Tupy: de esquecida para “ação de ouro” de 5 analistas em apenas 1 semana

No último mês, a empresa concluiu sua oferta pública primária de ações e entrou no Novo Mercado; de tacada, a companhia aumentou liquidez e se tornou "queridinha" dos analistas

Paula Barra

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SÃO PAULO  – A Tupy (TUPY3), fabricante líder de blocos e cabeçotes de ferro fundido, virou a chave para sair do “anonimato” na Bovespa em novembro. No início do mês passado, a empresa concluiu sua oferta pública primária de 516 milhões de ações ordinárias e entrou no Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa do mercado brasileiro. De tacada, a empresa, cuja ação registrava até metade de outubro volume médio diário de cerca de R$ 400 mil, teve um salto para faixa dos R$ 6 milhões em mês depois. Somente no dia 1° de novembro, atingiu volume de R$ 15,31 milhões – o segundo maior da sua história na bolsa.

A oferta, como o próprio gerante de relações com investidores e planejamento estratégico da empresa, Thiago Struminski, disse em entrevista ao InfoMoney, tinha como objetivos a captação para poder expandir o plano de melhoria operacional da companhia, além de atrair o interesse do mercado para dar liquidez ao papel, que antes estava muito concentrado nas mãos de poucos acionistas e apresentava baixo número de negócios em bolsa. Parece que deu certo. Em apenas uma semana, BB Investimentos, BTG Pactual, Citi Corretora e Itaú BBA iniciaram cobertura das ações – todos com recomendação equivalente a compra. O Brasil Plural, que elevou a recomendação para overweight (desempenho acima da média), e Fator Corretora, que está com sua recomendação em revisão, eram os únicos que já possuíam cobertura do papel.

“A Tupy já tinha todos os fundamentos favoráveis em bolsa, tanto no operacional como a companhia como um todo. Atualmente, é o único player de capital aberto que trabalha com blocos e cabeçotes de ferro fundido. O único problema era sua baixíssima liquidez”, explicou o analista Mário Bernardes Junior, do BB. Por isso, essas operações foram cruciais: tiraram a empresa de uma situação de baixíssima liquidez e capital concentrado, o que a afastava da cobertura de algumas corretoras, para torná-la uma possibilidade nas carteiras de recomendações.

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O que esperar da Tupy?
Com operações no Brasil e México, a Tupy é a maior fabricante mundial de blocos e cabeçotes de ferro fundido (principalmente motores a diesel) – tem aproximadamente 43,9% do market share nas Américas. Fornece atualmente para empresas como Audi, Caterpillar, Chrysler, Ford, entre outras líderes na indústria automobilística. Nos últimos três anos, a companhia teve forte crescimento de suas receitas, que passaram de R$ 1,871 bilhão em 2010 para R$ 2,671 bilhões em 2012. A expansão decorreu principalmente de crescimento orgânico e a aquisição de duas fabricantes de blocos de motores e cabeçotes de ferro fundido no México, em uma operação de quase R$ 1 bilhão. 

Segundo Struminski, a estratégia da empresa agora passa pela continuidade desse processo de consolidação e em alguns projetos de redução de custos no Brasil e México. Com todos esses projetos em jogo e boa perspectiva para a empresa, o analista Bernardes Junior, do BB, aponta que a ação está atualmente “barata”. Do início de novembro para cá, as ações da Tupy subiram mais de 10%, mas no acumulado do ano ainda registrava queda de 15%. As projeções das corretoras e bancos variam entre R$ 24 e R$ 31, bem abaixo da cotação atual, que gira em torno de R$ 20, ou seja, ainda há espaço para o papel andar, reforçou Struminski. 

Analistas veem destacando que a atuação da empresa no mercado norte-americano, que através de suas empresas no México, figura como ponto favorável em razão da recuperação dos Estados Unidos. Há expectativas favoráveis também nos incentivos e gastos no Brasil, com financiamento de baixo custo, os investimentos em infraestrutura e uma receita robusta para o setor agrícola beneficiando a produção de veículos pesados e as montadoras aumentando a capacidade na América Latina, em busca de mão-de-obra mais barata (México) e os incentivos governamentais (Brasil) beneficiando fornecedores locais de autopeças.

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O que os bancos e corretoras dizem da empresa:

Bancos e corretoras Por que recomendam comprar? Preço-alvo Upside**
Brasil Plural Ação oferece boa oportunidade no setor de autopeças, com fontes diversificadas de receitas, limitado risco competitivo e sólida equipe de managment R$ 27,10   +31,55%
BTG Pactual -* -* -*
Banco do Brasil  Perspectivas são positivas, pois é esperado que  os incentivos do governo como PSI (Programa de Sustentação do Investimento) podem beneficiar o segmento de veículos pesados no mercado doméstico, alavancando as vendas, sobretudo R$ 26,00  +26,21%
Citi Corretora  Lucro deve servir de catalisador para a redução da diferença de valorização menor em relação a seus concorrentes na América Latina  R$ 25,00  +21,36% 
 Itaú BBA  É esperado uma produção mais fraca para o setor nos próximos meses, mas notícias negativas no curto prazo não tiram expectativa de alta para ação da empresa, que tem recomendação outperform  R$ 24,00  +16,50%
*O BTG Pactual não disponibilizou o relatório de recomendação de Tupy.
**Upside: potencial de valorização em relação ao fechamento da última segunda-feira (16).