Vale completa 10º mês na liderança das carteiras e Petro sai do pódio

Noticiário mantém a mineradora em foco; estatal é penalizada por capitalização e ultrapassada por Itaú Unibanco e OGX

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Repetindo o resultado dos últimos nove meses, a Vale (VALE5) manteve a liderança nas carteiras recomendadas para o mês de outubro. A surpresa do mês ficou com as ações preferenciais da Petrobras (PETR4), que não ficaram entre os três papéis com mais sugestões de analistas. As ações da petrolífera ficaram apenas em quarto lugar, atrás de Itaú Unibanco (ITUB4) e OGX Petróleo (OGXP3).

As carteiras consideradas este mês, que incluíram bancos e corretoras, foram: Bank of America Merrill Lynch, Planner, Souza Barros, BB Investimentos, Itaú Corretora, Bradesco, Citi Corretora, BTG Pactual, Brascan, XP Investimentos, Omar Camargo (2 carteiras), HSBC, Link Investimentos, Ágora (2 carteiras), Coinvalores, Santander (3 carteiras), Credit Suisse (2 carteiras), PAX Corretora, Geração Futuro, SLW (3 carteiras), Win e Banif.

Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em outubro, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.

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Vale: 10 meses na liderança
Os ativos preferenciais classe A da Vale seguem como preferidos dos analistas para outubro, com 17 recomendações nas 29 carteiras compiladas. Cabe destacar que, em setembro, a mineradora havia conquistado 18 recomendações entre 28 carteiras compiladas.  Um tanto esquecida nas últimas semanas em meio ao processo de capitalização da Petrobras, o noticiário sobre a blue chip neste mês, que inclui desde acordos no exterior à rumores de elevação na oferta pela Paranapanema (PMAM3), segue como principal vetor para as recomendações.

Em 4 de setembro, a Vale anunciou ter assinado acordo com a Export Development Canadá – agência oficial de crédito à exportação do Canadá – para o financiamento de até US$ 1 bilhão, a ser investido em infraestrutura de projetos voltados à exportação e novos negócio no país. De acordo com nota emitida pela mineradora, do montante, US$ 500 milhões estarão disponíveis para operações no Canadá da seguinte maneira: “até US$ 250 milhões serão destinados ao desenvolvimento da refinaria de níquel de Long Harbor na província de Newfoundland and Labrador; e US$ 250 milhões serão dedicados ao financiamento de projetos na província de Ontário”.

Ação   Recomendações  
Vale PNA 17
Itaú Unibanco PN 13
OGX Petróleo ON 10
Petrobras PN 9
Tractebel ON 8
Pão de Açúcar PNA 8
Randon PN 7
PDG Realty ON 7
CSN ON 7
CCR ON 7
Gerdau PN 6
AmBev PN 6

Quanto aos US$ 500 milhões restantes, “estarão disponíveis para o financiamento de compras da Vale no Canadá para o suprimento de nossas operações fora do Canadá”, comunicou a empresa.

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O acordo foi bem recebido pelo mercado e amenizou o qualquer sentimento de cautela dos investidores em relação às operações da companhia no Canadá, depois que uma série de greves de funcionários da mineradora no país afetou o desempenho financeiro da empresa no início do ano.

Também no noticiário da companhia, o Morgan Stanley reiterou na última quarta-feira (6) a Vale como sua top pick na América Latina. Em relatório, os analistas Carlos de Alba e Bruno Montanari, também mantiveram a recomendação overweight (acima da média do mercado) aos ativos da companhia.

As boas perspectivas do banco norte-americano decorrem do cenário mais favorável ao preço do minério, que deve impactar positivamente o crescimento da companhia neste e no próximo ano. “Nosso time de análise das commodities vê que o dólar mais fraco e o crescimento global guiado pelas economias emergentes são drivers positivos aos preços das commodities ao longo dos próximos trimestres”, destacaram os analistas.

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A mineradora também animou ao revelar, no final de setembro, suas projeções de que o crescimento da demanda por minério de ferro deva voltar a crescer no final deste ano, depois de medidas impostas pelo governo chinês para conter a indústria siderúrgica.

