5 CDBs mais rentáveis de vários prazos com taxas de até 120% do CDI que se destacaram na última quinzena

Pesquisa da Quantum Finance mostrou que taxa máxima real oferecida era de 6,46%, enquanto títulos prefixados ofereciam até 14,19%

Bruna Furlani

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As declarações recentes de dirigentes do Banco Central que reforçaram que o ciclo de alta da Selic – a taxa básica de juros – estaria próximo do fim seguiram pesando no mercado de juros nas últimas duas semanas.

Em reuniões privadas com investidores estrangeiros na última quinta-feira (21), por exemplo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, repetiu que a previsão para a reunião dos dias 3 e 4 de maio é de um ajuste de 1 ponto percentual, o que deve elevar a Selic para 12,75% ao ano. Apesar disso, Campos Neto deixou mais uma vez a porta aberta para mudanças, caso seja necessário.

Na mesma linha, Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Econômicos e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, afirmou que a inflação de março – que surpreendeu pra cima o mercado – deve ser compensada por taxas menores nos próximos meses. A fala da dirigente foi vista como mais dovish (menos inclinada ao aperto monetário) por agentes financeiros.

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Com a aproximação do ciclo de elevação da Selic no radar, o retorno máximo bruto oferecido por CDBs ficou em 120% do CDI entre os dias 7 e 22 de abril. O valor é exatamente igual ao percentual máximo bruto que era entregue por CDBs com a remuneração atrelada ao CDI – taxa de referência da renda fixa – no fim de março. Os dados fazem parte de levantamento feito pela empresa de soluções para o mercado financeiro Quantum Finance a pedido do InfoMoney.

Segundo a pesquisa, o papel em questão possuía vencimento em 24 meses e era emitido pela Estrela Mineira Financeira. Já para prazos mais longos, a partir de 36 meses, o maior juro bruto era oferecido por um CDB do Banco Mercantil Brasil. Na ocasião, a taxa entregue era de 116%.

Chama a atenção também que CDBs com liquidez em 3 meses ofereciam juros máximos de até 105,75% do CDI, como é o caso do produto emitido pelo Banco BTG Pactual.

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Retornos de CDBs indexados ao CDI (de 07/04 a 22/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 DI 97,00% 102,36% 105,75%                               51 BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 100,97% 106,00%                               33 BANCO BMG
12 DI 90,00% 101,18% 115,00%                               48 BANCO MERCANTIL BRASIL
24 DI 93,00% 100,39% 120,00%                               22 ESTRELA MINEIRA FINANCEIRA
36+ DI 96,00% 103,71% 116,00%                               21 BANCO MERCANTIL BRASIL
*Retornos são brutos, ou seja, não houve ainda o desconto do Imposto de Renda. Fonte: Quantum Finance.

CDBs atrelados à inflação

Com relação aos produtos que têm a remuneração indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o retorno real máximo pago nas semanas do levantamento foi de 6,46%. Na ocasião, esse juro era oferecido por um CDB emitido pelo Banco BMG, com vencimento em 24 meses. A rentabilidade considerada no estudo da Quantum não levou em conta o percentual de desconto do Imposto de Renda (IR).

Apenas a título de comparação, no fim de março, o juro real máximo que era oferecido por CDBs do tipo chegava a 6,10% para o mesmo prazo, segundo dados da Quantum Finance.

Retornos de CDBs indexados à inflação (de 07/04 a 22/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12  IPCA  IPCA+4,74%  IPCA+5,42%  IPCA+6,30%                               74 BANCO PAN
24 IPCA  IPCA+5,15%  IPCA+5,69%  IPCA+6,46%                               49 BANCO BMG
36+ IPCA  IPCA+5,00%  IPCA+5,36%  IPCA+5,83%                               20 BANCO BTG PACTUAL
*Retornos são brutos, ou seja, não houve o desconto do Imposto de Renda. Fonte: Quantum Finance.

CDBs prefixados

Entre os CDBs que possuem a remuneração prefixada, ou seja, que é conhecida no momento da compra do título, a taxa bruta máxima oferecida era de 14,19%, em um produto do Banco Master, com vencimento em 24 meses.

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Tal percentual não sofreu grande alteração em relação ao que era visto no fim de março, quando o juro bruto máximo chegou a 14,20% em um título emitido pelo Banco Master. A única diferença estava no prazo: a partir de 36 meses. Ou seja: a instituição passou a oferecer um CDB com vencimento menor a uma taxa que era vista apenas para prazos maiores.

