um pouco mais elevados de maturidade e o período previsto de permanência no negócio é quatro anos, com mais quatro para desinvestimento.

Os segmentos priorizados são varejo de moda (fashiontech e retailtech); e-commerce e marketplaces; conteúdo, marketing e branding (martech); soluções financeiras (fintech); e logística e supply chain (logtech).

Mesmo com a mudança de ventos no setor de venture capital e no cenário macroeconômico, a RX Ventures pretende manter seu compromisso de aportar R$ 155 milhões em participações minoritárias em ao menos 10 startups. “Nossa visão é de longo prazo. Estamos olhando para 2029 e queremos manter a consistência”, diz Reichmann. E completa: “Não criamos o fundo por moda e não vamos deixar de investir, independente do cenário”.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.