Além disso, após recusa da oferta de aquisição feita pela Vale por conta da baixa adesão no leilão promovido na bolsa, o mercado especula que a oferta pode ser elevada. Na ocasião, a Vale chegou a ofertar um valor de R$ 6,75 por ação – acima dos R$ 6,30 iniciais. No entanto, o total de acionistas da Paranapanema que aderiu à oferta foi de apenas 38,28%, abaixo dos 50% mais um necessários.

Mas essa não foi a única novidade da mineradora no período. A empresa anunciou um programa de recompra de ações em até US$ 2 bilhões, além de comunicar a possibilidade de distribuição extra de dividendos para o ano que vem. As notícias foram bem avaliadas por analistas, os quais acreditam que a Vale dá sinais de que o bom momento da empresa será repartido com os acionistas.

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Itaú Unibanco assume a vice liderança
Beneficiando-se do cenário mais favorável ao crescimento econômico brasileiro, o Itaú Unibanco foi citado em 13 das 29 carteiras compiladas em outubro. O setor financeiro em geral tem embarcado de carona nas maiores projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) nacional em 2010, uma vez que este é um setor-chave para a economia do País. Nesta semana, o FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou sua estimativa de crescimento econômico brasileiro de 7,1% para 7,5% em 2010.

Em meio a este cenário, os analistas do Citi elevaram os preços-alvo e mantiveram a recomendação de compra para os grandes bancos brasileiros, após revisarem as projeções de ganhos para incorporar dados sobre o setor e resultados do segundo trimestre do ano.

“Nós continuamos a ver um upside significativo nos quatro bancos brasileiros de alta capitalização que nós cobrimos, particularmente Itaú Unibanco e Santander. Itaú Unibanco é a nossa top pick na região”, escreveram os analistas Daniel Abut e Ricky Sperber em relatório. Para o Itaú Unibanco, o target do Citi passou de R$ 55,50 para R$ 62,25 em 2011.

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Em seu portfólio mensal, a Spinelli seguiu otimista com o setor financeiro, de olho em boas perspectivas para o crescimento do crédito no País, bem como para uma melhora da inadimplência no setor. Além disso, a corretora avalia que aperformance das ações do Itaú Unibanco abaixo de seus pares em 2010 deverá, gradativamente, ser reduzida.

OGX e Petrobras
Com 10 e nove recomendações cada, a OGX e a Petrobras ficaram em terceiro e quarto lugar nas carteiras recomendadas para o mês. A primeira se destacou no noticiário das últimas semanas, com diversas descobertas de indícios de petróleo nas bacias de Santos e Campos e rumores de uma possível oferta de US$ 7 bilhões de empresas chinesas por blocos da OGX.

Além disso, também contribuiu com as recomendações o possível farm-out a ser realizado pela OGX – ou seja, o processo de aquisição parcial ou total dos direitos de concessão detidos por outra empresa.

Já a estatal atraiu atenções constantes nas últimas semanas com a realização de sua tão esperada e complicada capitalização, que se tornou a maior oferta de ações da história. O fim do processo, contudo, não deu alívio para as ações. Depois de serem bastante pressionados no período de subscrição, os papéis da Petrobras seguem em franca queda na bolsa paulista nos últimos dias. 

As revisões de projeções têm tido grande papel nessa baixa. Com a conclusão da capitalização, o período de silêncio no dos analistas chegou ao fim, permitindo a divulgação dos relatórios sobre a empresa. E o que tem sido visto é uma unanimidade de calls negativos. Entre a estreia das novas ações ofertadas e a última quarta-feira (6), seis casas de research já haviam revisado o preço-alvo esperado para suas ações e/ou seus ADSs (American Depositary Shares). Dessas, duas delas rebaixaram a recomendação dada aos papéis: a Itaú Corretora e o Barclays Capital.

“Acreditamos que a Petrobras segue com bons fundamentos, porém não possui eventos significativos de curto prazo para alterar o viés negativo do mercado sobre a companhia”, afirmou em relatório a Fator, que rebaixou o preço-alvo para os papéis.