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Por outro lado, no caso de papéis com vencimento mais curto, entre três e seis meses, a taxa bruta máxima alcançou até 13,66% no período de análise do levantamento. Trata-se de um percentual superior aos 13,14% registrados no fim de março deste ano.

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Retornos de CDBs prefixados (de 07/04 a 22/04)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 12,59% 12,82% 13,02%                               42 BANCO BTG PACTUAL
6 PREFIXADO 13,08% 13,29% 13,66%                               26 BRK FINANCEIRA
12 PREFIXADO 12,85% 13,25% 13,80%                               38 BANCO PAN
24 PREFIXADO 12,45% 13,42% 14,19%                               12 BANCO MASTER
36+ PREFIXADO 11,55% 12,00% 12,26%                               12 BANCO BTG PACTUAL
*Retornos são brutos, ou seja, não houve o desconto do Imposto de Renda. Fonte: Quantum Finance.

Rentabilidade de até 220% do CDI

Embora o levantamento não tenha sido capaz de monitorar ofertas exclusivas feitas por algumas corretoras com foco em atrair clientes, ao analisar as plataformas de diversas corretoras, o InfoMoney encontrou também opções de CDBs com vencimento em 3 meses que ofereciam até 220% do CDI.

A primeira era uma oferta da Genial, que oferecia um CDB do próprio banco, com rendimento de 220% do CDI, e liquidez diária. Para adquirir o produto, no entanto, era preciso respeitar algumas condições: ser cliente novo; realizar aporte mínimo de R$ 10 e máximo de R$ 10 mil; e realizar apenas uma única aplicação no CDB. A oferta não possui data para expirar, de acordo com a Genial.

Já a segunda era da XP Investimentos. Nesse caso, segundo a corretora, o retorno bruto chegava a 200% do CDI e o investidor precisava alocar, no mínimo, R$ 5 mil. O emissor em questão era o Banco XP. A oferta, no entanto, só era válida para clientes que não tinham feito nenhum investimento na plataforma da XP até 31 de março, ou para novos clientes. A promoção segue até 3 de maio.

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De olho nos juros

Embora as taxas oferecidas por alguns desses papéis não tenham sofrido tanta alteração na passagem de março para abril, a semana será cheia de indicadores domésticos e internacionais que podem impactar o mercado local de juros e consequentemente, alterar os retornos de títulos públicos ou privados, como é o caso dos CDBs.

Dentro da cena local, destaque para a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que é a prévia da inflação oficial na quarta-feira (27).

A expectativa do Safra, por exemplo, é que o IPCA-15 acelere para 1,62%, vindo de 0,95% em março. Já o Itaú espera uma alta de 1,86% na comparação mensal, enquanto o Bradesco projeta um avanço de 1,84%, ainda sugerindo uma inflação corrente em níveis elevados.

Mais uma vez, a leitura deve ser pressionada pelos preços administrados, refletindo principalmente o reajuste da Petrobras (PETR3;PETR4) anunciado em meados de março.

Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a inflação deve seguir elevada, mas pode ter um leve respiro, especialmente em alguns componentes do grupo habitação.

A economista-chefe explica que o motivo está na mudança da bandeira tarifária, de escassez hídrica para verde, que deve impactar justamente o grupo.

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Apesar de ser um indicador importante, ela faz uma ponderação: o mercado tem consciência de que esse indicador talvez não reflita a realidade porque houve essa alteração recente na conta de luz.

Outro ponto que deve impactar é a apresentação do índice de gastos pessoais do consumidor (PCE, na sigla em inglês). Carla observa que os indicadores recentes têm mostrado pressão inflacionária nos Estados Unidos tanto no lado do produtor quanto do consumidor.

“O PCE acaba ganhando muita importância porque ele antecede o comunicado do Fomc [reunião do Comitê do Mercado Aberto] e em breve, os membros do Fomc entram em período de silêncio”, argumenta Carla.

Diante do que os indicadores podem mostrar, a economista-chefe diz que os dados do IPCA-15 podem trazer um viés de baixa para os juros, se não houver nenhuma grande surpresa, enquanto os números do PCE podem fazer com que o mercado precifique juros maiores.