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*Correção: o lote padrão de negociação das ações da Tec Toy é de 100.000 ações, e não de 100 ações como normalmente costuma ser na Bovespa. Por isso, caso o grupamento seja aprovado, o valor de face das ações passará a ser R$ 10,00, e não R$ 10.000,00, como informado ontem. As informações sobre lote de negociação das ações não foram informadas pela Tec Toy no Fato Relevante mas podem ser encontradas no site da BM&FBovespa através deste link: http://www.bmfbovespa.com.br/lotes-de-negociacao/LotesNegociacao.aspx?idioma=pt-br
SÃO PAULO – Vendo suas ações valerem 1 centavo na Bolsa há pelo menos 4 meses, a Tec Toy (TOYB3; TOYB4) convocou seus acionistas para uma assembleia no dia 17 de junho para realizar um grupamento colossal de suas ações, na razão de 1 milhão para 1. Ou seja, se a operação for aprovada, as ações sairão de R$ 0,01 e passarão a valer R$ 10,00 cada – isso porque as ações são negociadas com lote padrão de 10.000 papéis; tradicionalmente, esse lote padrão é de 100 ações.
O fator foi definido com base nas expectativas da administração acerca dos efeitos do grupamento sobre a cotação das ações, de modo a, atender às exigências regulatórias e a “interferir o menos possível no número absoluto de ações em que se divide o capital social”, disse a a fabricante de brinquedos em comunicado divulgado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). As “exigências regulatórias” apontadas pela empresa estão associadas à briga da BM&FBovespa para acabar com as “penny stocks”, que são as ações que valem míseros centavos.
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O grupamento pode finalmente “ressuscitar” a companhia na Bolsa, já que o valor mínimo de suas ações impedem que eles tenham uma maior liquidez no mercado. É o caso, por exemplo, dos papéis preferenciais (TOYB4): de abril de 2013 a outubro de 2014 esses papéis oscilaram entre R$ 0,02 e R$ 0,01 e de 3 de outubro pra cá eles não saíram mais da cotação de R$ 0,01. saber: sua máxima história na Bovespa foi alcançada em novembro de 1994, quando ela valia R$ 0,67 (valores já ajustados de proventos). Já as ações ordinárias (TOYB3) não sabem o que é valer mais de um centavo desde 3 de fevereiro deste ano.
Se o grupamento for aprovado, o capital social da Tec Toy diminuirá de 5,287 trilhões de ações para 5,287 milhões, informa a companhia.
A “cilada” dos grupamentos
Em uma resposta à “ameaça” da BM&FBovespa de banir ações que valem menos de R$ 1,00 na Bolsa de Valores, muitas “penny stocks” têm anunciado grupamentos de ações, com o intuito de aumentar o valor de face de cada papel através da diminuição da quantidade de ativos negociados na Bovespa. A operação, em um primeiro momento, é vista como positiva no sentido de trazer maior liquidez para ativos que eram negociados próximos de R$ 0,01. Mas o que temos visto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que aquelas ações que não tinham mais como cair simplesmente… voltassem a cair.
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Para explicar isso melhor é só pensar em como funciona um grupamento. O preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa como endividamento, fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), etc. e enxergá-la como “cara” no patamar pós-grupamento. Com isso, surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos um papel sobrevalorizado.
A consequência direta deste cenário é que os papéis que quase não tinham mais para onde cair quando a ação valia perto de 1 centavo, abriram um espaço enorme para desvalorização. Tivemos exemplos recentes que reforçam esse cenário: a JB Duarte (JBDU4), Metalgráfica Iguaçu (MTIG4) cumpriram a profecia e tiveram fortes quedas depois de agruparem seus papéis nas proporções de 100 para 1 e 50 para 1, respectivamente.