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SÃO PAULO – No último dia 17 de junho, a Ternium, subsidiária do grupo ítalo-argentino Techint, completou 10 anos listada em Wall Street, que foi celebrado com uma reunião com investidores e analistas nos EUA. E como não poderia ser diferente, um dos grandes destaques das perguntas dos analistas foi o caso da Usiminas (USIM5), a siderúrgica brasileira controlada por ela e pela japonesa Nippon Steel. As duas empresas brigam desde 2014 por diversos fatos envolvendo a companhia brasileira e entre as mais recentes notícias estaria uma possível divisão dos negócios por aqui.
A Usiminas passa por um momento bastante complicado e a briga societária não tem ajudado em nada a melhorar a situação. Recentemente passou a ser discutida a ideia de uma separação da siderúrgica, que poderia ver sua dívida ser reduzida. Rumores indicavam que a Ternium tinha a exigência de assumir a unidade da empresa na cidade paulista de Cubatão (a antiga Cosipa), mas nunca houve nenhum comentário oficial sobre o assunto.
Em sua reunião com analistas, a Ternium negou querer separar a Usiminas com a Nippon. Segundo a equipe do JPMorgan, liderada por Rodolfo Angele, o foco atual da companhia ítalo-argentina é recuperar a brasileira e a nomeação de Sergio Leite como novo CEO é um passo essencial para que a recuperação “volte aos trilhos”. Segundo a empresa, ele tem a “experiência, conhecimento e determinação para ter sucesso”.
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A companhia ítalo-argentina reforçou que seu foco está na retomada da Usiminas, recuperando a rentabilidade através de corte de custos, buscando voltar a ter um fluxo de caixa positivo. A Ternium ainda reafirmou sua visão positiva com a economia brasileira no médio prazo, observando que o consumo de aço está baixo atualmente. Para eles, o plano de reestruturação da dívida ganha tempo para a nova gestão considerar soluções alternativas.
No último dia 15 de junho, a Usiminas comunicou ao mercado que formalizou a renegociação de dívidas com os bancos brasileiros e a adesão do BNDES à renegociação está em conclusão. O prazo para pagamento das dívidas é de 10 anos e o período de carência é de três anos para o início do principal. Os termos de negociação dependem do aumento de capital de R$ 1 bilhão.
Na última semana, Leonardo Correa e Caio Ribeiro, do BTG Pactual, já havia afirmado que a Usiminas estava “comprando três anos preciosos de tempo” ao conseguir um acordo para renegociar sua dívida. Na ocasião, os analistas fizeram um alerta aos investidores que operam “short” (vendido) no papel: “zerem suas posições”. E a disparada de 22,78% das ações desde então mostra que eles estavam certos.
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Para eles, a percepção que existia até o início da semana passada era de “aflição financeira” que vinha sendo descontada na ação da Usiminas deve ser reconsiderada pelos investidores. “Mesmo reconhecendo que do lado operacional há muitos desafios pela frente e os conflitos entre os acionistas controladores continuem pesando, nós recomendamos que investidores cubram suas posições vendidas”, comentaram.
Segundo analistas presentes no encontro, a Ternium disse não acreditar ser necessário um novo aumento de capital na siderúrgica no curto ou médio prazo e ressaltou diversas vezes que o Brasil é um mercado estratégico para ela. Ambos os controladores estão otimistas com o aumento de capital e a renegociação da dívida e acreditam que estes são passos importantes para “salvar” a Usiminas, destacou a companhia no encontro.
Os analistas estão animados com as medidas que estão sendo tomadas, mas a siderúrgica brasileira ainda é considerada uma “caixinha de surpresas” para os investidores. Nos últimos 7 dias, as ações USIM5 acumulam ganhos de 22,75%, enquanto no ano a alta é de 32,26%. Por outro lado, nos últimos 12 meses, os papéis ainda registram perdas de 55,24%.